{"id":124502,"date":"2025-04-06T05:04:22","date_gmt":"2025-04-06T08:04:22","guid":{"rendered":"https:\/\/agencia7.jornalfloripa.com.br\/agencia7\/124502"},"modified":"2025-04-06T05:04:22","modified_gmt":"2025-04-06T08:04:22","slug":"como-um-fundo-consegue-dar-credito-barato-a-empresas-que-ninguem-quer-emprestar","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/agencia7.jornalfloripa.com.br\/agencia7\/124502","title":{"rendered":"Como um fundo consegue dar cr\u00e9dito barato a empresas que \u201cningu\u00e9m quer emprestar\u201d"},"content":{"rendered":"
A reconstru\u00e7\u00e3o do Rio Grande do Sul<\/strong> ap\u00f3s a trag\u00e9dia clim\u00e1tica que vitimou 183 pessoas e deixou milhares de desabrigados j\u00e1 mobilizou o governo federal, ONGs, empresas e \u2013 por que n\u00e3o \u2013 o mercado financeiro. Uma das iniciativas vem de um fundo que oferece cr\u00e9dito barato a empres\u00e1rios da regi\u00e3o. Com o sucesso do modelo desde o aux\u00edlio a neg\u00f3cios afetados pela pandemia de Covid-19, a Est\u00edmulo agora planeja um fundo exclusivo para a Amaz\u00f4nia.\u00a0<\/p>\n Desde outubro do ano passado, a gestora de investimentos de impacto social empresta de R$ 10 mil a R$ 200 mil a empres\u00e1rios ga\u00fachos que tiveram lojas inundadas, quebras na cadeia de suprimentos por dificuldades log\u00edsticas ou redu\u00e7\u00e3o no faturamento como consequ\u00eancia das enchentes. N\u00e3o s\u00e3o necess\u00e1rias garantias para contratar o cr\u00e9dito com juro a partir de 0,99% ao m\u00eas \u2013 muito abaixo dos 4% que as empresas conseguiriam nos empr\u00e9stimos tradicionais, garante o CEO.\u00a0<\/p>\n Al\u00e9m do cr\u00e9dito mais barato, as empresas com faturamento mensal de R$ 10 mil a R$ 400 mil eleg\u00edveis para o financiamento t\u00eam seis meses de parcelas reduzidas.\u00a0<\/p>\n O fundo Retomada RS \u00e9 novo, mas o modelo n\u00e3o. Ele segue o exemplo de seu irm\u00e3o mais velho, o Est\u00edmulo Brasil, iniciado em 2021 para auxiliar micro e pequenos empres\u00e1rios afetadas pela pandemia de Covid-19 com taxas a partir de 1,69% ao m\u00eas.\u00a0<\/p>\n A gestora j\u00e1 emprestou dinheiro a mais de 5 mil empresas consideradas arriscadas, j\u00e1 que precisam de dinheiro para reconstruir seus neg\u00f3cios ou pagar outras d\u00edvidas mais caras e n\u00e3o t\u00eam ativos para entregar como garantia. Mesmo assim, a inadimpl\u00eancia acima de 90 dias \u00e9 de 8% no Est\u00edmulo Brasil: \u201ca expectativa era perder metade do dinheiro\u201d, diz Vinicius Poit, CEO da Est\u00edmulo.\u00a0<\/p>\n A chave para os juros baixos est\u00e1 no modelo de blended finance<\/em>, que combina doa\u00e7\u00f5es e investimentos de impacto. A hist\u00f3ria do Est\u00edmulo Brasil ajuda a explicar o conceito: o fundo foi resultado de uma a\u00e7\u00e3o emergencial no in\u00edcio da pandemia, quando empres\u00e1rios se juntaram para fazer doa\u00e7\u00f5es. Abilio Diniz e as fam\u00edlias Feffer (da Suzano), Mattar (Localiza) e Menin (Inter e MRV) integram o grupo de 50 cofundadores que emprestaram R$ 60 milh\u00f5es para MPEs que precisavam de cr\u00e9dito barato para n\u00e3o quebrar.\u00a0<\/p>\n Quando os empres\u00e1rios se reuniram para apurar os resultados da campanha, viram uma inadimpl\u00eancia de 3% e foram convencidos por Diniz a n\u00e3o tomarem as doa\u00e7\u00f5es de volta. Com isto, nasceu um FIDC (Fundo de Investimento em Direito Credit\u00f3rio). Os cofundadores entraram cotistas subordinados \u2013 que s\u00f3 recebem o dinheiro aportado ap\u00f3s os resgates das cotas seniores. A gestora captou investidores para as cotas com maior prioridade \u2013 estes esperam retorno sobre o investimento.\u00a0<\/p>\n \u201c\u00c9 um misto entre a filantropia, que serve como a base dos fundos, e investimentos de impacto; com a metodologia, o fundo Brasil transformou R$ 60 milh\u00f5es em R$ 320 milh\u00f5es de cr\u00e9dito originado\u201d, explica Poit.