Frei Gilson nunca rezou pelo Papa Francisco, mas pelo golpe fez o diabo

O bolsonarista Frei Gilson em missa – Foto: Reprodução

Nos últimos anos, Frei Gilson se tornou um fenômeno digital no Brasil. O carmelita descalço, conhecido por suas longas transmissões de oração no YouTube, atrai milhares de fiéis diariamente, acumulando milhões de visualizações e seguidores. Contudo, um detalhe curioso chama atenção: apesar de suas intermináveis horas de oração pública, nunca dedicou uma sequer pela saúde do Papa Francisco. A ausência não é mero esquecimento. A resposta para isso passa por um contexto maior: Frei Gilson não é apenas um líder religioso, mas um militante da extrema direita e figura associada ao Brasil Paralelo, plataforma conhecida por sua linha editorial conservadora e revisionista.

Oração e Política: Dois Pesos, Duas Medidas

O Papa Francisco, desde o início de seu pontificado, tem adotado uma postura progressista dentro da Igreja Católica, promovendo pautas como o acolhimento de refugiados, a crítica ao neoliberalismo e a defesa do meio ambiente. Essa linha desagrada setores mais conservadores da Igreja, especialmente aqueles ligados ao bolsonarismo e ao fundamentalismo religioso no Brasil.

Frei Gilson, que se apresenta como um sacerdote dedicado à espiritualidade, na prática, alinha-se ideologicamente com grupos que veem o Papa Francisco como um inimigo das “verdadeiras tradições” da Igreja. A relação do frei com figuras da extrema direita brasileira não é velada. Além de suas declarações públicas críticas a pautas progressistas, ele já participou de conteúdos da Brasil Paralelo, empresa que se consolidou como uma produtora de narrativas revisionistas e ultraconservadoras.

O Brasil Paralelo e a Instrumentalização da Fé

A Brasil Paralelo, conhecida por sua abordagem ideológica no tratamento de temas históricos e políticos, encontrou na religião um campo fértil para ampliar sua influência. Nos últimos anos, a produtora passou a investir em documentários e conteúdos voltados ao público católico conservador, promovendo uma visão de Igreja que se opõe a qualquer modernização ou abertura defendida pelo Papa Francisco. Frei Gilson, ao se associar a esse grupo, reforça a ideia de que sua atuação vai além do altar e do púlpito digital – ele é também um agente político.

Enquanto figuras como Frei Betto e Dom Orlando Brandes enfatizam a missão social da Igreja e a importância do evangelho na luta por justiça e igualdade, Frei Gilson representa um movimento reacionário que busca resgatar uma Igreja alinhada a valores tradicionalistas, muitas vezes em confluência com o discurso político da extrema direita.

O Silêncio Como Mensagem

A ausência de orações por Francisco não é um acaso, mas um recado. Em um momento em que o Papa enfrenta desafios de saúde e ataques de setores ultraconservadores, esperar que um frei com alcance nacional dedique uma prece a ele seria natural. O fato de isso não ocorrer demonstra que, para Frei Gilson e seus seguidores, o líder máximo da Igreja Católica não é digno de intercessão. A seletividade de sua espiritualidade reflete a seletividade de sua política.

Enquanto a fé se torna ferramenta de mobilização para determinados grupos, figuras como Frei Gilson reforçam a polarização dentro da própria Igreja. Seu silêncio não é falta de atenção – é escolha deliberada. O discurso de amor e compaixão, tão propagado em suas transmissões, parece valer apenas para aqueles que compartilham de sua visão ideológica.

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