Renner: ação chega a desabar 10% após 4T e nem recompra “salva”: o que desagradou?

Lojas Renner (LREN3)

Os resultados do quarto trimestre de 2024 (4T24) da Lojas Renner (LREN3) não agradaram nem um pouco o mercado. Às 10h12 (horário de Brasília), as ações LREN3 caíam 8,83%, a R$ 12,50, nesta sexta-feira (21), após chegarem a cair mais de 9% (-9,85%, mais precisamente).

Em relatório, a XP Investimentos destacou que a varejista de vestuário reportou resultados fracos no 4T, com uma performance de vendas em linha, mas com um lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) menor do que o esperado, pela margem bruta mais fraca e pagamento de bônus.

O Ebitda ajustado da companhia somou R$ 1,025 bilhão no período, alta de 1,7% em base anual, enquanto o esperado era de R$1,096 bilhão, conforme dados da LSEG. Já o Ebitda ajustado (excluindo créditos fiscais e write-offs) ficou 8% abaixo da projeção da XP, devido a maiores pagamentos de bônus e outras despesas, enquanto nota um efeito negativo de R$133 milhões devido a impairments/write-offs.

As vendas líquidas consolidadas subiram 8%, impulsionadas pelo desempenho do varejo (+10%, vendas mesmas lojas ou SSS +8,9%), pelo crescimento do volume e a uma contribuição cambial positiva da Argentina, enquanto as vendas da Realize permaneceram pressionadas (-4%) por uma concessão de crédito mais conservadora.

Consequentemente, a sua carteira de crédito manteve-se estável em relação ao ano anterior.

“A rentabilidade foi o destaque negativo, com a margem bruta menor e pagamento de bônus contribuindo para o resultado pior do que o esperado”, avaliam Danniela Eiger, Gustavo Senday e Laryssa Sumer, que assim o relatório.

No varejo, a margem bruta diminuiu 0,2 ponto percentual (p.p.) A/A e 2,2 p.p. abaixo do 4T19, apesar de o trimestre ter atingido níveis recorde de remarcação de preços, com a empresa mencionando que não repassou a pressão cambial nos preços.

“Apesar de notarmos a base de comparação difícil, acreditamos que a margem bruta foi uma surpresa negativa e deve levantar preocupações entre os investidores sobre a recuperação desse indicador”, avalia.

A XP ressalta ser importante notar que: i) a empresa mencionou que espera desafios externos “importantes” em 2025, o que pode levar a um desempenho mais moderado no setor; ii) a empresa anunciou um programa de recompra de até 75 milhões de ações (cerca de 7% de das ações em circulação ou de R$1 bi a preços atuais), para os próximos 18 meses; iii) acelerou seu hedge ao longo do 4T, com 34% dos pedidos do 1T protegidos a um câmbio de R$ 6,28, versus 18% a R$ 5,51 no 3T; iv) os créditos fiscais registraram uma queda significativa para R$ 39 milhões versus R$150 milhões no 4T23, embora sempre tenhamos assumido que não é um ganho recorrente; e v) Camicado reportou margem recorde (de 56,6%), resultado de uma maior penetração da marca própria e uma gestão de estoques mais eficiente, que levou as vendas/m² para cima, em +17% na base anual”.

O Bradesco BBI também apontou que, se excluídos do balanço os fatores não operacionais (por exemplo, crédito fiscal), que tiveram um impacto positivo menor nos números relatados em relação ao ano anterior, o EBT (lucro antes dos impostos) seria 7% abaixo da sua estimativa.

“À luz dos resultados pouco inspiradores e abaixo das expectativas, não acreditamos que um potencial sentimento positivo sobre o programa de recompra possa reverter a mensagem dos fundamentos. Acreditamos que os motivos que apontamos para justificar nosso recente rebaixamento da Lojas Renner – ou seja, revisão para baixo e menor convicção estrutural – estão de certa forma capturados nos números e mensagens do 4T24”, avalia o BBI, que mantém recomendação neutra e preço-alvo de R$ 16 para os ativos.

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