Ives Gandra Martins: “Houve deportados brasileiros no governo Biden algemados e aceitos sem discussão por Lula”

O governo está mobilizado desde a chegada de 88 brasileiros deportados que desembarcaram no país algemados, com os pés acorrentados, sem alimentação e sem poder ir ao banheiro. A situação desagradou o governo brasileiro. “Nós não podemos admitir que as pessoas venham com aquele tipo de tratamento, inclusive correndo riscos maiores porque o avião poderia ter sofrido acidentes e problemas mais graves”, disse o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, em entrevista coletiva.

O jurista Ives Gandra Martins aponta incongruências no discurso. “Sobre as algemas, o Brasil, quando traz deportados de outros países, também as usa e as usa, internamente, da mesma forma”, disse, com exclusividade, ao Metro.

“Nos EUA, quando transportam seus prisioneiros internos, também as usam”, afirma. Segundo Gandra Martins, são “procedimentos normais e acordados entre os países para evitar riscos de reação com o avião em voo”.

Prioridade

O governo de Donald Trump, empossado presidente dos EUA em 20 de janeiro, está empenhado, com prioridade, na questão dos imigrantes ilegais. Várias centenas deles já foram mandados de volta para seus países, muitos em aviões militares, e as agências americanas têm feito uma verdadeira caçada aos ilegais em várias cidades. Trata-se de uma das principais promessas de campanha de Trump.

O Brasil disse claramente que vai buscar uma forma de protesto. Sobretudo em relação aos relatos de maus tratos do primeiro grupo de deportados.

Eles chegaram a Manaus, mas não puderam seguir na mesma aeronave por problemas técnicos no sistema de ar-condicionado – o governo brasileiro acomodou os passageiros no aeroporto e os transportou para Belo Horizonte posteriormente em avião da FAB.

Gandra Martins estranha a postura brasileira, exceto sobre a questão dos maus tratos. “Sobre os maus tratos é algo a averiguar, pois não poderia haver. Mas houve deportados brasileiros, no governo (Joe) Biden, algemados e aceitos sem discussão pelo governo Lula”, questiona.

O jurista brasileiro não vê o Brasil como uma espécie de “refém” do poderio econômico dos EUA. “São nações independentes com relações diplomáticas sem atritos, no momento”, opina.

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