A geriatria e a gerontologia na cidade

Pitico Fernando Priamo

Essa é a primeira Coluna do ano. Em 2024 foram produzidas quase 50 edições semanais, aos domingos, publicadas aqui na Tribuna de Minas, versão on-line. O resultado tem sido muito interessante porque o meu objetivo, contando cada vez mais com a sua imprescindível participação, caro leitor e leitora, é colocar a pauta do envelhecimento na boca do povo. Precisamos falar sobre essa fase da nossa vida, que é a maturidade. Ainda mais que estamos vivendo mais e vamos viver cada vez mais, onde os centenários serão e já estão sendo cada vez menos raros.

Pois bem! Desejo, em rápidas palavras, apresentar uma breve distinção entre o que é a geriatria e o que é a gerontologia. Do que elas se ocupam? Ambas acolhem o envelhecimento de todos nós. A geriatria é uma especialidade médica, restrita ao profissional médico ou médica, que cuida da saúde orgânica, fisiológica das pessoas idosas. Sendo repetitivo. Atua diretamente na saúde das pessoas idosas.

Por seu turno, a gerontologia também atua na saúde das pessoas idosas, porém sem a indicação ou prescrição de medicamentos. Se a gente entende ter saúde como sendo uma condição de vida muito mais do que tomar remédios e comprimidos (entendo que seja fundamental a administração dos medicamentos, dependendo do caso), a indicação de atividades pode, com certeza, contribuir para o alcance do bem-estar e da qualidade de vida no envelhecimento.

Ter saúde, então, passa a ser a reunião de aspectos físicos, sociais, psicológicos, financeiros e espirituais reunidos nessa fase da existência. Por isso, defendo a parceria importantíssima da interlocução da geriatria e a da gerontologia nos ambientes de trabalhos com as pessoas idosas. Voltando o nosso olhar para a realidade da nossa cidade, que tem extraoficialmente mais de 100 mil pessoas com 60 anos ou mais, há de se perguntar: onde estão os profissionais desta áreas?

Estão no SUS da cidade, mas são bem poucos. Correspondem, mais ou menos, a quantidade de dedos de uma mão só. Nos hospitais, apesar de alas compostas por pessoas idosas, eles não pegam o elevador, não estão presentes. Essa realidade precisa mudar. E uma forma dessa mudança acontecer é as instituições de ensino superior cumprirem o Estatuto da Pessoa Idosa, quando da indicação sobre a obrigatoriedade de introduzir o ensino em geriatria e gerontologia nas grades curriculares.

Os futuros profissionais recém-formados nas faculdades devem ter conteúdos ligados ao envelhecimento, vindo eles trabalharem ou não com as pessoas idosas. A geriatria e a gerontologia de Juiz de Fora precisa ser ampliada e precisa também, ter, como em todo o país, mais atenção e reconhecimento de toda a sociedade sobre a importância do trabalho que desenvolvem. E do quanto que são imprescindíveis para a conquista de um envelhecimento ativo e saudável.

Nessa direção de buscar visibilidade para a questão das pessoas idosas na cidade, eu penso que é preciso também politizar o trabalho da geriatria e da gerontologia: quem na nossa cidade levanta a bandeira, politicamente, das pessoas idosas na Câmara Municipal? Proteção animal, nada contra, cresceu de representatividade política, com a conquista, merecida, de uma secretaria; mas, para o bem-estar das pessoas idosas, temos o quê? A atenção para essas questões levantadas está na organização política do segmento das pessoas idosas, no Conselho de Direitos da Pessoa Idosa, nos seus movimentos sociais com os atores envolvidos.

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