Orquestra Ouro Preto apresenta projetos para 2025

Com a presença de Carlinhos Brown, DJ Kvsh, o maestro Rodrigo Toffolo e Othon Maia, diretor do Instituto AngloGold Ashanti, a Orquestra Ouro Preto anunciou, na tarde de sexta-feira (2), no Palácio das Artes, em Belo Horizonte, a programação para 2025. O encontro marcou o anúncio de continuidade da parceria com a Orquestra Ouro Preto.

Ao lado dos artistas convidados, os representantes da Orquestra e do Instituto refletiram sobre como essas iniciativas ultrapassam a lógica de eventos pontuais, assumindo compromisso com educação, memória e inovação. 

Othon Maia, diretor do recém-criado Instituto AngloGold Ashanti, destacou que o apoio à cultura segue como prioridade da empresa. “Foi um ano em que a gente se reinventou e repensou muitas coisas. Um desses marcos foi justamente a criação do nosso instituto cultural”, afirmou. Segundo ele, a AngloGold investirá mais de R$ 13 milhões em projetos culturais no próximo ano, reafirmando o papel da cultura como “a grande riqueza nacional”. Maia também reforçou a importância da Lei de Incentivo à Cultura como “vetor de fomento que precisa ser valorizado”.

O calendário de concertos da Orquestra Ouro Preto patrocinados pela AngloGold Ashanti reúne três projetos principais: o encontro com Carlinhos Brown neste sábado, dia 3 de maio, no Palácio das Artes; o espetáculo Lendas do Rock, com apresentações previstas para Sabará (17 de julho) e Caeté (1º de agosto); e uma combinação inédita entre a música eletrônica de DJ Kvsh e a orquestra, marcado para 17 de agosto, em Nova Lima.

Formação e continuidade

Durante a coletiva, o maestro Rodrigo Toffolo destacou a dimensão formativa da Orquestra Ouro Preto. Ele apontou que a atuação da instituição ultrapassa os palcos, com projetos permanentes voltados para a educação musical em cinco estados brasileiros. “É um trabalho de formação com jovens de oito a oitenta anos. É o neto e o avô tocando juntos em bandas de música”, afirmou.

Toffolo também comentou sobre o percurso artístico da orquestra, que nos últimos anos passou a incorporar com mais intensidade a percussão brasileira em seus arranjos. Segundo ele, a chegada de Carlinhos Brown como parceiro artístico consolida esse movimento. “A orquestra já vinha se tornando um grupo de cordas e percussão. A presença do Carlinhos potencializa essa trajetória.”

O maestro descreveu os bastidores do processo de criação do concerto Afrossinfonicidade, realizado com Brown, como espaço de aprendizado coletivo. “Durante os ensaios, Carlinhos instrui os músicos, propõe ritmos e conduz experiências. A gente para, repete, toca de novo. Isso constrói uma sonoridade muito nossa.” O repertório do espetáculo que abre a temporada inclui sucessos como “Amor I Love You”, “A Namorada” e “Maria de Verdade”, em versões orquestradas.

O papel das orquestras

Convidado especial do concerto de abertura, Carlinhos Brown iniciou sua fala homenageando Nana Caymmi e refletindo sobre o lugar da arte na vida pública. O artista defendeu a escuta da vivência coletiva como elemento central da música e destacou a importância de repensar o papel das orquestras na sociedade contemporânea.

“Base é o novo, não é a novidade. A novidade é tudo o que a orquestra convida para incluir em sua sonoridade”, afirmou. Brown observou que a música, cada vez mais, tem deixado de ser apenas espaço da fantasia para assumir o lugar da experiência vivida. “A arte ajuda a reorganizar o pensamento. Sonhar ainda é necessário.”

Ele também destacou o papel da Orquestra Ouro Preto como vetor de rupturas e reinvenções. “O coletivo é um poder que adentra as necessidades. E a Orquestra é desobediência criativa. Quando me convida, ela chama atenção para o melodista, para o compositor, para quem está ainda sonhando música nova.”

Nova Lima

DJ Kvsh, nascido em Nova Lima e reconhecido como um dos principais nomes da música eletrônica nacional, também falou sobre o processo de criação conjunta com a Orquestra Ouro Preto. Ele destacou o contraste entre os fluxos da produção eletrônica e os tempos da composição orquestral. “Sou de uma geração muito ansiosa. Estamos acostumados a fazer música em dois ou três dias. Com a Orquestra, estamos há quase dois anos nesse projeto.”

Kvsh apontou que o maior aprendizado do trabalho conjunto foi a escuta e o respeito ao tempo do outro. “Às vezes, para mim, é só mudar uma nota com o mouse. Na orquestra, tem a partitura, o tempo do músico, o ensaio. É outro ritmo. Isso tem me ensinado muito.”

O projeto que une a Orquestra Ouro Preto à música eletrônica será apresentado em Nova Lima, cidade natal do artista. Para ele, a escolha do local tem um simbolismo importante. “Cresci ali e sei como é importante ter essas referências de perto. Espero que essa apresentação inspire outros jovens a acreditar na música.”

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