O bate-boca de Trump e Zelensky marca o divórcio na OTAN entre EUA e Europa

Zelensky e Trump batem boca na Casa Branca: divórcio na OTAN

A cena na Casa Branca poderia ser apenas mais um episódio da diplomacia teatral que virou praxe na política internacional, mas o bate-boca entre Volodymyr Zelensky e Donald Trump simbolizou algo muito maior. Foi o momento em que o casamento turbulento entre Estados Unidos e Europa começou a exibir, sem disfarces, os sinais do divórcio litigioso que se aproxima.

A tensão entre Washington e Kiev não foi apenas uma crise pessoal entre dois líderes de extrema-direita. Ela expôs o desgaste profundo na relação entre os EUA e seus aliados europeus, um relacionamento que por décadas foi considerado inabalável. Desde a Segunda Guerra Mundial, americanos e europeus vinham operando como dois polos do mesmo império global. Agora, esse império racha, e a separação pode ser uma das maiores mudanças geopolíticas do século 21.

A Casa Branca montou o cenário perfeito para Trump sair como o grande líder que resolve a guerra da Ucrânia em 24 horas. Tudo estava armado para uma assinatura simbólica, uma aliança reforçada, um jogo de cena para os noticiários. Mas Zelensky estragou a festa. Ele se recusou a seguir o script, questionou as exigências de Washington e reagiu com raiva à postura imperial de Trump.

O presidente americano já havia dado sinais de que considerava a aliança EUA-Europa um fardo. A guerra na Ucrânia se tornou um negócio ruim para os americanos, que gastam bilhões sem retorno direto, enquanto europeus tentam manter um papel de coadjuvantes relevantes. A explosão do palhaço Zelensky deixou claro que Kiev – e por extensão a Europa – já não pode mais contar com o respaldo incondicional de Washington.

O divórcio da OTAN e a nova geopolítica

A OTAN foi criada como um pacto de proteção mútua contra ameaças externas, mas nos últimos anos se tornou um projeto que só beneficia um lado: a elite militar-industrial americana. Trump já percebeu isso e prefere investir em relações mais diretas e transacionais com atores como Rússia, Israel e Arábia Saudita a manter o compromisso vago com uma Europa que não consegue se sustentar sozinha.

Se os EUA reduzirem sua presença militar no continente europeu, a União Europeia terá que escolher entre duas opções igualmente ruins:

  1. Assumir sua própria defesa, criando um exército europeu independente – o que custaria trilhões e exigiria um alinhamento político que o bloco simplesmente não tem.
  2. Aceitar uma nova realidade em que a Rússia volta a ser a principal força militar na Europa continental, obrigando países como França e Alemanha a negociar diretamente com Moscou.

Seja qual for o caminho escolhido, o velho equilíbrio do pós-guerra está desmoronando. O Ocidente, antes unido pelo sonho do liberalismo imperialista, agora se divide entre o isolacionismo americano e o pragmatismo europeu.

O racha entre EUA e Europa pode parecer um desastre para alguns, mas para o resto do mundo, é o fim de um ciclo de dominação imperialista que durou décadas. Sem a aliança transatlântica como pilar, novos polos de poder surgem: China e Rússia ganham espaço, o Sul Global adquire mais autonomia e o domínio ocidental já não é mais garantido.

Se Trump realmente abandonar a Europa à própria sorte, o mapa geopolítico do século 21 será reescrito.

A guerra na Ucrânia, que começou como um teste de força entre o Ocidente e a Rússia, terminará como um símbolo do fim de uma era.

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