Coreia do Sul aprova impeachment de presidente golpista

Yoon Suk-yeol, agora ex-presidente da Coreia do Sul. Foto: reprodução

Neste sábado (14), o Parlamento da Coreia do Sul aprovou o impeachment do presidente golpista Yoon Suk Yeol, marcando um novo capítulo na crise política que envolve o país. Com 204 votos a favor, 85 contra e três abstenções, o pedido de destituição foi aceito, atingindo o mínimo de 200 votos necessários. O impeachment ocorre após uma série de eventos controversos, incluindo a decretação e revogação de uma lei marcial em menos de seis horas, gerando protestos e críticas generalizadas.

A decisão do Parlamento foi motivada pela insatisfação com a lei marcial decretada por Yoon no início de dezembro, medida que permitiu o fechamento do Parlamento e a restrição de direitos civis sob justificativa de “proteger a Coreia do Sul de forças pró-Coreia do Norte”. O ato foi amplamente criticado e resultou em manifestações em massa nas ruas.

Apesar de a Assembleia ter sido fechada pelo Exército, os deputados conseguiram se reunir em uma sessão emergencial para anular a medida. Yoon revogou a lei pouco depois, mas o dano político estava feito, exacerbando sua já baixa popularidade, que caiu para 11%.

O impeachment teve apoio fundamental do Partido Democrático, que controla mais de 170 das 300 cadeiras do Parlamento, conquistadas em uma vitória expressiva nas eleições parlamentares de abril.

O líder da oposição, Lee, pediu apoio de deputados do partido governista, o Partido do Poder Popular (PPP), enfatizando a importância de proteger a “liberdade do povo”. Na primeira tentativa de impeachment, a ausência dos governistas permitiu que Yoon permanecesse no cargo, mas a pressão política e popular garantiu sucesso na segunda votação.

Com o impeachment aprovado, Yoon Suk Yeol deixa o cargo imediatamente, e o primeiro-ministro Han Duck Soo assume interinamente.

Agora, o Tribunal Constitucional sul-coreano, composto atualmente por seis juízes, três a menos do que o necessário para casos deste tipo, terá até seis meses para decidir se confirma ou rejeita o impeachment. Se confirmado, uma nova eleição presidencial deve ocorrer em até 60 dias.

Yoon foi eleito em 2022 com uma margem inferior a 1%, impulsionado por sua atuação como promotor em casos de corrupção de alto perfil. Prometeu reformas econômicas, redução do custo de vida e combate à desigualdade, mas enfrentou crises constantes, acusações de corrupção e conflitos com a oposição. A gestão foi marcada por polarização, com críticas internas e externas sobre a condução política e a relação conflituosa com o Legislativo.

Yoon Suk Yeol, presidente que sofreu impeachment na Coreia do Sul. Foto: Chung Sung-Jun/Pool via REUTERS

Quem é Yoon Suk-yeol?

Eleito em 2022 por uma margem histórica estreita, Yoon é conhecido por seu passado como promotor rigoroso em casos de corrupção. Ele foi responsável por investigar escândalos envolvendo líderes políticos de todos os espectros, incluindo a ex-presidente Park Geun-hye e membros do governo de seu antecessor, Moon Jae-in.

No Brasil, por exemplo, ele é comparada ao ex-juiz Sérgio Moro, que atuou no enfrentamento, ou perseguição, a políticos por meio da Operação Lava-Jato.

Desde que assumiu a presidência, Yoon tem enfrentado uma oposição hostil e críticas crescentes. Sua popularidade caiu para 19% nas últimas pesquisas, segundo o instituto Gallup Korea, enquanto escândalos envolvendo sua esposa e aliados alimentam as tensões.

Yoon também é criticado por seu estilo de governo centralizador e por sua postura mais agressiva em relação à Coreia do Norte. Recentemente, ele afirmou que ataques preventivos podem ser necessários para conter as ameaças de mísseis hipersônicos do regime de Kim Jong-un.

O impasse político ocorre em um momento delicado para a Coreia do Sul, cuja economia enfrenta desafios significativos. A Bolsa de Seul sofreu quedas expressivas, e a moeda local, o won, perdeu valor diante do dólar.

Internacionalmente, a situação é monitorada de perto pelos Estados Unidos, aliados estratégicos de Seul. A Casa Branca expressou preocupação e reafirmou seu compromisso com a estabilidade da península coreana.

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