Aluna da PUC diz que colegas só revidaram ofensas de estudantes da USP

Estudantes gritando, de uniforme azul e amarelo
Cena de vídeo que viralizou – Reprodução/Redes Sociais

Os Jogos Jurídicos Estaduais, realizados no último sábado (16), se tornaram palco de polêmicas envolvendo estudantes da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo) e da USP (Universidade de São Paulo). Em vídeo viralizado nas redes sociais, alunos da PUC-SP foram flagrados chamando adversários da USP de “cotistas” e “pobres”, gerando indignação e investigações formais por parte das instituições de ensino e autoridades.

De acordo com uma das estudantes da PUC-SP envolvidas no incidente, que preferiu não se identificar, as ofensas ocorreram após uma série de provocações mútuas. Ela afirma que a confusão começou quando a torcida da USP utilizou fogos de artifício dentro do ginásio, o que gerou reclamações e uma troca de xingamentos.

Segundo o relato dado à Folha de S.Paulo, estudantes da USP teriam inicialmente direcionado ofensas às mulheres da PUC-SP, com termos como “putinha” e “vadia”, além de insinuações de cunho sexual. Posteriormente, os alunos da USP teriam atacado a capacidade acadêmica dos estudantes da PUC, insinuando que eles não seriam aptos para ingressar na universidade pública.

Em resposta, os alunos da PUC proferiram comentários sobre cotas e condição socioeconômica, alegando ser “fácil” conseguir vagas por meio de políticas afirmativas. Contudo, apenas essa última parte foi registrada em vídeo, desencadeando a repercussão negativa.

Medidas das instituições

A Faculdade de Direito da PUC-SP instaurou uma comissão para apurar o caso e decidir sobre possíveis punições, incluindo a expulsão dos alunos envolvidos. A decisão será tomada em até 40 dias, garantido o direito de defesa, segundo o diretor da unidade, Vidal Serrano Nunes Júnior.

Em nota oficial, a PUC-SP repudiou as ofensas, classificando-as como “inadmissíveis” e contrárias aos valores democráticos e humanistas da instituição. A Faculdade de Direito da USP também iniciou uma sindicância para investigar o ocorrido.

Repercussão e Desdobramentos

O vídeo gerou ampla reprovação, inclusive entre estudantes do Largo São Francisco, sede da Faculdade de Direito da USP. O centro acadêmico XI de Agosto qualificou as ofensas como racistas e aporofóbicas (aversão a pessoas pobres) e cobrou punições rigorosas.

A Associação Atlética Acadêmica 22 de Agosto, da PUC-SP, também se posicionou, identificando os estudantes envolvidos e proibindo sua participação em eventos dos Jogos Jurídicos. A entidade informou ter comunicado o caso à universidade e solicitado providências cabíveis.

Impactos profissionais e jurídicos

Quatro estudantes da PUC-SP envolvidos no caso já foram demitidos dos escritórios de advocacia onde trabalhavam. Paralelamente, o Ministério Público e a Polícia Civil de São Paulo investigam o episódio. A denúncia foi apresentada pela vereadora Luana Alves e pela deputada federal Sâmia Bomfim, ambas do PSOL-SP.

Segundo as parlamentares, as ofensas extrapolam a rivalidade esportiva, configurando discriminação racial e socioeconômica: “O ato de ridicularizar os atletas universitários, utilizando referências às cotas e à pobreza, como se tais elementos fossem motivo de escárnio, tem como objetivo reforçar hierarquias raciais”.

 

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