2025 desafiador? Confira as ações preferidas dos analistas para o ano

Bolsa pregão def Ibovespa

Após uma queda de cerca de 10% do Ibovespa em 2024 e com riscos fiscais e externos no radar, a visão dos analistas de mercado é bastante cautelosa para 2025. Contudo, mesmo em um cenário de apreensão, os especialistas também ressaltam boas oportunidades de ações na Bolsa brasileira – tendo até mesmo algumas “figurinhas repetidas” se destacando entre as preferidas. É o caso da Embraer (EMBR3), cuja ação saltou mais de 100% em 2024 e segue nas carteiras para 2025 de vários grandes bancos.

O JPMorgan é um dos bancos que colocam EMBR3 entre as preferidas para 2025. Os estrategistas ressaltam que a companhia não é afetada negativamente pela desvalorização cambial e, ao mesmo tempo, não é uma ação de commodities, que está mais exposta ao cenário global, especialmente em termos de crescimento. Além disso, o tema “defesa” tem ganhado importância globalmente e a companhia aparece entre poucas no Brasil em Bolsa que oferecem essa exposição.

Em sua carteira para o Brasil, o JPMorgan também conta com nomes como São Martinho (SMTO3), Ser Educacional (SEER3), Banco do Brasil (BBAS3), Rede D’Or (RDOR3), Vale (VALE3), Petrobras ON (PETR3), Klabin (KLBN11), Inter (BDR: INBR32), Direcional (DIRR3), Natura&Co (NTCO3), VTEX, Rumo (RAIL3) e Eletrobras ON (ELET3).

Cabe ressaltar que, em novembro, o banco americano reviu as suas preferências entre as ações dos países da América Latina em relatório de estratégia, elevando o México de neutro para overweight (exposição acima da média do mercado, equivalente à compra) e diminuindo a exposição do Brasil de overweight para neutra. Emy Shayo e equipe de estrategistas destacaram darem o “benefício da dúvida” para o México, enquanto veem o mais do mesmo para o Brasil. A equipe de estratégia do banco não vê grandes gatilhos de curto prazo para as ações brasileiras e tempos mais difíceis para o Ibovespa.

Entre as ações menos preferidas, o JPMorgan aponta Vasta, Banrisul (BRSR6), M.Dias Branco (MDIA3), CM Hospitalar (VVEO3), Usiminas (USIM5), LOG CP (LOGG3), Pague Menos (PGMN3), Gol (GOLL4) e Isa Energia (ISAE4).

A “menos preferida entre as menos preferidas” é a Usiminas, devido aos custos de produção não terem se reduzido como inicialmente esperado. Além disso, o mercado global de aço continua pressionado pelos altos níveis de exportação da China, e não espera que o cenário macroeconômico melhore no curto a médio prazo. “Mesmo com uma leve recuperação na demanda interna e a implementação de tarifas, as margens da Usiminas provavelmente não se recuperarão totalmente para níveis históricos em breve”, avalia o JPMorgan.

Também cauteloso, o Santander espera que os preços dos ativos devam enfrentar fraquezas pontuadas por breves períodos de recuperação ou estabilização. Em relatório, o banco diz que a deterioração fiscal no Brasil continua sendo uma preocupação central para os investidores, o que reflete em uma elevação na curva de rendimento e uma desvalorização acentuada do real. 

Em sua carteira para o ano, o banco substituiu a Vivara (VIVA3) pela Raia Drogasil (RADL3), além de trocar a Eletrobras (ELET3) pela Copel (CPLE6). “Essa decisão foi baseada no fato de que a Copel está mais protegida de pressões inflacionárias dada sua significativa exposição ao segmento de distribuição”, avalia.

Ambev (ABEV3), BRF (BRFS3), Itaú (ITUB4), Petrobras ON (PETR3), Sabesp (SBSP3), Totvs (TOTS3), Renner (LREN3), Vale (VALE3), Porto (PSSA3), Direcional (DIRR3), Mercado Livre, Smart Fit (SMFT3) e WEG (WEGE3) estão entre as preferidas do banco.

