Advogado de família atingida por tiros da PRF denuncia “abandono” das autoridades

O advogado da família baleada por engano por agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) em Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, na véspera de Natal (24), denunciou que nenhuma autoridade ofereceu nenhum tipo de apoio até o momento. Juliana Leite Rangel, de 26 anos, foi atingida na nuca e está internada em estado gravíssimo no Hospital Municipalizado Adão Pereira Nunes.

“Qualquer afirmação sobre apoio à família não é verdadeira. A mãe está apavorada, o pai está sem poder trabalhar. Não há apoio, como estão falando. Nem governo federal, nem estadual, nem municipal. Eles estão abandonados aqui. O hospital está fazendo o que pode”, disse Paulo Ascenção à Bandeirantes.

O advogado afirmou ainda que está tentando realizar a transferência de Juliana para um hospital de referência e que entrará na Justiça para fazer com que as despesas sejam pagas pelo Estado.

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“Nossa preocupação agora é com a saúde da Juliana. Ela está em uma situação que exige muito cuidado, o estado é grave. Estamos tentando transferi-la a um hospital de referência. O tratamento é muito custoso, que seja ordenado que a União arque com as despesas”, disse.

“É o mínimo que pode acontecer após essa barbárie. A PRF é uma instituição respeitável, mas houve um terrível erro e alguém tem que assumir a responsabilidade”, comentou.

O caso aconteceu na noite desta terça-feira (24), véspera de Natal, na Rodovia Washington Luís. A família, de cinco pessoas, havia saído de Belford Roxo, na Baixada Fluminense, em direção a Niterói, na região metropolitana, a caminho de uma ceia na casa de parentes.

Os familiares disseram que não houve nenhuma ordem de parada por parte dos policiais, que teriam “chegado atirando”.

“Não tinha motivo para sair atirando no carro da gente. A gente estava andando normal e eles vieram atrás. A gente viu a luz piscando e meu marido achou que eles queriam passagem e deu. Só que eles não passaram. A gente voltou para o mesmo lado, aí começaram a atirar”, relatou a mãe.

Juliana levou um tiro na cabeça e foi encaminhada ao Hospital Municipalizado Adão Pereira Nunes. Ela precisou ser entubada, passou por cirurgia e tem quadro de saúde gravíssimo.

O pai da vítima levou um tiro na mão, recebeu atendimento e já foi liberado. Os outros ocupantes – a mãe, um filho e a namorada dele – não se feriram.

“Eles começaram a metralhar o carro. Foram mais de 30 tiros, contamos as cápsulas. Isso é um absurdo. Minha filha é uma pessoa muito legal, trabalhadora, maravilhosa e está lá entubada. Só espero que Deus tenha misericórdia da vida dela. E quero justiça, essas pessoas estão tudo aí”, completou a mãe.

De acordo com ela, quando os agentes perceberam que a jovem havia sido atingida, tentaram criar uma versão falsa para o caso.

“Eu falei ‘aqui é família’ e eles falaram ‘vocês atiraram na gente’. Mas como? A gente nem tem arma”, disse. Desesperada, a mãe continuou gritando a um deles: “você matou minha filha, você matou minha filha”.

Os agentes da PRF, segundo os familiares, não socorreram a vítima. Dois policiais militares que passavam pelo local se aproximaram e prestaram o atendimento.

Os três agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) que atiraram contra o carro disseram, em depoimento, que ouviram o som de disparos e pensaram que os tiros haviam partido daquele veículo, mas se enganaram.

As armas utilizadas na ação – dois fuzis e uma pistola – foram recolhidas e vão passar por perícia. Os agentes foram afastados de suas funções. O caso é investigado pela Polícia Federal.

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