A recente queda de popularidade do governo abriu um “sinal amarelo”. Apesar de diversos indicadores positivos, tanto no lado social quanto no lado econômico, a baixa chamou a atenção e está sendo objeto de preocupação por parte do presidente, que convocou uma reunião ministerial para a próxima segunda-feira (18) para tratar do tema.
Uma das conclusões que os governistas fazem é que está havendo falha na comunicação das realizações da gestão Lula.
Na visão de colaboradores, o presidente tem dado excessiva atenção a questões internacionais, e quase sempre essa agenda coloca o governo na defensiva, como nos casos de Israel e do processo democrático na Venezuela.
Embora membros da gestão petista considerem que Lula esteja certo no mérito, há a percepção de que suas posições contribuem para a queda na aprovação presidencial.
Lula tem sido aconselhado a não dar mais destaque a esses temas. E, de fato, nos últimos dias pouco se falou sobre Venezuela e Israel. Viagens O presidente também está realizando agendas nos estados, embora não tenha abandonado completamente as viagens internacionais.

Na quarta-feira (13), esteve em Minas Gerais para inaugurar uma fábrica de fertilizantes. Na sexta-feira (15), viajará ao Rio Grande do Sul, onde fará entregas do programa Minha Casa, Minha Vida, repasses à Defesa Civil em áreas afetadas por enchentes e obras de asfaltamento.
Na próxima semana, estão previstas visitas a Goiás e Tocantins, sempre seguindo o mesmo modelo: entregas do governo e balanço de ações para cada estado.
O presidente deve reforçar, na reunião da próxima semana, o pedido feito a seus ministros ainda no ano passado: viajar para as diferentes regiões do país para divulgar as ações do governo Lula.
Outro desafio dentro do governo é o diálogo com o público evangélico. Grande parte dos colaboradores defende uma maior aproximação com as igrejas, que nos últimos anos têm se alinhado ao bolsonarismo.
Lula, no entanto, acredita que a melhora da economia e das condições de vida é que atrairá a simpatia desse público para o petista. O presidente conta com o apoio de parte de seus colaboradores nessa visão.
Outro fenômeno que preocupa o Planalto é a retomada do bolsonarismo. Acuado por vários processos judiciais que podem levá-lo à prisão, o ex-presidente Jair Bolsonaro realizou um ato bem-sucedido em São Paulo. A percepção no governo é que a manifestação reacendeu a militância e reorganizou o campo bolsonarista, que estava silencioso desde 8 de janeiro.
O temor imediato é o impacto que essa reação pode ter nas eleições municipais deste ano. Desde o início do mandato, o entorno de Lula tem como objetivo claro isolar o bolsonarismo do jogo político. Uma vitória expressiva de candidatos apoiados por Bolsonaro no pleito de novembro pode dificultar essa tarefa. Com informações do Valor Econômico.