Associação e síndico falam sobre importância do cuidado com helipontos

O acidente que vitimou a jovem Caroline Oliveira, de 22 anos, que caiu do heliponto do Edifício Império do Sol, no último domingo (8) (relembre aqui) foi notícia nacional e acendeu um alerta sobre a necessidade de haver um cuidado redobrado com helipontos, ainda mais em Balneário Camboriú, uma cidade extremamente verticalizada e conhecida por seus arranha-céus.  

A presidente da Associação dos Síndicos de Balneário Camboriú (Asbalc), Sônia Novaes Estácio, destaca que, ‘salvo melhor juízo’, não há protocolo padrão específico sobre a questão dos helipontos.

Arquivo Pessoal

“Os helipontos em condomínios edilícios, se homologados, geralmente seguem regulamentações da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) e normativas do Corpo de Bombeiros. No que tange ao acesso [no caso de Caroline, ela não era moradora do prédio], a normatização está prevista nas INs 4 e 9 do Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina – CBMSC”, diz.

Segundo Sônia, o uso do heliponto só ocorre mediante homologação da ANAC. O acesso, como mencionado, é previsto nas INs 4, que trata das manutenções dos sistemas preventivos– MSP e; IN9: Saídas de Emergência, como rotas de fuga. 

“A conscientização de moradores e funcionários de condomínios sobre esta e outras questões que envolvam riscos, pode ser promovida por meio de campanhas educativas internas no condomínio, na forma de treinamentos, manuais, sinalizações, etc.”, disse.

Sônia destacou que a segurança no condomínio depende de cada funcionário, de cada morador e de todos ao mesmo tempo. Respeitar as áreas restritas, como helipontos, não é apenas uma regra, mas uma questão de proteção à vida. 

“Esses locais são projetados exclusivamente para operações aéreas e apresentam riscos significativos para quem não está treinado ou autorizado. Todos devem colaborar, respeitar e seguir as orientações de segurança e estar sempre atentos para evitar que tragédias aconteçam. Se cada um fizer a sua parte, o condomínio será um ambiente mais seguro, harmonioso e protegido para todos”, acrescenta.

Acesso restrito a prestadores de serviço

Arquivo Pessoal

O síndico Rafael Weiss, responsável há 10 anos pelo condomínio Las Vegas, que fica no Centro de Balneário Camboriú, comenta que o prédio onde mora não tem heliponto, mas que há terraço com telhado, casa de máquinas dos elevadores, registros de água e caixas d’água, e que o acesso lá é restrito a prestadores de serviços. 

“Por isso, temos na porta de acesso trancas eletrônicas que abrem com senha ou tag. Nenhum morador é autorizado a subir lá para “fazer imagens” ou para apreciar a vista. Temos isso muito controlado e só sobem profissionais com equipamentos de segurança para executarem seus serviços”, comenta.

Weiss opina que no caso de Caroline foi uma tragédia e que ‘não tem cabimento’ os moradores [não era o caso da jovem] terem acesso livre aquela área, principalmente à noite e num local sem nenhuma iluminação. 

“Terraços não são rotas de fuga em caso de incêndio e a grande maioria dos helipontos de BC não inócuos, construídos e muito poucos são homologados. Infelizmente houve uma falha grave de processos neste caso. Creio que helipontos homologados devem ter procedimentos para apenas uso de aeronaves e que os usuários comuniquem ao condomínio sua chegada ou saída, para que o condomínio destine uma pessoa responsável, como um zelador, para garantir os acessos aos usuários deste heliponto. Tem que ter segurança nestes procedimentos”, pontua.

O síndico explica que no Edifício Las Vegas deixam claro que o terraço tem acesso exclusivo para prestadores de serviço e que lá é um local proibido para os condôminos. 

“Temos uma pessoa que acompanha a entrada destas pessoas neste local de serviços e garante que eles tem capacidade para estarem lá. Vejo que os condôminos precisam exigir dos seus condomínios os procedimentos de segurança para que tenham acesso a estas áreas com tranquilidade. A chegada de uma aeronave no topo dos prédios já oferece um risco muito grande, a partir disso, após o pouso que os acessos de entrada e saída destes helipontos sejam sinalizados, iluminados e que tenha a presença de funcionário do condomínio para orientar neste processo de chegada ou saída e sempre evitar “turismo” de altitude.  Realmente ficar num local destes exige muita segurança. Eu já estive num heliponto de um grande edifício de BC para verificar a segurança, eu estava de capacete, cintas amarradas no corpo e em cabos de aço, isso tudo só para fazer uma visita técnica”, completa.

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