Doação de sangue: entenda o passo a passo de como fazer em 2025

doação de sangue

O começo de ano costuma ser um período mais complexo quando se trata de doação de sangue. Hospitais tendem a ver um aumento na demanda por sangue nos períodos de final e começo de ano, mas é justamente nessa época em que há menos doadores, por conta de férias e feriados. 

De acordo com o Ministério da Saúde, em 2023, 1,6% da população brasileira doou sangue no Sistema Único de Saúde (SUS). No total, foram mais de 3,2 milhões de bolsas coletadas. A recomendação considerada ideal pela Organização Mundial da Saúde, por sua vez, é a de que pelo menos 3% da população faça doação.

Especialistas reforçam que somente uma bolsa pode salvar até quatro vidas e, portanto, é crucial que haja voluntários. Diante desse cenário, urge a necessidade de aumentar as doações, uma vez que o sangue não pode ser fabricado nem comprado.

Passo a passo da doação de sangue

A doação de sangue é fácil e simples. Não houve nenhuma alteração recente em seu processo, o que torna a organização pessoal na hora de ir doar ainda mais tranquila. Em relação ao local, é só encontrar o hemocentro ou hospital que aceita doações mais próximo.

Araci Sakashita, coordenadora médica do Departamento de Hemoterapia e Terapia Celular do Hospital Albert Einstein, explica que o processo de doação segue um fluxo bem definido.

“O processo não sofreu alterações nos últimos anos e consiste de: cadastro, questionário clínico, verificação da pressão arterial, batimentos cardíacos e nível de hemoglobina, coleta da bolsa de sangue e amostras para exames laboratoriais, encaminhamento do doador para a sala de lanche, e, por fim, a liberação do doador”, disse.

Na hora do cadastro, é necessário um documento com foto. Depois disso, parte da triagem é uma entrevista com um profissional de saúde. 

Segundo Aline Miranda de Souza, médica hematologista e hemoterapeuta no IBCC Oncologia, quem realiza a entrevista pode ser um enfermeiro, mas outros profissionais da área que tenham nível superior podem estar habilitados para extrair as informações.

A médica reforça que a triagem tem dois objetivos:

  • Obter informações que possam definir se aquela pessoa pode doar sangue reconhecer se a doação não fará mal para o doador; e
  • Analisar se aquele doador tem alguma doença que pode ser transmitida pelo sangue.

“A triagem inclui a avaliação dos sinais vitais e a verificação da hemoglobina. Apenas após a aprovação nesses exames é que o doador pode seguir para a coleta”, afirma Aline.

Doação de Sangue: Imagem: Freepik

Araci explica que o sangue doado passa por rigorosos exames laboratoriais para garantir que ele esteja seguro para a transfusão, como a tipagem sanguínea e outros testes obrigatórios para conferir se há agentes infecciosos que podem ser transmitidos pelo sangue. Somente depois desse processo que o sangue pode ser utilizado.

Em relação ao tempo do procedimento, as especialistas comentam sobre a rapidez: o tempo total para realizar todas as etapas da doação é de cerca de 40-50 minutos. Na sequência, é obrigatório que o doador tome um lanche para garantir que não haja algum mal-estar. 

Cuidados importantes antes e depois da doação

A preparação para a doação de sangue exige cuidados, tanto antes quanto após o procedimento. A médica hematologista ressalta a importância de estar bem alimentado e descansado, para que não haja complicações na hora da doação.

“Antes da doação, é importante ter dormido pelo menos 6 horas na noite anterior, evitar alimentos gordurosos nas 3 horas que antecedem a doação e, após a coleta, ingerir bastante líquido e não fazer esforço físico nas primeiras 24 horas.”

Tudo isso é necessário por conta da quantidade de sangue doado. “O volume de sangue que pode ser coletado varia entre 400 e 500 ml, e essa decisão sobre o volume vai ser tomada com base em alguns critérios, como o peso do doador”, explica Aline. 

