Arteterapia: conheça os benefícios da arte para a saúde mental

Seja na pintura, na música, no teatro ou na literatura, a prática artística pode trazer alívio para dores emocionais, reduzir o estresse e melhorar a qualidade de vida. Estudos reforçam essa conexão entre arte e bem-estar, apontando que a cultura gera um impacto positivo na saúde mental e na produtividade da sociedade.

Realizado pelo Departamento de Cultura, Mídia e Esporte (DCMS), em parceria com a University College London e a Organização Mundial da Saúde, o estudo divulgado pelo The Guardian demonstrou que a participação em atividades artísticas pode ajudar no combate à depressão, reduzir a fragilidade e até diminuir a necessidade de medicamentos. 

Pessoas idosas que frequentaram aulas de desenho, por exemplo, apresentaram menor necessidade de consultas médicas e relataram maior satisfação com a vida. Entre jovens adultos, aqueles que se envolveram com atividades culturais se sentiram mais felizes e encontraram maior significado na vida.

A pesquisa ainda revelou um impacto econômico significativo: a arte e a cultura geram cerca de £ 8 bilhões (equivalente a R$ 60 bilhões) por ano em benefícios sociais, tanto pela melhoria da qualidade de vida quanto pelo aumento da produtividade no trabalho.

Arteterapia e revolução na psicologia

No Brasil, uma das maiores defensoras do uso da arte como ferramenta terapêutica foi a psiquiatra Nise da Silveira (1905-1999). Em uma época em que o tratamento de doenças mentais era marcado por práticas invasivas e violentas, como eletrochoques e lobotomias, Nise inovou ao propor um método humanizado, no qual os pacientes poderiam se expressar por meio da pintura e da modelagem.

Atuando no Centro Psiquiátrico Nacional Pedro II, no Rio de Janeiro, ela percebeu que a arte ajudava os pacientes a ressignificarem suas experiências e emoções. Com isso, fundou o Museu de Imagens do Inconsciente, que exibe as obras produzidas por seus internos. Seu trabalho também foi pioneiro no uso da terapia assistida por animais, permitindo que os pacientes criassem vínculos afetivos com cães e gatos.

Para a psicóloga Adriana Woichinevski Viscardi, doutora em Psicologia Social, a contribuição da psiquiatra Nise da Silveira é extremamente importante para a humanização do tratamento em saúde mental. “A arte é muito poderosa para isso, para todos nós. A doutora Nise da Silveira revolucionou a psiquiatria ao substituir o tratamento desumanizado (e desumanizante) de um hospital psiquiátrico por atividades artísticas. Ao exibir esta produção, os pacientes melhoravam sua autoestima e socialização, tendo alguns deles sido reconhecidos como importantes artistas, que produziam inegáveis obras de arte, dramáticas e belas. Hoje, elas ganharam um museu próprio, o Museu de Imagens do Inconsciente, no Rio de Janeiro, e podem ser conferidas pela internet também.”

A arte como alívio emocional

Adriana destaca que a arte não apenas auxilia na expressão emocional, mas também ajuda os profissionais da área a compreenderem os conteúdos psíquicos dos pacientes. “A arte permite que os pacientes expressem seus sentimentos de forma simbólica e acompanhem sua própria evolução emocional.” Ela também ressalta que os benefícios da arte não devem ser limitados a um padrão estético ou comercial. “O importante não é o resultado final, mas o processo de criação. Quando nos envolvemos com a arte, passamos a perceber o mundo de maneira diferente, encontrando beleza nas pequenas coisas do dia a dia.”

Para a terapeuta e nutricionista Ariele Sousa e a psicóloga e aquarelista Bianca Bellonia, idealizadoras do projeto Nutrindo Relações, a arte permite a experimentação sem julgamentos, promovendo alívio emocional. “A arte ajuda na ressignificação e na simbologia, ou seja, pode ser um meio para projetar emoções internas e reinterpretá-las, facilitando processos terapêuticos profundos”, explicam.

Além disso, destacam que a expressão artística traz movimento e fluidez, pois o fluxo natural do processo criativo libera tensões físicas e emocionais, promovendo equilíbrio. “A atividade artística ativa o sistema parassimpático, diminuindo o estresse e a ansiedade, contribuindo para o bem-estar emocional e mental”, completam.

Projeto Nutrindo Relações promove encontro on-line

O projeto Nutrindo Relações explora o potencial da arte no fortalecimento da autoestima e na redução da ansiedade. As terapeutas utilizam a aquarela como ferramenta terapêutica, pois acreditam que a fluidez das cores misturadas à água ajuda a trazer conteúdos inconscientes à tona.

“A arte permite experimentação sem julgamentos, promovendo alívio emocional. Além disso, ao compartilhar as criações, os participantes acessam histórias e perspectivas uns dos outros, fortalecendo laços sociais”, conta Bianca. Já Ariele completa: “O primeiro passo para quem nunca teve contato com a arte é simplesmente se permitir explorar. O segredo é deixar de lado a cobrança pelo resultado e focar no prazer do processo criativo”.

O projeto promove nesta quinta-feira (20) o evento Vision Board: Sonhos e Metas em Cores às 19h, de forma on-line. O intuito é, justamente, que o encontro seja um facilitador no processo terapêutico de despertar desejos reprimidos. Para se inscrever é necessário entrar no perfil do Instagram do projeto, @nutrindo.relações.

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*Estagiária sob supervisão da editora Cecília Itaborahy

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