Israel ataca Gaza horas depois do acordo de cessar-fogo com Hamas, dizem moradores

Local destruído por ataques israelenses na Cidade de Gaza

DOHA/CAIRO/JERUSALÉM (Reuters) – Israel intensificou os ataques em Gaza horas após o anúncio de um acordo de cessar-fogo e libertação de reféns, disseram moradores e autoridades do enclave palestino, enquanto os mediadores tentavam acabar com os combates antes do início da trégua no domingo.

O complexo acordo de cessar-fogo entre Israel e o grupo militante Hamas, que controla Gaza, surgiu na quarta-feira depois da mediação de Catar, Egito e Estados Unidos e 15 meses de derramamento de sangue que devastou o território costeiro e inflamou o Oriente Médio.

O acordo prevê um cessar-fogo inicial de seis semanas com a retirada gradual das forças israelenses da Faixa de Gaza, onde dezenas de milhares de pessoas foram mortas. Os reféns tomados pelo Hamas serão libertados em troca de prisioneiros palestinos detidos por Israel.

A aceitação do acordo por parte de Israel não será oficial até que seja aprovado pelo gabinete de segurança e pelo governo do país, e a votação foi marcada para quinta-feira, segundo uma autoridade israelense.

No entanto, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, acusou o Hamas de fazer exigências de última hora e voltar atrás nos acertos.

“O gabinete israelense não se reunirá até que os mediadores notifiquem Israel de que o Hamas aceitou todos os elementos do acordo”, informou um comunicado do gabinete de Netanyahu.

O Hamas está comprometido com o acordo de cessar-fogo anunciado pelos mediadores na quarta-feira, disse o representante sênior do grupo Izzat el-Reshiq nesta quinta-feira

A linha dura do governo de Netanyahu ainda esperava impedir o acordo, embora a maioria dos ministros deva apoiá-lo. O ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, disse que seu partido só permaneceria no governo se Israel retomasse a guerra com força total até que o Hamas fosse derrotado. O ministro da polícia, Itamar Ben-Gvir, de extrema-direita, também ameaçou deixar o governo se o cessar-fogo for aprovado.

Enquanto as pessoas comemoravam o pacto em Gaza e Israel, os militares israelenses realizaram mais ataques após o anúncio, segundo o serviço de emergência civil e moradores.

Nesta quinta-feira, militantes de Gaza dispararam um foguete contra Israel, segundo as Forças Armadas israelenses, sem causar vítimas.

Os ataques aéreos israelenses durante a noite e na madrugada de quinta-feira mataram pelo menos 71 palestinos e deixaram 200 feridos, de acordo com o Serviço de Emergência Civil palestino.

Em uma coletiva de imprensa em Doha, o primeiro-ministro do Catar, Mohammed bin Abdulrahman Al Thani, afirmou que o cessar-fogo entraria em vigor no domingo. Os negociadores estão trabalhando com Israel e o Hamas nas medidas para implementar o acordo, disse ele.

“Esse acordo interromperá os combates em Gaza, levará a tão necessária assistência humanitária aos civis palestinos e reunirá os reféns com suas famílias após mais de 15 meses em cativeiro”, disse o presidente dos EUA, Joe Biden, em Washington.

Seu sucessor, Donald Trump, assume o cargo na segunda-feira e reivindicou o crédito pelo avanço em Gaza.

Os israelenses acham difícil ver a libertação de militantes palestinos que estavam cumprindo penas de prisão perpétua por envolvimento em ataques mortais em seu país.

Mas pesquisas sucessivas mostraram um amplo apoio da população a um acordo que permitiria a libertação dos reféns, mesmo com um preço considerado alto.

“Essa deve ser a única escolha que faremos para continuar sobrevivendo como Estado e como nação, sabendo que faremos qualquer coisa para salvar uns aos outros”, disse Chava Treitel, moradora de Jerusalém.

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