
A proporção de brasileiros que estão investindo em produtos financeiros se manteve estável em 2024, em 37%, mesma porcentagem comparada ao ano anterior. O índice representa mais de 59 milhões de brasileiros que estão no mercado financeiro, mas este número poderia ser ainda maior, já que 32 milhões de pessoas economizam sem investir.
Os dados são do mais recente Raio-X do Investidor, pesquisa feita pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) em parceria com o Datafolha, divulgada nesta terça-feira (29).
A pesquisa aponta também que, pela primeira vez, um terço da população (33%) conseguiu economizar em 2024, um aumento de três pontos percentuais em relação ao ano anterior, o que representa 5 milhões de pessoas a mais.
Isso significa que mais pessoas estão conseguindo guardar dinheiro, mas ainda não estão direcionando esses recursos para investimentos que podem trazer rendimento para suas economias.
Conta corrente, casa própria, sonhos de consumo: para onde vão as economias
Segundo a pesquisa, as economias vão para diferentes destinos. Manter o dinheiro guardado em conta-corrente ou outro local é a preferência para 21% dos entrevistados.
Outros 8% destinam para compra de imóvel, 6% para reforma ou construção de casa, 6% para compra de veículos, 4% para gastos com viagens e passeios, 4% para abrir ou manter o próprio negócio e 4% para gastos com saúde.
Quanto mais alta a classe social, maior a preferência pelos produtos financeiros para aplicar as economias. A pesquisa afirma que metade das pessoas da classe A/B investe o dinheiro economizado em produtos financeiros. O percentual cai para 34% da classe C. Na classe D/E, 23% conseguem aplicar em produtos financeiros.
Corte em lazer e supérfluos para economizar
Entre as alternativas encontradas para economizar, 45% dos entrevistados afirmaram que estão cortando gastos com lazer, viagens e transporte. Outros 25% focaram em reduzir compras supérfluas.
Eles também relataram realizar ações de planejamento financeiro, como guardar parte do salário todo mês (18%), cortar despesas (17%) e trabalhar mais (11%).
Poupança cai, mas ainda é preferência nacional
Mesmo com a queda de rentabilidade da poupança e da fuga de investidores neste produto, esta segue sendo a opção mais usada pelos brasileiros para guardar dinheiro.
A poupança representa 23% entre os principais tipos de investimentos em 2024, uma queda de dois pontos percentuais em relação ao ano anterior, 25%. Títulos privados representam 6%, seguidos por fundos de investimentos (5%) e moedas digitais (4%).
No recorte por investidores, 64% usam a poupança, seguidos por 17% que aplicam em títulos privados, 15% em fundos de investimentos, 11% em moedas digitais e 8% em ações.
A segurança da poupança foi o principal motivo de escolha deste ativo para 24%, seguido por facilidade de investir (20%) e imagem da marca (19%).
Demais investidores estão de olho no retorno
Entre os que optam por outros tipos de investimento além da poupança, o retorno financeiro é o principal motivo de atração para a escolha dos produtos, como moedas estrangeiras (68%), ações (59%), títulos públicos (50%), moedas digitais (51%), fundos de investimentos (49%), previdência privada (46%) e títulos privados (41%).
A segurança é o segundo fator apontado, indo de títulos públicos (49%), títulos privados (30%), fundos de investimentos (27%), ações (14%), previdência privada (13%) e moedas estrangeiras (12%). A facilidade de aplicação é o terceiro fator apontado em todas as categorias, segundo o relatório.
Maioria ainda não faz reserva para aposentadoria
Pouco mais de 8 a cada 10 entrevistados (82%) afirmaram que não fazem reservas para a aposentadoria. Entre os que não fazem nenhum investimento, um terço disse que não tem intenção de guardar dinheiro para a velhice.
Quase metade (49%) dos que não estão aposentados declararam acreditar que a principal fonte de renda do futuro não virá da Previdência Social, mas 88% das pessoas já aposentadas dependem dos recursos públicos para sobreviver.
Perfil do Investidor
A 8ª edição do Raio X do Investidor Brasileiro retrata a população com 16 anos ou mais do país, o que equivale a cerca de 160 milhões de pessoas. Entre eles, 72% são economicamente ativos e 85,3% têm algum tipo de renda. A média de idade é de 43 anos.
Entre as pessoas que investem em mercado financeiro (cerca de 59 milhões de pessoas), a maior parte está na classe C (46%), seguida pelas classes A/B (38%) e D/E (16%).
A pesquisa considerou que os investidores são aqueles que declararam ter aplicações em poupança, fundos de investimento, títulos públicos ou privados, ações, planos de previdência privada, moedas digitais ou estrangeiras.
A expectativa é que 4 milhões de pessoas comecem a investir em 2025, de acordo com as declarações dadas na pesquisa. Isso pode representar um aumento de dois pontos percentuais na fatia de investidores, indo para 39%.
Vale destacar que, no ano anterior, a expectativa de novos investidores não se concretizou. Os dados haviam indicado possível aumento de 4% no total de investidores, o que não aconteceu. A análise de dados da pesquisa indica que isso pode ter acontecido porque os juros do país subiram, mantendo os custos de vida das famílias elevados, comprometendo as economias.
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