Confira a carteira recomendada a seguir:

Carteira recomendada 12/24 (Fonte: Santander)

No Brasil, o HSBC acredita que os investidores devem permanecer mais defensivamente posicionados e em áreas expostas a temas seculares, como digitalização/fintech e a expansão do mercado agrícola do Brasil.

O banco aponta que, apesar do desempenho relativamente negativo do Ibovespa, fundos voltados para os emergentes encontraram oportunidades no Brasil. Por exemplo, uma boa seleção de ações fez com que as escolhas de ações brasileiras superassem o benchmark do Brasil em 8% nos últimos 12 meses. Olhando para nível setorial, bens de consumo discricionários e financeiros no Brasil, com Mercado Livre (BDR: MELI34) e Itaú (ITUB4), estiveram com “as posições mais concorridas”.

Saiba mais:

“Acreditamos que serviços públicos, produtos básicos e bancos devam permanecer relativamente mais resilientes. Em contraste, os setores cíclicos sensíveis às taxas devem continuar a ter desempenho inferior, pois taxas locais mais altas colocam pressão adicional sobre as avaliações para as ações e os fluxos de fundos”, avaliou o banco, em relatório em que também rebaixou os ativos brasileiros.

Segundo os estrategistas do HSBC, o mercado brasileiro é um caso clássico de value trap (ou armadilha de valor). Ou seja, é um mercado que parece estar com desconto, mas, na verdade, só está desvalorizado porque é um mau negócio. Porém, mesmo neste caso, o banco destacou estas oportunidades.

Já na carteira do Morgan Stanley, também cauteloso com o Brasil, os ADRs (recibo de ações negociados nos EUA) da Embraer estão na lista das ações brasileiras, seguidas pelos papéis do Nubank (NYSE: NU), Porto (PSSA3), Totvs (TOTS3), Sabesp (SBSP3), Rumo (RAIL3), Adecoagro, JBS, Petrobras, CCR (CCRO3), Itaú, Banco do Brasil (BBAS3), Mercado Livre (BDR: MELI34), Vivo (VIVT3), Vale (VALE3), Iguatemi (IGTI11), Eletrobras ON (ELET3), PRIO (PRIO3) e Bradesco (BBDC4).

Setores preferidos e preferidas por setor

A XP Investimentos ressalta que, apesar da Bolsa seguir barata e as empresas com bons fundamentos, continua favorecendo setores com carrego sólido (alta geração de fluxo de caixa), protegidos contra inflação e com exposição a receitas em dólar, como Elétricas & Saneamento, Bancos e Commodities.

“2025 deve ser um ano em que a preservação de capital e dividendos seguem mais relevantes do que a busca apenas por ganhos de capital. Mantemos alta cautela com empresas muito alavancadas, já que o mercado de juros precifica a taxa Selic alcançando 16% ou mais em 2025”, avalia a equipe de estratégia, que mantém uma visão neutra sobre as ações brasileiras para o ano.

Na seleção do BB-BI, as ações preferidas em sua carteira para o ano são: Alupar (ALUP11), BRF (BRFS3), Copasa (CSMG3), Cury (CURY3), Caixa Seguridade (CXSE3), Direcional (DIRR3), Eletrobras ON (ELET3), Gerdau (GGBR4), Grupo Mateus (GMAT3), Isa Energia (ISAE3), Itaú (ITUB4), Petrobras PN (PETR4), São Martinho (SMTO3), Vibra (VBBR3) e WEG (WEGE3).

O BB-BI tem preço-alvo para o Ibovespa ao final de 2025 de 153 mil pontos e segue privilegiando teses de qualidade.

“Apesar de nossa visão construtiva em relação aos resultados da companhias para os próximos exercícios, sustentada pelo crescimento ainda robusto da economia doméstica, a elevação do prêmio de risco embutido na curva de juros doméstica traz impactos no custo de capital das empresas, e consequentemente nos valuations”, aponta a equipe de estratégia.

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