Presidente da Câmara minimiza 8/1: “Golpe tem que ter um líder”

O deputado federal Hugo Motta (Republicanos-PB), presidente da Câmara. Foto: Mário Agra/Câmara dos Deputados

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou que o ataque golpista de 8 de janeiro de 2023 não pode ser classificado como uma tentativa de golpe de Estado e reclamou das penas aplicadas aos bolsonaristas. Ele minimizou o episódio ao ser questionado sobre o projeto de lei que anistia os condenados em entrevista a uma rádio da Paraíba.

“O que aconteceu não pode ser admitido que aconteça novamente. Foi uma agressão às instituições, uma agressão inimaginável, ninguém imaginava que aquilo pudesse acontecer. Agora, querer dizer que foi um golpe… Golpe tem que ter um líder, tem que ter pessoa estimulando, apoio de outras instituições interessadas, como as Forças Armadas, e não teve isso”, afirmou.

Motta ainda diz que a invasão foi protagonizada por “vândalos e baderneiros” que queriam “demonstrar sua revolta” após a derrota do ex-presidente Jair Bolsonaro nas eleições. “Achavam que aquilo poderia resolver, talvez, o não prosseguimento do mandato do presidente Lula. E o Brasil foi muito feliz na resposta, as instituições se posicionaram de maneira muito firme”, avalia.

O parlamentar ainda criticou as penas impostas aos condenados pelo Supremo Tribunal Federal (STF), dizendo que existe “um certo desequilíbrio”. Motta defende que apenas os que depredaram patrimônio público devem ser punidos.

“Não pode penalizar uma senhora que passou ali na frente do palácio, não fez nada, não jogou uma pedra e recebeu 17 anos de pena para regime fechado. Há um certo desequilíbrio nisso. Nós temos que punir as pessoas que foram lá, quebraram, depredaram. Essas sim precisam ser punidas. Entendo que não dá para exagerar no sentido das penalidades com quem não cometeu atos de tanta gravidade”, acrescenta.

O ataque golpista de 8 de janeiro de 2023 em Brasília. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Motta foi eleito com 444 votos na Câmara e teve apoio de partidos como PT e PL, de Bolsonaro, um dos principais articuladores do projeto de anistia aos golpistas. O presidente da Câmara diz que o tema pode gerar crise com o Judiciário e o Executivo, e por isso terá “calma” para analisar o texto.

“Não posso dizer que vou pautar semana que vem ou que não vou pautar de jeito nenhum. É um tema que estamos digerindo, conversando, porque o diálogo tem que ser constante. Todos que me apoiaram sabiam que eu tinha apoio dos dois. Não se pode exigir que eu ‘desbalanceie’ a minha atuação, porque não posso ser incorreto com ninguém. Me cabe ser correto com todos e conduzir a Casa com isenção”, completou.

Apesar da avaliação de Motta, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), classificou o episódio como uma tentativa de golpe e já rejeitou a hipótese de anistia.

Em novembro passado, após um bolsonarista se explodir em atentado terrorista na frente do prédio do Supremo, o magistrado afirmou que “o criminoso anistiado é um criminoso impune e a impunidade vai gerar mais agressividade.

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