Broncoespasmo: o problema que agravou a saúde do Papa Francisco

Papa Francisco durante missa. Foto: Divulgação

Nesta sexta-feira, 28 de fevereiro, o Vaticano anunciou que o Papa Francisco sofreu um agravamento no quadro respiratório devido a uma crise de broncoespasmo, resultando em vômito com aspiração. O episódio exigiu intervenção médica imediata, com a aplicação de ventilação mecânica não invasiva.

Segundo o comunicado oficial, o pontífice havia passado a manhã com fisioterapia respiratória e oração, mas, no início da tarde, apresentou uma crise isolada de broncoespasmo que causou um súbito agravamento da função respiratória.

O comunicado do Vaticano detalhou que o Papa Francisco foi prontamente submetido a uma broncoaspiração, procedimento realizado para remover secreções das vias respiratórias, e iniciou o uso de ventilação mecânica não invasiva, respondendo bem ao tratamento e apresentando melhora nas trocas gasosas. “O Santo Padre está sendo monitorado e sua saúde está evoluindo de forma positiva após o procedimento”, informou o Vaticano.

De acordo com o pneumologista André Albuquerque, coordenador do setor de pneumologia na Rede D’Or São Paulo, o broncoespasmo ocorre quando os músculos das vias respiratórias se contraem de forma exagerada, dificultando a passagem de ar para os pulmões.

Embora o broncoespasmo não cause vômito por si só, a dificuldade extrema para respirar pode levar a um esforço abdominal que provoca o vômito. Outra explicação seria a aspiração do vômito para os pulmões, o que pode irritar ainda mais as vias respiratórias.

Causas do broncoespasmo . Foto: Divulgação

O risco de broncoaspiração é significativo, pois líquidos aspirados podem contaminar as vias respiratórias e, em pacientes com inflamação brônquica, como em casos de bronquite, essa complicação pode agravar o quadro respiratório ou até levar a infecções pulmonares.

O tratamento de ventilação mecânica não invasiva, utilizado no caso do Papa Francisco, consiste no uso de uma máscara facial para auxiliar na respiração, empurrando o ar para os pulmões sem a necessidade de intubação. Esse método é geralmente utilizado para casos menos graves e permite que o paciente mantenha a capacidade de falar e se alimentar, ao contrário da ventilação mecânica invasiva, que exige a inserção de um tubo na traqueia.

O Papa Francisco, de 88 anos, foi internado em 14 de fevereiro com sintomas iniciais de bronquite e, posteriormente, diagnosticado com uma infecção polimicrobiana e pneumonia bilateral. A pneumonia bilateral é particularmente preocupante, pois afeta ambos os pulmões, sendo uma condição mais grave, especialmente em pessoas com função respiratória já comprometida.

Em 22 de fevereiro, o pontífice teve uma crise respiratória asmática prolongada, e exames indicaram trombocitopenia e anemia, condições que exigiram transfusões de sangue. No dia seguinte, foi diagnosticada insuficiência renal leve, embora o Papa não tenha apresentado outra crise respiratória grave.

Embora o Vaticano tenha informado que o Papa teve uma noite tranquila antes do episódio desta sexta-feira, sua saúde continua sendo monitorada de perto. A ventilação mecânica não invasiva foi eficaz em estabilizar o quadro respiratório, mas os médicos continuam vigilantes, já que o risco de complicações respiratórias é elevado. O Vaticano declarou que a saúde do Papa está “melhorando” após a intervenção e que ele segue em tratamento intensivo.

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