Caso Gritzbach: Policial acusado de ser o motorista da execução trabalhou na mesma viatura com o suspeito de ser executor

O 1º tenente da Polícia Militar Fernando Genauro da Silva, de 33 anos, preso neste sábado (18) pela Polícia Civil, sob a suspeita de ter dirigido o carro usado para a execução do delator da facção criminosa PCC e de policiais corruptos, Vinicius Gritzbach, trabalhou com o cabo Denis Antonio Martins na Força Tática do 42º Batalhão, em Osasco, e que já trabalharam inclusive na mesma viatura. Martins é acusado de ser um dos executores e está preso.

O inquérito aponta ainda que o sinal de telefone celular de Genauro estava próximo do de Denis horas antes do crime, e próximo ao local e horário onde um radar registrou a passagem do Gol preto utilizado na ação.

Os investigadores afirmam que o telefone de Genauro recebeu uma chamada às 16h04, horário em que o motorista foi acionado para descerem os atiradores – a execução ocorreu dois minutos depois. O mesmo número recebeu outra ligação às 16h21, horário em que o veículo foi abandonado e o motorista se separou dos atiradores. Por fim, uma nova chamada foi recebida às 17h25, mesmo horário em que Denis Antonio fez uma ligação após os atiradores serem resgatados por outro carro.

Genauro trocou o IMEI de seu celular (mudou de aparelho) três dias após o crime. Quando a polícia fez a operação para prender os policiais envolvidos, na quinta-feira (16), Genauro recebeu uma chamada às 6h09 e desligou o aparelho na sequência. O número só voltou a funcionar às 15h11 do mesmo dia, em outro aparelho.

Em nota, o advogado Mauro Ribas Junior, que defende o tenente, afirmou que “Genauro é inocente, não estava no local do crime” e que “não fazia parte da segurança de Vinicus Gritzbach”. “A defesa entende que prisão foi prematura e amparada em provas frágeis – a saber: uma denúncia anônima e a imagem de uma câmera que mostra apenas uma pessoa de perfil.”

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Genauro tem um salário mensal líquido de cerca de R$ 6.100, embora o último balanço disponível (dezembro) aponte um salário bruto de R$ 15.800. Ele foi preso em Osasco, onde mora, e levado para a sede do Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) para prestar depoimento. Em seguida, foi encaminhado ao Presídio Romão Gomes da Polícia Militar. A operação que levou à prisão do PM teve o apoio da Corregedoria da Polícia Militar.

Segundo a investigação, houve uma denúncia anônima que afirmou que o motorista do carro se chamava Genauro. A partir daí, os investigadores atestaram que o suposto atirador e ele trabalharam juntos.

Em foto publicada em seu perfil em uma rede social em 2016, Fernando Genauro da Silva aparece fardado em uma solenidade da Alesp referente à revolução de 1932, com a presença do então deputado estadual Coronel Telhada (PP).

Na época, Genauro ainda era aluno oficial (não tinha o cargo de tenente) e estava na Academia do Barro Branco. No evento, ele recebeu a medalha do Instituto Histórico Militar, concedida a civis e militares indicados pela Sociedade de Veteranos de 1932 – MMDC. Genauro hoje é 1º tenente, terceiro escalão da ordem hierárquica dos oficiais da PM.

O crime aconteceu em novembro do ano passado, no momento em que Gritzbach desembarcava no Aeroporto Internacional de São Paulo em Guarulhos, após uma viagem com a namorada para Alagoas. Na época, dois atiradores deixaram um Gol preto com fuzis e dispararam contra o delator.

Após o assassinato, os atiradores saíram do local do crime e embarcaram em um ônibus público da cidade de Guarulhos.

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