Folha ouve “um expoente do PT” sobre o futuro de Lula. Por Moisés Mendes

Matéria da Folha de S. Paulo. Foto: Reprodução

A Folha escalou a repórter Cátia Seabra para produzir a manchete do domingo em torno do que seria a rede de proteção do PT e das esquerdas em torno de Lula para 2026. Ouviram “um expoente do PT”, sem citar seu nome, para que diga o que dezenas de líderes dos partidos poderiam comentar.

Na semana em que a PGR vai analisar os argumentos das defesas dos golpistas e dar o sinal para que o Supremo siga em frente e transforme Bolsonaro e seus generais em réus, a Folha faz ‘jornalismo investigativo’ sobre o falso dilema das esquerdas diante da perspectiva de ter de apostar em Lula de novo.

É uma matéria que tem mais tripa do que linguiça, como se diz no Alegrete. Duas semanas depois da apresentação da denúncia de Paulo Gonet contra os líderes do golpe e dois anos antes da eleição, a Folha monta uma pauta para focar no falso dilema Lula.

E transforma, pelo planejado, a pauta em manchete, incluindo Flavio Dino entre os que podem ser alternativa a Lula. A Folha aponta o dedo na direção do ministro do Supremo que vem cercando as máfias das emendas: esse aí é do STF, mas ainda é deles e pode ser o novo Lula.

Gilberto Kassab, presidente nacional do PSD, e Tarcísio de Freitas. Foto: Reprodução

Quando a manchete, tratada com chamada num cantinho, deveria ser o racha que a própria Folha mostra entre Tarcísio de Freitas e Gilberto Kassab. Essa sim uma pauta com um impasse grave.

Tarcísio depende mais hoje de Kassab e do PSD do que o contrário, para se fortalecer para 2026 e fragilizar o suporte da direita a Lula.

Mas a Folha produz mais uma manchete para apostar que Lula fraco de tanto levar bordoada, como fizeram com Dilma, pode abrir caminho para a alternativa de direita que não existe, desde o fim do governo de Fernando Henrique.

Há 23 anos Globo, Folha e Estadão batem em Lula, no PT, em Dilma, nas esquerdas e no que se mexer perto deles, para inventar uma criatura que não se viabiliza. A criatura que eles acabaram criando foi Bolsonaro.

A manchete da Folha de hoje é forçada como jornalismo e como tática política. Mas é o que a grande imprensa tem a oferecer. Aguardemos a pauta sobre as ideias de Gusttavo Lima sobre o arcabouço fiscal.

(E esse é o editorial da Folha: “Lula se refugia entre aduladores e reforça erros do governo. Presidente encara impopularidade com lentes do passado, recusa responsabilidade fiscal e se afasta de forças moderadas”.

As forças moderadas devem ser o centrão e todos os similares os que estão tentando saquear o governo.

Receita

Mais uma de Elio Gaspari como conselheiro da extrema direita. Está na Folha o que o jornalista sugere para que o chefe do golpe prepare a fuga, com todas as opções e uma recomendação: o mais fácil seria se entocar na Argentina.

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