Relatório bimestral de receitas e despesas no Brasil, discursos de Haddad, Fed e BCE

Na quinta-feira, o dia foi de absorver as decisões de juros tomadas na Super Quarta. O índice S&P 500 avançou nesta quinta-feira, marcando novo recorde de fechamento, um dia depois que o Federal Reserve cortou os juros em 50 pontos-base e indicou que mais cortes na taxa básica estão no horizonte.

Ações de peso que desfrutaram de grande parte da alta do mercado acionário deste ano obtiveram novos ganhos, com a Tesla subindo mais de 7%, enquanto a Apple e Meta avançaram quase 4% cada uma.

Na decisão, que cortou 0,50 pontos base da taxa básica de juros dos EUA, o chair do Federal Reserve, Jerome Powell, disse que a economia dos EUA continua forte e que o banco central norte-americano decidirá sobre o ritmo apropriado de futuros cortes na taxa básica.

“O Fed sancionou um quadro econômico bastante forte e, portanto, estamos apenas vendo o dinheiro fluir de volta para alguns dos setores que talvez tenham tido um desempenho inferior até agora neste trimestre”, disse James Ragan, Diretor de Pesquisa de Gestão de Riqueza da D.A. Davidson.

Já por aqui, o Ibovespa fechou com um declínio discreto (-0,47%) nesta quinta-feira, descolado de Wall Street, com Brava Energia despencando cerca de 9% após estimar o retorno da produção do campo de Papa Terra para o começo de dezembro, enquanto Vale avançou mais de 1%, sendo um contrapeso relevante.

Investidores continuaram repercutindo eventos da véspera, tanto o corte do Fed quanto o anúncio do Banco Central elevou a Selic para 10,75% ao ano. No comunicado da decisão, o colegiado adotou um discurso hawkish (duro com a inflação), reforçando os riscos inflacionários e a intenção de buscar a meta de 3%.

Ao mesmo tempo, em seu cenário de referência, o BC projetou inflação de 4,3% em 2024, de 3,7% em 2025 e de 3,5% no primeiro trimestre de 2026 (atual horizonte relevante).

A constatação de que as projeções do BC estão bem acima da meta, somada à percepção de que o Copom fará o necessário para conduzir a inflação para 3%, abriu espaço para os fortes ajustes desta quinta-feira.

“Esse movimento é uma reação às projeções de inflação do comunicado do BC. Para trazer essa projeção de 3,5% para meta no primeiro trimestre de 2026, o BC tem que dar pelo menos 200 pontos-base de (alta de) juros nesse ciclo”, comentou a analista Laís Costa, da Empiricus Research. “E pelo comunicado, parece que ele está disposto a dar”, acrescentou.

Como o mercado mantinha projeções para a inflação no primeiro trimestre de 2026 próximas dos 3,3%, com algumas casas calculando percentuais ainda maiores, houve um movimento de tomada de juros nos contratos para 2026 e 2027.

Para Luciano Rostagno, estrategista-chefe e sócio da EPS Investimentos, a percepção do mercado é de que a política monetária precisará ser mais dura.

“O BC entregou ontem uma alta de apenas 25 pontos-base da Selic. A leitura do mercado é de que, começando assim, ou vai ter que acelerar na próxima reunião ou manter os juros altos por mais tempo”, disse.

O que vai mexer com o mercado nesta sexta

Agenda

O ministro Fernando Haddad participa de cerimônia como palestrante no Congraçamento Acadêmico e de Reconhecimento pelas contribuições à Universidade de São Paulo. Mais cedo, o ministério da Fazenda divulga o relatório bimestral de receitas e despesas.

O presidente do BC, Roberto Campos Neto, e outros diretores da autarquia se dedicam a atividades fechadas à imprensa e agendas internas, respeitando as regras de Silêncio do Copom (que deve ser mantido até a publicação da Ata da última reunião). Já o presidente do Federal Reserve da Filadélfia, Patrick Harker, discursa hoje.

Brasil

18h30: Haddad concede palestra na USP

EUA

15h: Presidente do Federal Reserve da Filadélfia, Patrick Harker, faz palestra

Zona do Euro

11h: Confiança consumidor
12h: Presidente do BCE, Christine Lagarde participa de evento do FMI

Mercados Internacionais

Os índices futuros dos EUA operam em baixa, após os recordes históricos do Dow Jones e S&P 500 da véspera, impulsionados pelo corte de juros do Federal Reserve (Fed) na quarta-feira.

Já os mercados da Ásia-Pacífico fecharam com alta, com o Nikkei, do Japão, liderando os ganhos, impulsionados pelos ganhos em Wall Street e pela manutenção dos juros pelo Banco do Japão e o Banco Popular da China.

STF X Elon Musk

 O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), mandou o X suspender o que afirmou ser uma “burla” de proibição ao acesso à rede social no Brasil, e impôs uma multa diária de 5 milhões de reais à plataforma e solidariamente à Starlink, ambas empresas do bilionário Elon Musk.

