Onda de simpatia e dor nas costas: qual sea linha de defesa de suspeito de matar CEO?

A prisão de Luigi Mangione, o principal suspeito de ter assassinado a tiros em Nova York o CEO da UnitedHealthcare, Brian Thompson, gerou um debate sobre qual a linha de defesa que seu advogado deve utilizar para evitar uma condenação por homicídio.

Especialistas jurídicos ouvidos por vários órgãos de imprensa internacionais especulam que um onda de simpatia gerada pelo crime contra uma corporação do setor de saúde e até os efeitos de dores crônicas nas costas – curadas após uma cirurgia – possam ser estratégias da defesa.

Mangione está detido em uma prisão federal na Pensilvânia por porte ilegal de arma e há, no momento, uma batalha legal para sua extradição para Nova York, onde ele já enfrenta uma acusação de assassinato em segundo grau, destaca a BBC. Especialistas jurídicos disseram à BBC que seus esforços para contestar sua extradição provavelmente não serão bem-sucedidos.

Se ele for extraditado para Nova York, Mitchell Epner, um advogado e ex-promotor de Nova York, também ouvido pela BBC, disse que que há, em geral, duas abordagens que Mangione poderia adotar se ele realmente se declarar inocente, como cogitado.

“A defesa número um é ‘não fui eu’ e a defesa número dois é ‘fui eu, mas não deveria ser punido’ por causa de X”, disse.

Mas como o suspeito foi encontrado com uma arma semelhante à usada no crime, além de um silenciador e uma identidade falsa e de três páginas manuscritas sugerindo um motivo para o crime, Epner acredita que negar a responsabilidade pode ser algo difícil.

Estado mental alterado

Outro especialista, o advogado de defesa criminal e professor Dmitriy Shakhnevich, disse que o advogado de Mangione também poderia, em teoria, argumentar que um “estado mental” prejudicado o torna inapto para ser julgado.

Matéria recente da rede NBC destaca que o assassinato gerou especulações se o suspeito teve uma experiência pessoal ruim com o sistema de saúde.

Postagens antigas de Mangione no Reddit fizeram referência a um problema na coluna vertebral chamada espondilolistese, que ocorre quando uma fratura faz com que uma vértebra saia do alinhamento. Isso pode resultar em dor intensa se o osso pressionar os nervos espinhais.

Yoni Ashar, especialista em ciência da dor e professor assistente na Universidade do Colorado, disse à NBC que a dor nas costas pode prender os pacientes em um “ciclo vicioso” que afeta o sono, a saúde mental e outros aspectos de seu bem-estar.

A condição teria começado a impactar negativamente a vida de Mangione nos últimos anos, de acordo com suas postagens nas redes sociais. “Parece que ele teve um acidente que o levou à emergência em julho de 2023, e foi uma lesão que mudou sua vida”, disse o chefe de detetives do Departamento de Polícia de Nova York (NYPD), Joseph Kenny, à NBC nesta quinta-feira.

O policial lembrou que o suspeito postou radiografias mostrando parafusos inseridos em sua coluna vertebral. “A lesão que sofreu mudou sua vida, alterou seu modo de viver, e isso pode tê-lo colocado nesse caminho”, acrescentou Kenny.

Mas Mangione escreveu em suas postagens que, após uma cirurgia, feita em 2023, que ele ficou extremamente satisfeito com o resultado que pôs fim em suas dores crônicas. Ele até chegou a encorajar outras pessoas a fazerem procedimentos similares.

A cirurgia foi uma fusão espinhal, que envolve a inserção de osso ou um material semelhante a um osso no espaço entre dois ossos da coluna vertebral e, em seguida, conectando os enxertos e os ossos com placas de metal, parafusos ou hastes. O objetivo é fundir os ossos para aliviar a pressão nas vértebras e reforçar a forma e a estabilidade da coluna.

A defesa também pode ser ajudada pela atual onda simpatia gerada em torno dele. “Os jurados podem absolver Mangione mesmo que o considerem culpado”, disse o ex-promotor federal Neama Rahmani à revista norte-americana Newsweek.

O especialistas reconheceu que as evidências contra ele “são fortes”, mas lembrou que caso gerou “muita simpatia”, o que pode trazer um risco de anulação do júri. Sem essa anulação, será difícil para Mangione conseguir a absolvição, disse.

A anulação do júri ocorre quando os jurados entendem que há evidências suficientes para condenar um acusado, mas o absolvem mesmo assim por conta de simpatia, seja pelo acusado ou pela causa.

A advogada Colleen Kerwick também considera que a defesa poderia adotar uma estratégia para permitir a anulação do júri. “A equipe de defesa poderia evitar fazer qualquer admissão negando que era ele, negando que era sua arma, negando que era seu manifesto e trabalhando com dúvida razoável”.

Por enquanto, a defesa ainda está nessa linha. “Eu nem sei se é ele”, disse seu advogado, em uma entrevista recente ao NewsNation, referindo-se às imagens do assassino de Thompson.

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