
Após os recuos recentes, as taxas dos DIs fecharam a sexta-feira em alta, com investidores aproveitando a inflação medida pelo IPCA-15 ainda pressionada para justificar um movimento de realização de lucros na renda fixa brasileira.
No fim da tarde, a taxa do Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2026 — um dos mais líquidos no curto prazo — estava em 14,635%, ante o ajuste de 14,57% da sessão anterior, enquanto a taxa para janeiro de 2027 marcava 13,915%, em alta de 12 pontos-base ante o ajuste de 13,8%.
Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2031 estava em 13,96%, em alta de 8 pontos-base ante 14,885% do ajuste anterior, e o contrato para janeiro de 2033 tinha taxa de 14,07%, ante 14,024%.
No início do dia, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) subiu 0,43% em abril, após alta de 0,64% em março, ficando em linha com a expectativa em pesquisa da Reuters.
Em 12 meses, o avanço acumulado do IPCA-15 chegou a 5,49%, ante 5,26% em março e também em linha com a expectativa.
O IPCA-15 é considerado uma espécie de prévia do IPCA, o indicador oficial de inflação no Brasil.
Embora o IPCA-15 tenha vindo dentro do esperado, o índice segue bem acima do centro da meta oficial de inflação perseguida pelo Banco Central, de 3%.
A abertura do indicador também não foi tão favorável. A inflação de alimentação no domicílio em abril, de 1,29%, ficou acima da projeção do banco Bmg, de 1,11%. A inflação de bens industriais, de 0,57%, também ficou acima da expectativa do banco, de 0,54%. Já o índice de difusão — que reflete o percentual de itens dentro do IPCA-15 que teve alta de preços no mês — passou de 61,0% em março para 67,8% em abril.
Profissionais ouvidos pela Reuters avaliaram que, com o IPCA-15 indicando uma inflação ainda pressionada, investidores aproveitaram para realizar lucros e as taxas dos DIs subiram, após os recuos recentes.
“O movimento macro nos últimos dias fez o mercado caminhar para uma aposta de fim de ciclo de alta de juros mais próximo. Tivemos comentários dos diretores do BC esta semana com tom mais dovish e houve uma queda acentuada do dólar”, afirmou Ermínio Lucci, CEO da BGC Liquidez.
“Tivemos recentemente mais de 100 pontos-base de queda, e isso é muita coisa. Hoje temos o IPCA-15, que é motivo para realização”, acrescentou.
De fato, até a véspera a taxa do DI para janeiro de 2027 acumulava queda de 114 pontos-base no mês, sendo 39 pontos-base apenas nos últimos dois dias. Com os números do IPCA-15 desta sexta-feira, as taxas subiram.
“A abertura do IPCA-15 foi ruim, então o mercado realiza. Tivemos um discurso dove (suave com a inflação) dos diretores do BC, mas hoje a realidade se impõe”, comentou o economista-chefe do Bmg, Flavio Serrano.
Com o movimento desta sexta-feira, conforme Serrano, aumentaram as chances de elevação de 50 pontos-base da Selic em maio, como já vinha precificando de forma majoritária o mercado, e investidores reduziram as apostas numa elevação de apenas 25 pontos-base. Atualmente a Selic está em 14,25% ao ano.
O avanço das taxas dos DIs contrastou com o cenário externo, onde os rendimentos dos Treasuries recuavam em meio à expectativa de que possa haver um abrandamento da guerra comercial entre Estados Unidos e China. Às 16h41, o rendimento do Treasury de dez anos –referência global para decisões de investimento– caía 4 pontos-base, a 4,266%.
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