Além do descanso, quem trabalha no período noturno deve evitar doar sangue pela manhã. Outra orientação é não ingerir bebidas alcoólicas, com a necessidade de intervalo de 12 horas antes da doação.

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Os cuidados continuam no pós. As especialistas recomendam evitar carregar peso no braço da punção, assim como evitar atividades físicas em geral no primeiro dia. A hidratação também é indispensável, já que o corpo redistribui líquidos para compensar o sangue retirado. 

Outra informação importante é que quem realiza doação de sangue tem direito a afastamento do trabalho no dia.

Quem pode doar sangue?

Os critérios para a doação de sangue permanecem os mesmos, com a exigência de que o doador tenha entre 16 e 69 anos. 

Quando se trata de menores de idade, é melhor que o responsável esteja junto, mas não é preciso. 

“Mas é obrigatório apresentar essa autorização, e cada banco de sangue tem um formulário próprio para isso, então essa permissão precisa estar formalizada”, disse Aline. 

A médica pontua que doadores da faixa dos 60 a 69 anos podem doar, contanto que não seja a primeira doação da vida da pessoa. 

“Além disso, o doador deve ser uma pessoa saudável do ponto de vista geral e pesar mais de 50 kg.”

Outras limitações na hora de doar são problemas de saúde – apenas se não estiverem controlados – como hipertensão, diabetes e depressão.

“Mas, quando a pessoa tem algum problema de saúde, a gente sempre orienta que entre em contato por telefone com o banco de sangue onde pretende doar para tirar dúvidas”, esclareceu Aline.

As especialistas também apontam que pessoas com cirurgias recentes ou que estão passando por algum procedimento médico também devem entrar em contato com o banco de sangue antes da doação.

Principais restrições para doadores

Há algumas restrições para quem deseja doar sangue. Araci Sakashita explicou que algumas condições de saúde podem impedir a doação. 

“O uso de medicamentos, tratamento dentário, cirurgias, vacinas e situações de risco acrescido de exposição a agentes infecciosos que podem ser transmitidos pelo sangue são avaliados durante a entrevista clínica.”

“Além disso, quem fez recentemente uma tatuagem precisa esperar 12 meses para doar sangue, e quem passou por procedimentos como endoscopia deve aguardar seis meses”, disse Araci.

Outras condições são:

  • Não estar grávida ou amamentando;
  • Não ter tido parto ou aborto nos últimos 3 meses;
  • Não ter piercing em cavidade oral ou região genital;
  • Não ter tido febre, infecção bacteriana ou gripe há menos de 15 dias;
  • Não ter visitado área endêmica de malária há menos de 1 ano;
  • Não ter diabetes em uso de insulina ou epilepsia em tratamento.

Aline complementa, mencionando que, em casos de uso de medicamentos específicos, o ideal é que o doador entre em contato com o banco de sangue para confirmar o prazo necessário após a suspensão do uso do remédio.

Para os doadores frequentes, tanto Araci quanto Aline enfatizam a importância de respeitar os intervalos entre as doações. 

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O intervalo mínimo entre as doações de sangue é de 60 dias para homens e 90 dias para mulheres. Além disso, é recomendado que homens não doem mais do que quatro vezes ao ano, enquanto mulheres devem limitar as doações a três vezes por ano.

“Embora não existam recomendações universais para reposição de vitaminas, orientamos os doadores frequentes a manter uma alimentação balanceada para repor os nutrientes, especialmente ferro”, explicou Aline.

Por que doar?

Apesar dos desafios, a doação de sangue continua sendo crucial para a saúde pública. Uma única bolsa de sangue pode beneficiar até quatro pacientes, o que torna cada doação ainda mais importante.

“Sangue não pode ser fabricado ou comprado, portanto, a única forma de garantir o abastecimento dos bancos de sangue é a doação. A cada doação, o doador contribui diretamente para salvar vidas”, concluiu Araci.

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