Falta de professores contratados compromete aulas na rede municipal

aula escola sala by fernando priamo2

Falta de aulas nas escolas municipais
(Foto: Arquivo Pessoal)

A rede municipal de ensino de Juiz de Fora enfrenta falta de professores, afetando o aprendizado de alunos em diversas escolas. De acordo com educadores e pais, a falta de profissionais tem resultado em alterações nos horários das aulas e redução do conteúdo apresentado, impactando escolas, alunos e responsáveis.

Uma mãe, que preferiu não se identificar, relata que as mudanças constantes prejudicam não apenas a educação dos filhos, mas também sua rotina de trabalho. “Além de comprometer o aprendizado, preciso reorganizar todo o meu dia para buscá-los na escola. Muitas vezes, nem consigo ir trabalhar porque não tenho com quem deixá-los.”

Ela também destaca a imprevisibilidade dos horários. “Trabalho com agendamento, mas entre 11h e 13h evito marcar compromissos, pois nunca sei se eles sairão mais cedo. Quando isso acontece, preciso levá-los ao trabalho comigo, o que gera ainda mais preocupação. O horário das aulas deveria ser das 8h às 16h, mas isso não está sendo cumprido.”

Outra mãe, cujo filho está no segundo ano do ensino fundamental, afirma que ele já foi dispensado diversas vezes devido à falta de professores.

Já um professor, que também preferiu não se identificar, contou ter sido contratado como docente de apoio, mas precisou atuar como professor de outra disciplina devido à ausência de um profissional da área. A situação se repete disciplinas, como português, história e matemática.

Além disso, os professores destacam a alta demanda por profissionais de extensão – docentes que já atuam em uma escola, mas são convocados para suprir a necessidade de outra unidade. No entanto, essa prática é vista pela categoria como não vantajosa, pois o salário não seria condizente com a carga extra de trabalho.

Procurado, o Sindicato dos Professores de Juiz de Fora (Sinpro-JF) informou que está fazendo um levantamento por escola para verificar em quais o quadro ainda não foi completado para as devidas cobranças à Prefeitura. A Tribuna demandou a Secretária de Educação sobre o número de vagas para contração em aberto e a previsão de preenchimento, mas, até o fechamento desta edição, não obteve retorno.

Professor de apoio também é demanda

No dia 8 de janeiro, a Prefeitura anulou a contratação temporária de professores para a rede após denúncias de que as vagas para professor de apoio (PDA) do fundamental 2 não estavam sendo disponibilizadas para escolha dos educadores. A decisão gerou preocupação entre professores e responsáveis, uma vez que a falta de profissionais já vinha impactando o funcionamento das escolas. Diante da situação, a Prefeitura retomou o processo seletivo no dia 23 de janeiro, com a previsão de que todos os docentes estivessem em sala de aula até o dia 31 daquele mês. 

Apesar da contratação de 956 PDAs anunciada pela Administração municipal, ainda há relatos de déficit. Uma professora de apoio, que preferiu não se identificar, afirmou que, atualmente, é responsável por três alunos autistas, sendo dois com grau severo. Segundo ela, a coordenação da escola já solicitou mais profissionais para atender a demanda, mas o pedido ainda não foi atendido.

Ausência da disciplina de artes é pauta em assembleia

O Sinpro-JF realizou, nesta terça-feira (18), uma assembleia para debater questões da rede municipal para o ano de 2025. Um dos principais pontos discutidos foi a falta de contratação de professores e a exclusão da disciplina de Artes nas escolas municipais.

Em nota, o sindicato afirmou ter sido surpreendido pela decisão da Secretaria de Educação. “Fomos pegos de surpresa com a exclusão dos professores de Linguagens Artísticas da Educação Infantil e dos Anos Iniciais, o que consideramos um grande retrocesso. Já realizamos reuniões com esses profissionais e estamos promovendo diversas iniciativas para mobilizar a comunidade e reforçar a importância da reversão dessa medida.”

A entidade também criticou a decisão por contrariar o referencial curricular da rede municipal, que reconhece a Arte como área do conhecimento e parte essencial da educação. Já a Prefeitura informou que a questão segue em avaliação pedagógica e técnica. Além disso, destacou que a pauta está sendo discutida em diálogo com o sindicato.

Merenda preocupa

A Tribuna também recebeu queixas de pais e professores sobre a falta parcial de merenda em algumas escolas municipais. Uma professora, que preferiu não se identificar, afirmou que, apesar do recebimento de insumos, a quantidade tem sido reduzida, especialmente no caso das proteínas. Em nota, a Prefeitura negou a falta de alimentação escolar. Segundo o órgão, ajustes com fornecedores no início do período letivo causaram o desabastecimento de alguns itens por poucos dias, mas a situação foi normalizada na última semana. No entanto, outra professora relatou que, além da escassez de proteínas, outros itens essenciais, como alho e temperos, também estão em falta nesta semana.

O Sindicato dos Professores de Juiz de Fora (Sinpro-JF) afirmou que acompanha a situação e classificou o cenário como crítico. “A merenda escolar enfrenta um verdadeiro caos, com a falta de diversos gêneros alimentícios, especialmente carne. Além disso, há irregularidades no abastecimento de itens como arroz, macarrão, feijão, farinha e legumes, comprometendo a alimentação dos alunos, que são os mais afetados. A escassez atinge, em diferentes proporções, todas as escolas, impactando diretamente estudantes que passam quatro horas no turno regular e até oito horas no ensino integral.”

O sindicato também criticou a postura da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (SEAPA), responsável pela distribuição dos alimentos, afirmando que a pasta tem minimizado a gravidade do problema. Além disso, apontou falhas na comunicação entre as secretarias envolvidas, o que deixa as direções escolares sem informações sobre a chegada dos alimentos e os motivos da irregularidade no fornecimento. “Essa falta de transparência gera insegurança e dificulta a gestão escolar, pois as direções são constantemente cobradas pelos pais.”

Diante desse cenário, o Sinpro-JF solicitou uma reunião conjunta com a Secretaria de Educação (SE) e a SEAPA para discutir soluções urgentes e garantir previsibilidade no abastecimento da merenda escolar.

*estagiária sob supervisão da editora Fabíola Costa

 

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