Não acho que fusão resolve problema de dívida, diz CEO da Latam, sobre Gol e Azul

Na apresentação dos resultados da Latam no quarto trimestre de 2024, o CEO da área no Brasil, Jerome Cadier, foi cauteloso ao comentar o acordo entre Gol (GOLL4) e Azul (AZUL4) sobre uma possível fusão. “Ainda não temos clareza sobre a proposta e as medidas de mitigação”, disse, ao ser questionado sobre o tema pelos jornalistas. No entanto, o executivo diz ter dúvidas se uma combinação de negócios seja de fato a única alternativa para que as concorrentes sobrevivam.

“Tenho minhas dúvidas se uma combinação de negócios é a melhor forma de resolver um problema de dívida”, afirmou Cadier. Ele lembra que a Latam seguiu pelo caminho do Chapter 11 (equivalente a uma recuperação judicial nos Estados Unidos) e saiu “mais forte do que nunca, sem nenhuma necessidade de concentração de mercado”.

Cadier diz que as margens operacionais do setor aéreo brasileiro são “bastante saudáveis”, mas o desafio está em lidar com dívidas elevadas em um ambiente de taxas de juros altas. “Isso faz com que muito dessa margem operacional não apareça no lucro líquido”, afirmou.

“Se isso [a fusão] é inevitável ou não, é difícil dizer a essa altura do campeonato. Mas, são empresas que operam muito bem e que do ponto de vista de pontualidade, cancelamento, serviço, estão no melhor nível mundial. O ativo é muito bom, o problema é a dívida”, disse.

O CEO da Latam no Brasil diz ter certeza de que o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) fará um análise profunda da proposta e apresentar medidas adequadas de mitigação.

“O que a gente não quer é um mercado mais concentrado, com menos opções para passageiros, preços mais altos e menor crescimento, é isso que a gente tem que evitar”, disse Cadier.

“Falar de 60% [de fatia de mercado que as concorrentes teriam] é uma coisa, mas quando a gente olha cidade a cidade, a gente vai ver algumas onde a concentração pode chegar a 90%”, afirmou o CEO.

Cadier diz que a Latam vai entrar nas discussões sobre essa operação quando houver mais clareza sobre o trâmite.

“A gente tem que esperar um pouco para saber exatamente como vai acontecer, mas vamos participar desse processo, sem dúvida nenhuma. Para conseguir fazer com que a recomendação seja a que faz mais sentido, tanto para a dinâmica do mercado brasileiro, quanto para o cliente e passageiro brasileiro.”

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