Brasil Paralelo lança documentário mentiroso e cria onda de ódio contra Maria da Penha

Maria da Penha, vítima de violência doméstica. Foto: reprodução

Um dos principais canais bolsonaristas de fake news do país, o Brasil Paralelo lançou a terceira temporada da série “Investigação Paralela”, que apresenta a versão do ex-marido de Maria da Penha, Marco Antonio Heredia Viveros, sobre a sua tentativa de assassinato. O caso, ocorrido em 1983, deu origem à lei que leva o nome da vítima e protege as mulheres que sofrem violência doméstica no Brasil.

Na versão abordada pela extrema-direita, assaltantes teriam invadido a residência do casal pela madrugada, atirado nas costas de Maria enquanto ela estava dormindo e sido expulsos por Marco Antonio, que teria se protegido com sua arma. Neste relato, os três supostos participantes da cena de “bang-bang” não se feriram. Também não houve nenhum item roubado naquela noite.

Essa versão, mantida por Marco Antonio desde 1983, embora com algumas mudanças e contradições, foi desmentida pelas investigações, que o apontaram como o responsável pelo disparo que deixou Maria da Penha paraplégica.

O suposto documentário do Brasil Paralelo entrevista o criminoso, peritos que não examinaram a cena, e influenciadores que avaliam o impacto da Lei Maria da Penha sob o ponto da vista de extrema-direita. Segundo eles, essa proteção às vítimas de violência doméstica dificulta a vida dos homens brasileiros.

Diversos influenciadores estão recomendando a série “Investigação Paralela” a seus seguidores. Os jornalistas bolsonaristas Sikêra Junior e Rica Perrone, a influenciadora Andressa Bravin e outras personalidades “anti-feministas” foram contratados para divulgarem a produção.

Com a repercussão amplificada por esses influencers nas redes sociais, os seguidores do Brasil Paralelo iniciaram uma campanha de difamação e ameaças contra Maria da Penha. Como consequência, a vítima de violência doméstica precisou acionar o Estado em busca de proteção.

A ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, diante da situação, viajou ao Ceará para discutir medidas com o governador Elmano de Freitas (PT) e a Secretaria de Mulheres. Após a reunião, ficou decidido que Maria será incluída no programa de proteção a defensoras de direitos humanos e terá segurança particular.

“A sociedade machista e misógina delega às mulheres a tarefa de seguir comprovando, de inúmeras maneiras, as violências que sofreram, mesmo após os agressores terem sido julgados e condenados”, disse a ministra Cida Gonçalves durante entrevista ao Uol. “Da mesma forma, insiste na falácia de ‘ouvir o outro lado’, criando uma onda de ódio e fake news.”

“É inaceitável que Maria da Penha esteja passando por esse processo de revitimização ainda hoje no Brasil, 18 anos após ter emprestado seu nome a uma das leis mais importantes do mundo para a prevenção e enfrentamento à violência doméstica”, declarou.

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