VÍDEO – Extrema-direita faz protesto violento em Portugal e neonazistas são presos

Neonazistas e antifascistas entram em confronto em Portugal. Foto: Amanda Lima/Diário de Notícias

Lisboa viveu um dia de tensão neste 25 de Abril, feriado que marca os 50 anos da Revolução dos Cravos, quando grupos de extrema-direita desafiaram a proibição da Câmara Municipal de Lisboa e tentaram realizar uma concentração na Praça Martim Moniz, no centro da capital. Vídeos de confrontos entre movimentos neonazistas, policiais e grupos antifascistas viralizaram nas redes sociais.

O evento, organizado pelo partido nacionalista Ergue-te e pelo movimento neonazi Grupo 1143, foi proibido pela Polícia de Segurança Pública (PSP) devido ao risco de confrontos, mas os manifestantes decidiram prosseguir, levando a choques com a polícia e com grupos antifascistas que se mobilizaram em resposta.

A PSP havia emitido um parecer negativo contra a manifestação, argumentando que ela colocava em risco a “ordem e tranquilidade públicas”, especialmente por acontecer no mesmo horário e local onde ocorreria o tradicional desfile do 25 de Abril na Avenida da Liberdade, a poucos metros dali.

A Câmara de Lisboa seguiu a recomendação e proibiu o ato, mas os organizadores, incluindo o ex-juiz Rui Fonseca e Castro (líder do Ergue-te) e Mário Machado (do Grupo 1143), anunciaram que iriam mesmo assim.

O protesto foi divulgado como uma celebração de “diversidade e inclusão”, mas a presença de grupos abertamente neonazistas e o histórico de violência de seus líderes levantaram suspeitas sobre suas reais intenções.

A proposta de um churrasco de “porco no espeto” no Martim Moniz, local simbolicamente associado à diversidade cultural de Lisboa, foi vista como uma provocação por movimentos antifascistas e pela comunidade local. O simbolismo do porco está associado ao apelido de “porca”, atribuído às pessoas LGBTQIAPN+ em Portugal.

A resposta antifascista e os confrontos

Assim que ficou claro que a extrema-direita tentaria se manifestar, centenas de antifascistas se reuniram no Martim Moniz para impedir o avanço dos grupos de ultradireita. Gritos de “Fascistas não passarão!” e “25 de Abril sempre, fascismo nunca mais!” ecoaram pela praça, enquanto a PSP tentava manter os dois lados separados.

Os confrontos começaram quando pequenos grupos de extremistas de direita tentaram furar o bloqueio policial e foram repelidos tanto pelos agentes quanto pelos manifestantes antifascistas.

Houve arremesso de garrafas e objetos, e a polícia precisou usar gás pimenta para conter os distúrbios. Um repórter da CNN Portugal foi atingido acidentalmente pelo spray, mesmo estando claramente identificado como imprensa.

Extremistas presos

O ex-juiz Rui Fonseca e Castro foi detido após se recusar a dispersar quando ordenado pela PSP. Ele foi algemado e levado para a esquadra, acusado de desobediência. Pouco depois, Mário Machado, líder do Grupo 1143 e condenado por crimes de incitação ao ódio no passado, também foi preso. Sua detenção foi celebrada com aplausos e cantos antifascistas.

Enquanto isso, o desfile oficial do 25 de Abril seguia na Avenida da Liberdade, com milhares de pessoas celebrando os 50 anos do fim da ditadura em Portugal.

Mário Machado, líder do grupo neonazi 1143, foi detido pela PSP. Foto: Agência Lusa

O debate sobre liberdade de manifestação

O partido Ergue-te tentou justificar o protesto alegando que se tratava de um ato de campanha eleitoral e, portanto, protegido pela lei. No entanto, a Comissão Nacional de Eleições (CNE) negou ter recebido qualquer pedido de autorização e lembrou que a decisão sobre eventos públicos cabe às autoridades de segurança.

A PSP reiterou que a proibição foi baseada no Decreto-Lei n.º 406/74, que permite vetar manifestações quando há risco à ordem pública. “Não se trata de censura, mas de prevenir violência”, explicou um porta-voz da polícia.

Para os antifascistas, a mobilização no Martim Moniz foi uma vitória. “Mostramos que não vamos tolerar o avanço do fascismo em nosso país”, disse uma manifestante à imprensa. Já os organizadores do protesto proibido acusaram o governo e a polícia de censura, prometendo continuar suas mobilizações.

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