Na decisão, tomada na quarta-feira e divulgada pelo STF nesta quinta, o ministro disse que o X atuou de forma dolosa, ilícita e com persistente insistência em descumprir as ordens judiciais do Brasil.

Advogados do X no Brasil disseram à Reuters que a empresa decidiu retomar as atividades no Brasil e, por essa razão, vão apresentar os dados do novo representante legal no país “em breve” ao STF.

A defesa, contudo, não foi taxativa sobre se o nome do novo representante legal será apresentado ao Supremo já nas próximas 24 horas, conforme determinação de Moraes do início da tarde desta quinta-feira. Segundo eles, o nome está em processo de escolha.

A empresa, segundo a defesa, começou a cumprir as ordens de remoção de conteúdo e contas determinadas pelo Supremo.

Economia

Dólar

O dólar à vista completou nesta quinta-feira a sétima sessão consecutiva de baixa, se reaproximando dos 5,40 reais, com as cotações reagindo às decisões sobre juros no Brasil e nos Estados Unidos na véspera, favoráveis à atração de recursos para o mercado doméstico. Na tarde de quarta-feira o real já havia sido favorecido pela decisão do Fed, que cortou sua taxa de juros em 50 pontos-base. A redução estava em grande parte precificada nos mercados globais, mas ainda assim surpreendeu uma parcela dos agentes, que esperava por corte de apenas 25 pontos-base.

O movimento do Fed fez o dólar perder força em todo o mundo na véspera, inclusive no Brasil.

Este cenário foi reforçado na noite de quarta-feira, com os mercados já fechados, pela decisão sobre juros do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC.

Arrecadação recorde para agosto

A arrecadação do governo federal teve alta real de 11,95% em agosto sobre o mesmo mês do ano anterior, somando 201,622 bilhões de reais, no melhor resultado para o mês da série histórica iniciada em 1995, informou a Receita Federal nesta quinta-feira.

No acumulado de janeiro a agosto, a arrecadação foi de 1,731 trilhão de reais, 9,47% acima do registrado nos primeiros oito meses de 2023, já descontada a correção pela inflação. O dado também representa um recorde para o período.

Petróleo em recuperação

Os preços do petróleo ampliaram sua recente recuperação e subiram mais de 1% nesta quinta-feira, com um grande corte nas taxas de juros dos Estados Unidos e a queda nos estoques ajudando a compensar algumas das preocupações com a demanda decorrentes do fraco consumo na China. O declínio dos estoques de petróleo deve dar suporte aos preços do petróleo no futuro, levando o Brent de volta acima de 80 dólares nos próximos meses, disseram analistas do UBS em nota aos clientes.

Exposição de chaves Pix

Um total de 150 chaves Pix de clientes da SHPP Brasil Instituição de Pagamentos (Shopee) teve dados expostos, informou nesta quarta-feira (19) o Banco Central (BC). Este foi o 14º incidente com dados do Pix desde o lançamento do sistema instantâneo de pagamentos, em novembro de 2020.

Política

Horário de verão

O Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) referendou recomendação do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) para a retomada do horário de verão no Brasil, mas a medida ainda requer mais análises, disse nesta quinta-feira o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira.

Segundo Silveira, o horário de verão poderia gerar uma economia de R$ 400 milhões, uma vez que evitaria o acionamento de mais geração térmica. A decisão deve ser tomada dentro dos próximos dez dias, disse o ministro.

A medida, que depende de uma decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pode entrar em vigor ainda em 2024, em momento em que o país busca otimizar a geração de energia diante de uma condição mais seca do parque hidrelétrico.

Foro privilegiado

O Supremo Tribunal Federal (STF) volta a discutir, a partir desta sexta-feira (20), a ampliação do alcance do foro privilegiado de autoridades na Corte.

Queimadas

O governo federal prometeu a liberação de mais recursos para o combate às queimadas e a compra de equipamentos para que os estados enfrentem uma das piores estiagens em décadas no país. A garantia foi do ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, após reunião com governadores das Regiões Centro-Oeste e Norte, na tarde de quinta, no Palácio do Planalto.

Alcântara

O governo federal assinou, nesta quinta-feira (19), um termo de conciliação com as comunidades quilombolas do município de Alcântara, no Maranhão, encerrando uma disputa de 40 anos pela área no entorno do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), da Força Aérea Brasileira (FAB). Em cerimônia na cidade maranhense, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva também assinou o Decreto de Interesse Social do território quilombola, passo fundamental para a titulação da área.

“A história do povo de Alcântara vai mudar”, disse Lula, destacando a importância dos atos para o acesso da população a benefícios sociais e serviços públicos básicos, como saúde, educação e acesso à água.

(Com Reuters, Estadão e Agência Brasil)

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