Payroll derruba expectativas de novos cortes de juros pelo Fed em janeiro – e em 2025

O payroll, relatório de criação de empregos formais nos Estados Unidos, não sugere que o mercado de trabalho do país esteja se enfraquecendo, como o Federal Reserve esperava no início do ciclo de cortes de juros em setembro. O documento divulgado nesta sexta-feira (10) mostrou que 256 mil postos de trabalho foram criados em dezembro, muito acima do consenso Reuters, que esperava 164 mil vagas. O número também é maior que o de novembro, que ficou em 227 mil.

Em 2024, a economia americana adicionou 2,2 milhões de empregos, uma média de 186 mil por mês, um patamar consistente que sugere equilíbrio entre oferta e demanda por trabalho, segundo André Valério, economista sênior do Inter. O risco, com isso, é que os cortes de juros pelo banco central americano sejam interrompidos já na primeira reunião do ano, em janeiro.

“Dada a última reunião do Fomc, que sinalizou essa possibilidade, já antecipávamos uma pausa na reunião de janeiro. Com o dado do payroll de hoje, acreditamos que essa pausa se torne praticamente certa”, diz Valério.

“O dado acima do projetado mostra novamente a resiliência do mercado de trabalho americano, e reforça a dificuldade do Fed em continuar com o ciclo de cortes de juros”, diz Paula Zogbi, gerente de research da Nomad. Para ela, as apostas de que o Fed não faça mais cortes de juros este ano, ou até tenha que optar por um aumento em algum momento, se tornam mais altas após os dados.

Os juros dos Treasuries apresentam alta na maioria dos vencimentos nesta manhã em resposta ao relatório. A curva de juros se abre e Valério afirma que os mercados já não precificam mais cortes nos juros americanos até outubro.

A taxa de desemprego teve uma ligeira queda, segundo o payroll, de 4,2% para 4,1%, patamar baixo para os padrões históricos do país. Os salários continuaram subindo, com alta de 0,3% em dezembro e de 3,9% no acumulado de 2024.

“Esses fatores indicam que o mercado de trabalho permanece pressionando a inflação, principalmente no setor de serviços, mais intensivo em mão de obra”, diz Claudia Rodrigues, economista do C6 Bank. Para ela, a pausa deve acontecer enquanto os dirigentes monitoram uma eventual materialização dos riscos à inflação.

O mercado deve ficar atento agora à divulgação do CPI, índice de inflação americano, na próxima quarta-feira (15), que permitirá uma melhor avaliação do cenário.

“Nosso cenário já contemplava um ciclo de cortes do Fed bem mais tardio, no fim de 2025, mas não seria improvável corte nenhum neste ano, a depender do tamanho do impulso fiscal e regulatório das políticas da administração Trump”, diz Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura Investimentos.

“Acredito que o tema alta de juros nos EUA deve voltar ao radar dos investidores somente nos próximos meses.”

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