PCC teria dado dinheiro a PMs para montar o Rota’s Bar

A Corregedoria da Polícia Militar do Estado de São Paulo investiga uma denúncia de que dois policiais militares montaram um bar na capital paulista com dinheiro recebido do Primeiro Comando da Capital (PCC). Eles teriam sido pagos para vazar informações de operações para integrantes da facção.

O inquérito aponta que os três integrantes da facção criminosa envolvidos com os PMs na denúncia estão ligados ao caso do empresário Antônio Vinicius Lopes Gritzbach – delator do PCC e da polícia assassinado no Aeroporto Internacional de São Paulo, em novembro de 2024.

A investigação sobre o bar foi aberta em 17 de outubro, semanas antes de Gritzbach ser assassinado, e foi noticiada pelo UOL.

Ao g1, um advogado que representa o bar enviou uma nota. Nela, afirma que os proprietários ou o defensor não foram notificados oficialmente por nenhuma autoridade competente sobre a investigação.

“Caso a empresa seja notificada formalmente pelas autoridades, irá colaborar com as investigações”, diz a nota, assinada pelo advogado José Almir Pereira da Silva, que ressalta que o bar é uma “empresa legalizada e idônea” e que “atende a todas as normas vigentes”.

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O inquérito da Corregedoria apura se o “Rota’s Bar” foi aberto com o dinheiro pago pelo PCC por informações sigilosas vazadas pelos dois PMs. Segundo a denúncia, o bar ficava no Jardim Brasília, na Zona Leste de São Paulo, e informalmente pertencia a dois policiais: um cabo que trabalhava no setor de inteligência da Rota, tropa de elite da Polícia Militar de São Paulo; e outro cabo do 8º Batalhão, no Tatuapé.

Nenhum dos dois militares é formalmente proprietário do bar, conforme consta no registro do estabelecimento no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNJP), na Receita Federal. A Corregedoria aponta que o dono do bar seria um amigo do PM que atuou na Rota.

Segundo o inquérito, os PMs teriam recebido “quantias expressivas” de dois membros da facção por passar informações sigilosas e ainda teria informado um terceiro integrante do PCC, que está foragido. De acordo com a Corregedoria, os três integrantes da facção investigados são Anselmo Becheli Santa Fausta, o Cara Preta, já morto; Claudio Marcos de Almeida, o Django, também assassinado; e Silvio Luiz Ferreira, o Cebola. As mortes teriam sido encomendadas por Gritzbach.

“Pela função que desempenhava na agência de inteligência da Rota, informa o denunciante que o PM divulgou aos criminosos do PCC diversas informações, inclusive dados de viaturas descaracterizadas, sendo o militar que mais repassou informações a Cara Preta, Django e Cebola, protegendo os negócios e pessoas de interesse dos criminosos”, diz o inquérito sobre o policial que atuava na inteligência do 1º Batalhão, a Rota.

A investigação da Corregedoria aponta que o PM que trabalhava na Rota filtrava informações que envolviam os três integrantes do PCC e os avisava de operações que poderiam atrapalhar suas “atividades criminosas”.

A investigação da Corregedoria indica que o bar foi inaugurado em 2018, mas teve CNPJ encerrado quatro anos mais tarde. Ainda em 2022, um outro bar foi inaugurado também na Zona Leste da capital paulista com o nome “Rota’s Beach Bar”. O capital social descrito no registro do bar é de R$ 600 mil.

O novo bar chamou a atenção dos investigadores após denúncia indicar “aumento considerável no poder aquisitivo” dos dois PMs apontados como donos do estabelecimento, embora o nome de nenhum deles conste nos registros do local. Porém, um dos sócios-proprietários é irmão do policial que trabalhava na Rota.

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