Como as teorias da conspiração de fãs impulsionaram o caso Diddy nas redes sociais

O rapper americano Diddy, preso por suposto envolvimento em crimes sexuais e coação – Foto: Reprodução

O rapper Diddy está no centro das discussões nas redes sociais, impulsionadas pelas ‘fanspiracies’ — um fenômeno que une teorias da conspiração e a cultura dos fãs. Desde que as acusações de tráfico sexual e coerção contra o produtor vieram à tona, teorias têm ganhado força online, atingindo uma escala maior do que outras polêmicas semelhantes, como o caso do empresário Jeffrey Epstein. Os debates em torno do músico envolvem supostos crimes, cúmplices e vítimas, e acabam envolvendo figuras notórias do mundo da música e do entretenimento.

Especialistas apontam que o interesse no caso de Sean “Diddy” Combs, preso preventivamente em 16 de setembro, se deve ao fato de envolver celebridades de alto perfil, incluindo Justin Bieber, Beyoncé, Jay-Z e até Tupac Shakur. Esse elenco de estrelas que, em algum momento, tiveram relações com Diddy, alimenta o que os estudiosos chamam de ‘fanspiracies’.

Diddy e Justin Bieber durante participação em programa americano – Foto: Reprodução

As autoridades destacam que, oficialmente, o nome de Diddy é o único citado nas acusações de tráfico sexual, sem mencionar outras celebridades. No entanto, o advogado Tony Buzbee anunciou representar 120 supostas vítimas de abusos cometidos ao longo de duas décadas.

Narrativas

Adriana Amaral, coordenadora do Laboratório de Pesquisas de Cultura Pop (Cultpop), explica que as ‘fanspiracies’ são narrativas criadas pelos fãs que usam elementos culturais e do entretenimento para interpretar acontecimentos. Segundo ela, essas teorias surgem a partir da tentativa de encontrar significados em determinados contextos. Isso é ampliado pelas redes sociais, que fornecem ferramentas para a criação de conteúdos mais persuasivos, como vídeos com trilhas sonoras e efeitos visuais.

O psicanalista André Alves, fundador do instituto Floatvibes, comenta que a desconfiança nas instituições cria um terreno fértil para essas teorias. Celebridades são elevadas ao status de entidades, e há uma satisfação em ver grandes figuras desmoronando. Esse comportamento reflete um sentimento de que não se pode confiar em nada nem ninguém atualmente. É um fenômeno que se relaciona com a cultura participativa online e com a tensão crescente nas discussões sociais.

Polarização política

Outro fator que fortalece as teorias da conspiração é a polarização política. Raquel Recuero, pesquisadora de comunicação, observa uma interseção entre o comportamento dos fãs e grupos políticos. Muitas vezes, a ligação de uma celebridade com figuras políticas é o suficiente para gerar teorias que se espalham rapidamente. Denúncias reais contra Diddy, por exemplo, são usadas para atacar celebridades ligadas a figuras políticas opostas.

A polêmica em torno de Diddy também aumentou a visibilidade de sua música. Segundo um levantamento da empresa Luminate, houve um aumento de 18,3% nos streams das músicas de Diddy na semana após sua prisão. O professor George Howard, da Berklee College of Music, relaciona esse aumento à curiosidade mórbida das pessoas diante de controvérsias, ressaltando que a facilidade de acessar músicas nas plataformas de streaming alimenta esse fenômeno.

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