Morre Léo Batista, voz marcante no esporte

Por Cristina Vaz de Carvalho, editora de Jornalistas&Cia no Rio de Janeiro

Léo Batista morreu neste domingo 19/10, no Rio de Janeiro, aos 92 anos, em decorrência de um câncer no pâncreas. Deixa duas filhas.

Paulista de Cordeirópolis, João Baptista Belinaso Neto, seu nome de batismo, começou como radialista em rádios de Birigui, de Campinas e na Difusora de Piracicaba. Mudou-se para o Rio em 1952, para trabalhar na Rádio Globo como locutor e redator de notícias do programa O Globo no Ar, e passou a fazer parte da equipe esportiva da rádio. Esteve depois na TV Rio, à frente do Telejornal Pirelli por 13 anos. Teve ainda uma passagem rápida pela TV Excelsior.

Chegou à TV Globo em 1969. Na emissora, participou, de alguma forma, da cobertura de quase todas as Copas desde 1974 e dos Jogos Olímpicos desde Los Angeles, em 1984. Fez parte da equipe de quase todos os programas esportivos da Globo. Em 1971, ao lado de Luís Jatobá e Márcia Mendes, foi um dos apresentadores do Jornal Hoje e, por muitos anos, apresentou o Jornal Nacional aos sábados.

Noticiou momentos históricos, como o suicídio de Getúlio Vargas, em 1954, no Palácio do Catete; a morte de John F. Kennedy, em 1963; e o acidente que matou Ayrton Senna, em 1994. “Eu estava de plantão naquele fatídico dia 1º de maio. Na hora do acidente todo o mundo ficou chocado, rezou, torceu, segurando aquele choro engasgado. Eu vestia uma camisa laranja e achei que não cabia entrar no ar com uma cor tão alegre. Lembrei que o Senna havia me dado uma coleção de camisas tipo polo com a grife dele. Quando fui até o armário pegar uma, era justamente a preta que estava lá”, relembrou certa vez, em uma entrevista.

Até 2007, narrou lances decisivos dos campeonatos estaduais e do campeonato brasileiro de futebol no quadro Gols do Fantástico. Em 2011, foi homenageado com a criação do quadro Histórias do Léo, no Globo Esporte, no qual partilhava algumas lembranças de sua carreira, como a estreia de Mané Garrincha na Seleção Brasileira em 1957. Em 2024, o canal SporTV o homenageou com a série documental Léo Batista, a voz marcante, disponível no Globoplay. O documentário mostra parte da sua vida pessoal que poucos conheciam, como cantor, artista plástico, comediante e ator. A última aparição na TV Globo se deu em 26/12 do ano passado, no Globo Esporte, em reportagem sobre a relação do beisebol com os Jogos Olímpicos.

Léo Batista era mais do que uma voz marcante. Seu carisma alcançou durante décadas o público brasileiro. E trabalhou com o que gostava até praticamente os últimos dias de sua vida.

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