\u00a0<\/p>\n No fundo que atende o RS, o investimento inicial foi de R$ 40 milh\u00f5es e contou com a participa\u00e7\u00e3o da Gerdau, Ita\u00fa, Banrisul e outras empresas. O pr\u00f3ximo passo no Sul \u00e9 levantar investimentos via cotas seniores.\u00a0<\/p>\n Mesmo para investidores que esperam algum lucro com a opera\u00e7\u00e3o, o retorno n\u00e3o \u00e9 t\u00e3o robusto quanto o oferecido por outros FIDCs, segundo Poit. Ele conta que os fundos v\u00e3o operar com 50% de cotas subordinadas quando o mercado geralmente trabalha com a propor\u00e7\u00e3o de cerca de 20%. \u201cQueremos mostrar para o investidor que \u00e9 um neg\u00f3cio novo, tem retorno menor, mas ele recebe o impacto mensurado na sociedade e tem colch\u00e3o de prote\u00e7\u00e3o muito maior\u2019.\u00a0<\/p>\n Entre os impactos apurados pela gestora est\u00e1 a estat\u00edstica de crescimento anual m\u00e9dio de 38% no faturamento das empresas atendidas, 54% de participa\u00e7\u00e3o feminina nos quadros societ\u00e1rios, 90% do volume emprestado a empresas localizadas em regi\u00f5es de baixa renda e 13% de exposi\u00e7\u00e3o \u00e0 regi\u00e3o da Amaz\u00f4nia Legal.\u00a0<\/p>\n Segundo Poit, o cr\u00e9dito para empresas da Amaz\u00f4nia Legal \u201ctira press\u00e3o da floresta num contexto de muita atividade ilegal acontecendo por l\u00e1\u201d. Ele lembra que os micro e pequenos foram respons\u00e1veis pela maior parte das vagas de trabalho criadas no Brasil em 2024 e \u201cse n\u00e3o houver emprego, as pessoas v\u00e3o trabalhar em garimpo ilegal e extra\u00e7\u00f5es irregulares\u201d.\u00a0<\/p>\n Por isto, a Est\u00edmulo decidiu lan\u00e7ar um fundo para atender a regi\u00e3o que abrange nove estados brasileiros. A gestora est\u00e1 captando interessados em entrar nas cotas subordinadas. O fundo Amaz\u00f4nia deve ser lan\u00e7ado antes do meio do ano.\u00a0<\/p>\n O volume de cr\u00e9dito concedido pela Est\u00edmulo vem crescendo em um contexto de cautela no mercado financeiro. Com a taxa b\u00e1sica de juros em 14,25% \u2013 e subindo \u2013, muitos investidores preferem n\u00e3o arriscar e aplicar em t\u00edtulos p\u00fablicos ou de empresas grandes.\u00a0<\/p>\n Poit admite que o cen\u00e1rio macroecon\u00f4mico \u00e9 desafiador e que \u201cos empreendedores d\u00e3o algum trabalho a mais para pagar\u201d. Ele v\u00ea demanda ainda maior pelo cr\u00e9dito barato, mas diz que precisam ser mais seletivos. Os empres\u00e1rios que t\u00eam cr\u00e9dito pr\u00e9-aprovado precisam passar por entrevistas e fornecer informa\u00e7\u00f5es do neg\u00f3cio para a gestora, que empresta para cerca de 8% das empresas que a procuram.\u00a0<\/p>\n A inciativa, por\u00e9m, nasceu para ser contrac\u00edclica, afirma o CEO: \u201ca Est\u00edmulo foi feita para emprestar quando ningu\u00e9m empresta<\/strong>, foi feita para momentos como o atual\u201d.\u00a0<\/p>\n Um dos objetivos da gestora \u00e9 ser vista como refer\u00eancia global em blended finance. A apresenta\u00e7\u00e3o do modelo em um curso de investimentos de impacto em Harvard foi um dos passos para a conquista, segundo Poit. \u201cQueremos que as pessoas precisem olhar para o Brasil ao analisarem investimentos de impacto pelo mundo\u201d, conclui.<\/p>\n<\/p>\n The post Como um fundo consegue dar cr\u00e9dito barato a empresas que \u201cningu\u00e9m quer emprestar\u201d<\/a> appeared first on InfoMoney<\/a>.<\/p>\n<\/div>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":" A reconstru\u00e7\u00e3o do Rio Grande do Sul ap\u00f3s a trag\u00e9dia clim\u00e1tica que vitimou 183 pessoas e deixou milhares de desabrigados j\u00e1 mobilizou o governo federal, ONGs, empresas e \u2013 por que n\u00e3o \u2013 o mercado financeiro. Uma das iniciativas vem de um fundo que oferece cr\u00e9dito barato a empres\u00e1rios da… Continue lendo \n
Blended finance<\/h2>\n
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Expans\u00e3o\u00a0<\/h2>\n
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Investimentos de impacto e Selic alta<\/h2>\n