Famoso nutrólogo condenado por abusar de pacientes é acusado de estuprar esposa em ‘saidinha’

O famoso nutrólogo Abib Maldaun Neto, condenado a 24 anos de prisão por crimes sexuais contra ex-pacientes e uma ex-funcionária, entre 1997 e 2020, em uma clínica de luxo nos Jardins, em São Paulo, virou alvo de um novo inquérito policial. A esposa diz que ele a estuprou e ainda a submeteu a violência psicológica durante a “saidinha” temporária no Natal de 2024. Após ter ciência do caso, a Justiça determinou que o detento voltasse ao regime fechado.

A esposa do nutrólogo registrou um boletim de ocorrência no último dia 7 de janeiro na 1ª Delegacia de Defesa da Mulher (DDM), quando disse que começou a ser violentada pelo marido durante as visitas na Penitenciária 2 de Tremembé, no interior paulista. A mulher disse que, além de sofrer violência psicológica, ela era obrigada a manter relações sexuais com ele.

Como Maldaun Neto obteve a progressão de pena para o regime semiaberto, no início de dezembro passado, ele obteve autorização judicial para deixar a cadeia entre o Natal e Ano Novo. Assim, ele foi para casa, onde a esposa disse que passou a ser estuprada diariamente e humilhada por diversas situações.

A mulher ressaltou que os episódios de violência doméstica se estenderam às filhas gêmeas do casal, de 5 anos. Ela solicitou uma medida protetiva contra o nutrólogo.

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A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) informou que a denúncia de estupro e violência psicológica será apurada pela 3ª Delegacia de Defesa da Mulher. O pedido de medida protetiva foi requisitado à Justiça. “Exames periciais foram requisitados e estão em elaboração, além de outras diligências que estão em andamento para esclarecer os fatos”, destacou a pasta.

Ao saber da denúncia da esposa, a Justiça determinou a volta de Maldaun Neto ao regime fechado. Conforme divulgado pela GloboNews, no último dia 18 de janeiro, o detento foi encontrado na cela com um ferimento na barriga e foi levado ao Hospital Regional de Taubaté, onde segue internado. De acordo com a Secretaria Estadual de Administração Penitenciária (SAP), ele afirmou que havia tentado tirar a própria vida com um objeto cortante.

A defesa do nutrólogo não foi encontrada para comentar o assunto até a publicação desta reportagem.

Crimes sexuais contra pacientes

Maldaun Neto está preso preventivamente desde dezembro de 2020, depois que foi denunciado por mais de 20 pessoas por violação sexual mediante fraude, por utilizar artifícios que dificultam a manifestação das vítimas. Em um dos casos, o crime foi praticado 15 vezes, segundo a condenação.

De acordo com vítimas, o nutrólogo as mandava tirar a roupa e deitar, e então passava a apalpar as partes íntimas das pacientes durante o suposto exame. Elas diziam que as consultas eram longas, quando o nutrólogo fazia várias perguntas sobre a vida sexual delas e ainda, em alguns casos, realizava o toque de vagina.

À Justiça, o médico alegou que as pacientes a procuravam, a partir de indicações, para tratamentos que prevenissem o envelhecimento celular com o uso de antioxidantes e estimulasse o emagrecimento com medicamentos que promoviam “ativação metabólica maior”.

Por conta do uso dos remédios, algumas das pacientes apresentavam “efeitos colaterais” e, para atestar a condição, ele precisava introduzir os dedos em suas vaginas para confirmar “se tinham lubrificação” e, com isso, ele poderia avaliar casos de “ereção clitoriana indesejável”. Ele também usava o mesmo método para verificar se as mulheres tinham quadro de candidíase.

O nutrólogo ressaltou que sempre teve a devida autorização das pacientes e que as consultas eram acompanhadas por enfermeiras. Porém, tanto as vítimas quanto as profissionais que atuavam na clínica negaram essa versão. Entre as mulheres abusadas, está uma ex-funcionária do médico.

Em abril de 2021, o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) cassou de forma definitiva o registro do nutrólogo. A decisão foi referendada pelo Conselho Federal do Medicina (CFM).

A Justiça considerou o médico culpado e, em dezembro de 2023, ele teve a pena aumentada de 18 anos e seis meses para 24 anos e dois meses de reclusão. Além disso, a decisão estabeleceu o pagamento de multa no valor de R$ 100 mil para cada vítima.

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