Teatro da Fumaça estreia seu primeiro espetáculo

O coletivo Teatro da Fumaça estreia espetáculo com três sessões neste final de semana, no Sesc Palladium

Patrícia Cassese | Editora Assistente

Um grupo ensaia: uma atriz insiste em permanecer em um teatro prestes a ser demolido. Já um espectador confunde um musical com um sequestro. Não bastasse, uma companhia de Teatro de Revista tem sua temporada interrompida por um golpe de Estado. O espetáculo teatral “O Mundo Está em Chamas, o Teatro Também Tem de Estar”, que estreia neste final de semana na capital mineira, no Sesc Palladium, usa a teatralidade para abordar uma realidade que, muitas vezes, se confunde com a ficção.

Em cena, o Teatro da Fumaça, coletivo teatral formado há pouco mais de um ano em Belo Horizonte, a partir do encontro de cinco artistas de diferentes cidades do Brasil. São eles: Domenica Morvillo, de Araraquara (SP), Ítallo Vieira, de Patrocínio (Triângulo Mineiro), Jean Gorziza, de Porto Alegre, e Júlia Oliveira e João Santos, ambos de BH. O Culturadoria conversou com o grupo e traz, aqui, alguns trechos do bate-papo. Confira!

Que discussões exatamente estão no bojo do espetáculo?

Júlia Oliveira. Eu acho que o espetáculo fala principalmente do fazer teatral, as dificuldades que a gente encontra no caminho. Dificuldades para marcar ensaio, dificuldades de precariedade, o salário que quase não recebemos, enfim. E, além disso também, principalmente da situação política que a gente, enquanto artistasm enfrenta. Na verdade, que o mundo também enfrenta no geral. Então, acho que para além de ser um espetáculo para pessoas que estão dentro do teatro de alguma forma, também é um espetáculo para se pensar no mundo, a situação política, conflitos, guerras, enfim. E principalmente sobre o continuar, em meio a esse caos todo. De a gente fazer o que nos move. Portanto, o espetáculo fala muito disso: apesar de o mundo estar em chamas, a gente continua fazendo o que gosta.

Queria que falassem do processo todo, desde o embrião, lá atrás, até o formato final, que estreia agora. Ou seja, como as ideias foram se agrupando e sendo lapidadas até aqui?

Jean Gorziza. Bom, esse espetáculo partiu de um processo que se iniciou no final do ano passado, em dezembro, quando, dentro do núcleo de dramaturgia, do Galpão Cine Horto, eu acabei escrevendo um texto para a finalização, em um núcleo que era coordenado pelo Vinícius de Souza. E quando a gente foi apresentar, unimos nós, cinco, eu e Júlia, na direção; e João, Domenica e Ítalo, em cena, para a primeira leitura pública. Isso, no final do ano passado. Desde então, aconteceram alguns outros marcos nesse início do grupo, o que acabou fazendo com que a gente iniciasse outros projetos, mas ainda com o desejo de estrear algo ainda neste ano.

Então, “O Mundo Está em Chamas…” partiu desse desejo de estrear a primeira peça. A partir daí, a gente começou a fazer algumas outras ações.

Pode citar algumas?

Gorziza. Por exemplo, a gente apresentou uma cena durante o meio do ano, em um festival de cenas da UFMG. Posteriormente, a gente acabou apresentando uma leitura dramática no Memorial Minas Vale e também apresentamos uma cena na Praça de Serviços da UFMG. Até agora, a estreia. Ou seja, foi um processo no meio do qual a gente acabou fazendo pequenas ações, ainda dentro do escopo daquele texto, daquelas motivações, do que a gente gostaria de falar. E com o tempo isso foi se desenvolvendo para o espetáculo que a gente estreia agora no Sesc Palladium.

E também nesse meio tempo algumas outras modificações, como, por exemplo, o fato de o João ter entrado junto na dramaturgia, bem como algumas modificações do que a gente imaginou na estrutura do espetáculo. Assim, foi um processo que se iniciou há um ano. A leitura foi feita em 14 de dezembro do ano passado, 2023..

Serviço

“O Mundo Está em Chamas, o Teatro Também Tem de Estar”

Estreia dias 13, 14 e 15 de dezembro. Sexta-feira e sábado, às 20h, domingo às 19h
Onde. Teatro de Bolso Sesc Palladium (Rua Rio de Janeiro, 1046, Centro)
Quanto. R$30 (inteira) e R$15 (meia) disponíveis no Sympla

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