Jovem sofre violência psicológica e exorcismos após ser acusado de bruxaria pela família

A história de Mardoche, um jovem que foi vítima de abusos por parte de seus próprios parentes, levanta um alerta sobre práticas violentas justificadas por crenças religiosas. Hoje com 33 anos, ele relembra o sofrimento que começou ainda na infância, quando foi acusado de bruxaria após se mudar da República Democrática do Congo para Londres, no Reino Unido, depois da morte de sua mãe.

Aos 12 anos, o garoto passou a ser alvo de agressões psicológicas e físicas, enquanto familiares tentavam “exorcizá-lo” de um suposto espírito maligno. Em muitas comunidades congolesas, a palavra kindoki é usada para se referir à feitiçaria, e crianças podem ser vistas como ameaças se forem associadas a essa crença. Segundo ele, foi exatamente isso que aconteceu: parentes o culparam pelo falecimento da mãe e decidiram que ele precisava de “purificação”.

Para “livrá-lo do mal”, trancaram-no em um quarto, sem permitir que comesse ou até mesmo usasse o banheiro. Ele também foi levado a igrejas onde pastores reforçavam a ideia de que estava possuído. Diante da pressão e do medo, Mardoche chegou a admitir ser um bruxo, apenas para tentar escapar dos abusos.

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Traumas, isolamento e luta pela sobrevivência

Além do sofrimento psicológico, ele foi afastado da escola, com a justificativa de que precisava ser tratado espiritualmente. Em um momento crítico, chegou a ser internado em uma instituição de saúde mental durante a semana, podendo voltar para casa apenas aos finais de semana – o que não significava alívio, pois os abusos continuavam.

Ainda de acordo com o Mirror, a salvação veio quando um assistente social percebeu sua situação e interveio. O jovem foi encaminhado para um lar adotivo, onde finalmente encontrou segurança. Hoje, ele usa sua história como um alerta para outras crianças que podem estar enfrentando situações semelhantes.

Seu caso foi transformado no filme Kindoki Witch Boy, dirigido pela premiada Penny Woolcock. A produção mostra de forma impactante os perigos das crenças extremas e o sofrimento que podem causar às vítimas. Apesar de tudo, Mardoche decidiu perdoar sua família e optou por não denunciá-los às autoridades, mas quer que sua trajetória sirva de esperança para outros que vivem esse tipo de abuso.

“Se eu pudesse dizer algo para uma criança que está passando pelo que eu passei, eu diria: ‘Você vai ficar bem’”, afirma.

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