Depósitos de bancos de médio porte aumentam exposição do FGC ao risco, diz Moody’s

A expansão dos depósitos de bancos de médio porte está aumentando a exposição do Fundo Garantidor de Crédito (FGC) a instituições com perfis de mais alto risco. Em cinco anos, os depósitos segurados dessas instituições saltaram 7%, segundo relatório publicado pela Moody’s Ratings.

Foram consideradas para a análise bancos de médio porte e fintechs classificados nas categorias S3 e S4 pela regulamentação do Banco Central — cujos ativos representam entre 0,1% e 1% do PIB ou são inferiores a 0,1% do PIB, respectivamente.

Dentro deste universo de instituições financeiras, seis possuíam depósitos superiores a um terço da liquidez total do FGC em setembro de 2024 — apenas a liquidez do Nubank era superior ao acumulado pelo fundo. Em 2019, apenas um banco ultrapassava o mesmo terço, segundo dados do Banco Central e do FGC agregados pela Moody’s.

“Reconhecemos, no entanto, que esse número pode estar superestimado, porque inclui o total de depósitos em vez dos depósitos elegíveis, dada a falta de divulgação disponível sobre o valor dos depósitos segurados de cada instituição financeira”, pondera o relatório.

Os depósitos são majoritariamente provenientes dos clientes das próprias instituições, destaca a agência de rating, e não de corretoras financeiras terceirizadas — aqueles que seriam cobertos pelo FGC.

O crescimento da distribuição de títulos por plataformas de investimento de varejo como XP e BTG tem servido para reduzir a desvantagem de captação dos bancos do segmento médio no Brasil.

Segundo o estudo, os depósitos intermediados pelas corretoras representaram 5% do total em junho de 2024, excluindo depósitos interbancários, e foram 2,3 vezes a liquidez total do FGC. A parcela de depósitos nas mãos de bancos fora dos cinco maiores do Brasil cresceu a uma taxa anual composta de 18% entre 2018 e 2024, segundo a Moody’s com base em dados do Banco Central.

“Esse aumento da liquidez no mercado de capitais do Brasil também levou a um crescimento acentuado das letras financeiras, que são o principal instrumento de financiamento de dívidas de longo prazo no mercado doméstico”, relata a Moody’s.

Em setembro de 2024, o volume de letras financeiras em circulação atingiu R$ 521 bilhões, aumento de 54% em cinco anos.

“Essa expansão, junto com os depósitos intermediados, ajudou os bancos a mitigar o aumento dos custos de captação em um ambiente de taxas de juros mais altas, ao mesmo tempo em que melhorou a granularidade da captação e reduziu a dependência dos mercados de dívida externa para captação de longo prazo”, comentam.

Segue na pauta dos bancos de médio porte a manutenção do aperto da política monetária, que deve afetar a rentabilidade dessas instituições. Há um desafio de compensar os custos de captação “devido às suas franquias de depósitos de varejo menores, o que indica uma dependência maior de captação sensível ao preço”.

Instituições cujas carteiras têm foco em empréstimos para consumo acabam apresentando balanços com uma compressão de margem mais pronunciada em função de empréstimos com taxa fixa e mais longa, diz o relatório. São os casos de Banrisul, BMG e Banpará.

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