Aumento do diabetes piora a visão do brasileiro

O Brasil tem 16,6 milhões de diabéticos e ocupa a sexta posição mundial de portadores da doença segundo dados da IDF (International Diabetes Federation). O mais grave é que a condição é a quinta maior causa de morte no País e cresce geometricamente  há 25 anos. De acordo com o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, diretor executivo do Instituto Penido Burnier e membro do CBO (Conselho Brasileiro de Oftalmologia) estar acima do peso e o sedentarismo são os principais fatores de risco que impulsionam no País o diabetes, condição que está associada ao desenvolvimento graves doenças os olhos.

 

 

A boa notícia é que em maio começa a ser comercializado no Brasil o Mounjaro, injeção subcutânea que tem como princípio ativo a tirzepatida. Como o Ozempic (semaglutida) deve ser aplicada semanalmente para tratar o diabetes. Queiroz Neto afirma que a  diferença entre os dois medicamentos, além do princípio ativo, é a eficácia. Isso porque, explica. embora ambos sejam moléculas sintéticas  que se ligam e ativam receptores das células,  uma única molécula do   Mounjaro ativa dois receptores –  o GIP e o  GLP-1, enquanto o  Ozempic  só ativa o GLP-1. O único problema é que o medicamento causa maior desconforto gástrico.

 

Sintomas

O oftalmologista afirma que não é comum sentir alteração na visão no início do diabetes. Os sintomas mais comuns do diabetes são: sede excessiva, micção frequente, perda de peso e fadiga, mas não acontece com todos. Por isso, quem tem casos na família deve passar por check-up clínico periodicamente. Um simples hemograma pode evitar graves complicações na visão, alterações cardiovasculares, lesões nos nervos, perda de sensibilidade periférica, .

 

Retinopatia diabética

Queiroz Neto salienta que não basta um bom controle glicêmico para o diabético continuar enxergando.  Depende também de quanto tempo convive com a doença. Depois de cinco anos pode surgir  edema na mácula, porção central da retina, formação de neovasos no fundo do olho ou depósitos de sorbitol, uma substância que favorece o extravasamento de liquido dos vasos e leva à perda da visão. O tratamento deve ser contínuo, inclui aplicação de laser, injeções antiangiogênicas e cirurgia em casos de hemorragia ou descolamento da retina.

 

Catarata

O especialista esclarece que a repetida hidratação e desidratação do cristalino altera suas fibras, antecipando a formação da catarata, opacificação do cristalino que responde por 49% dos casos de cegueira tratável no Brasil. O único tratamento é a cirurgia em que o cristalino opaco é substituído por uma lente intraocular. “No caso de diabéticos quanto antes o procedimento é feito, melhor”, afirma. Isso porque, a catarata diminui a quantidade de luz azul que chega à retina e a produção de melatonina, hormônio que regula nosso estado de alerta e sono. Resultado – Diabéticos que convivem muito tempo com a catarata ficam estressados pelas noites mal dormidas, ganham peso e maior resistência à insulina.

 

Miopia

Queiroz Neto explica que quanto mais alta a glicemia, maior a viscosidade do sangue que provoca miopia. “A viscosidade do sangue geralmente aumenta depois das refeições quando o nível de glicose sobe”, salienta. Nas mulheres, observa,  os estrogênios podem fazer a absorção de água pelo cristalino ser maior e isso leva ao aumento da miopia. Períodos prolongados de jejum fazem o cristalino desidratar e a miopia desaparece. Por isso, comenta, antes de prescrever óculos, o oftalmologista verifica se o índice glicêmico está controlado. A dica do médico para manter a estabilidade da refração e glicemia é se alimentar a cada 3 horas, dando preferência aos grãos integrais, verduras e frutas em pequena quantidade.

 

 

Glaucoma

Queiroz Neto afirma que a retinopatia diabética pode ter como reação secundária o glaucoma. Neste caso é  caracterizado pela formação de neovasos, menor irrigação sanguínea, inflamações oculares. A dificuldade de escoamento do humor aquoso causa aumento da pressão intraocular e morte de células do nervo óptico.

O especialista ressalta que o glaucoma renovascular tem evolução rápida e o campo visual perdido é irrecuperável. Por isso, é importante que toda pessoa diabética faça exames oftalmológicos anualmente. As alterações oculares que podem cegar geralmente aparecem após 10 anos, mas o tratamento contínuo pode manter a visão até o fim da vida, finaliza.

Com informações: LDC Comunicação

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