Orquestra Sinfônica Brasileira e Conservatório de Juiz de Fora firmam parceria com aulas e concertos programados para este ano

Para uma vasta quantidade de pessoas, a música está presente nos mais diferentes momentos do dia a dia. Na rua, no carro, no ônibus, lavando louça ou fazendo atividades físicas, há uma trilha sonora para os variados caminhos que a vida parece apresentar. Por meio do programa Conexões Musicais, da Orquestra Sinfônica Brasileira (OSB), o Conservatório Estadual De Música Haidée França Americano apresenta para seus alunos uma nova possibilidade de vivenciar esse fazer artístico em seu cotidiano: a oportunidade de terem aulas de instrumentos com um quarteto de cordas da OSB e se apresentarem, em conjunto, no Cine-Theatro Central, em agosto.

Na próxima sexta-feira (21), um grupo de cordas da Orquestra, composto pelos violinistas Bogdan Hudzelaits e Lucas Farias, pelo violista Samuel Passos e pelo violoncelista Miguel Balloussier, realiza seu primeiro encontro com os alunos do Conservatório. Assumindo o papel de professores, os instrumentistas da OSB vão conduzir atividades com foco no aprimoramento da técnica instrumental desses jovens músicos em início de carreira.

Além das contribuições cognitivas, comprovada por uma série de estudos, o gerente educacional da OSB, Elber Ramos, ressalta que “para fazer parte de uma orquestra é necessário ouvir o outro, fazer parte de uma comunidade, saber a hora de entrar, de tocar mais, de tocar menos”. E segue: “Esse senso comunitário é muito importante na música. Além disso, existe a parte do desenvolvimento educacional, pois a criança está lidando com a matemática, com a física e com o tempo. Isso traz um desenvolvimento no dia a dia de estudo, com sua família e sua comunidade”.

Após esse encontro presencial, outros seguirão ocorrendo mensalmente ao longo do ano, de maneira remota. Em agosto, o quarteto de cordas da OSB retorna presencialmente e realiza, junto dos alunos, apresentações especiais em Juiz de Fora. Serão oferecidas duas sessões de concertos didáticos para alunos de escolas públicas juiz-foranas no Cine-Theatro Central, às 10h e às 14h, no dia 10 de agosto. Os concertos didáticos são apresentações musicais comentadas, que demonstram os instrumentos e a música orquestral de forma lúdica e participativa. 

Para o público em geral, ocorre também em agosto um concerto para celebrar a integração entre a Orquestra Sinfônica Brasileira e o Conservatório Estadual De Música Haidée França Americano, onde o quarteto de cordas irá se apresentar juntos aos alunos participantes do projeto, mostrando o resultado das interações desenvolvidas ao longo do ano. 

Novas possibilidades

Como um de seus principais objetivos, a OSB busca democratizar o acesso à música para diversas regiões do país. Tendo passado por mais de 11 estados brasileiros e 40 cidades, o programa Conexões Musicais é uma forma de “trazer novos horizontes” para crianças e jovens que não tinham na música uma possibilidade de vida, como afirma Elber. 

Ainda de acordo com o gerente educacional, a música pode ser um hobbie, uma diversão, mas também uma profissão. “Principalmente quando nos apresentamos nas escolas, os concertos didáticos costumam ser a primeira oportunidade de uma criança ver um concerto sinfônico. Também queremos demonstrar que música é alternativa de carreira, se assim o aluno desejar.” 

Essa premissa de ir até o território das crianças faz com que o projeto siga transformando positivamente suas vidas. No caso de alunos que estão na periferia da sociedade, há o impacto de fazer com que a criança seja vista, tornando-se protagonista dessa trajetória. “Temos impactado algumas escolas diminuindo a evasão escolar. A escola se tornou um lugar mais feliz, aponta o levantamento que fizemos com alguns alunos. A visão que as crianças têm da escola é transformada pela música. Ela se descobre sendo artista. A visão do espaço, que era deturpada, ganha um novo olhar. A escola é um lugar onde ela pode encontrar felicidade. Isso impacta não só na evasão escolar, mas nas notas e escala geral como um todo.”

São muitas histórias marcantes. Crianças com autismo não-verbal que desenharam a Orquestra, um menino amazonense interagindo com os músicos e os instrumentos após ter assistido pela televisão de sua avó um espetáculo similar, uma criança da Baixada Fluminense que se descobriu artista após aulas de canto coral – são apenas algumas das histórias contadas por Elber. “Nosso objetivo não é transformar a criança em um músico profissional. Queremos impactar no dia a dia dela, trabalhar em uma transformação social, mostrar caminhos possíveis. Não queremos que ela goste de música de concerto, só queremos mostrar para que ela tenha o privilégio da escolha, coisa que muitas crianças não têm.”

Orquestra Sinfônica Brasileira 

Fundada em 1940, a Orquestra Sinfônica Brasileira é reconhecida como um dos conjuntos sinfônicos mais importantes do país. Em seus 85 anos de trajetória ininterrupta, a OSB já realizou mais de cinco mil concertos e é reconhecida pelo pioneirismo de suas ações, tendo sido a primeira orquestra a realizar turnês pelo Brasil e exterior, apresentações ao ar livre e projetos de formação de plateia.

Composta atualmente por mais de 70 músicos brasileiros e estrangeiros, a OSB contempla uma programação regular de concertos, apresentações especiais e ações educativas, além de um amplo projeto de responsabilidade social e democratização de acesso à cultura. 

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*Estagiário sob supervisão da editora Cecília Itaborahy

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