Vale: Cosan zera posição, levanta R$ 9 bi e encurta pregão da VALE3 em 1h30 nesta 5ª

Placa com logo da Vale na entrada da mina Fábrica Nova, em Mariana (MG)

A sessão de quinta-feira (16) foi movimentada para as ações da Vale (VALE3) e da Cosan (CSAN3).

As ações da mineradora só abriram o pregão por volta das 11h30 (horário de Brasília) por conta de uma venda feita em bloco de cerca de 173 milhões de ações VALE3 de posse da Cosan, representativas de uma participação do capital social votante da mineradora de aproximadamente 4,05%. Assim, a Cosan zerou a sua fatia na companhia. Como as 173,4 milhões de ações foram vendidas em leilão por um preço final de R$ 52,29 – o preço inicial era R$ 50,63, o negócio totalizou R$ 9,06 bilhões. Os papéis VALE3 fecharam a sessão com ganhos de 0,13%, a R$ 52,67, oscilando entre leves perdas e ganhos desde a abertura.

“A decisão da companhia se baseou exclusivamente no objetivo de otimizar sua estrutura de capital”, afirmou a Cosan em fato relevante.

Mais cedo, reportagem publicada pelo Valor Econômico apontou que a Cosan (CSAN3) estava preparando uma venda das ações da mineradora.

Por volta de 11h30, as ações da Cosan tinham alta de 3,03%, a R$ 8,84, uma vez que a operação, conforme destacaram analistas do UBS BB, favorece a redução do desconto de holding do grupo, pois reduz a dívida bruta em até cerca de 30%. Posteriormente, às 11h34, a ação teve a negociação suspensa até 12h05 por iminência de fato relevante, em que a Cosan informou a venda da fatia. As ações amenizaram e fecharam com ganhos de 0,58%, a R$ 8,63, em um dia de queda de mais de 1% do Ibovespa.

Para o Bradesco BBI, a venda provavelmente será benéfica para o VPL (Valor Presente Líquido) da Cosan, pois deve ajudar a reduzir a alavancagem da holding e diminuir as despesas com juros vinculadas ao CDI, em detrimento aos dividendos da Vale, que atualmente são insuficientes para cobrir o serviço da dívida devido às taxas de juros mais altas no Brasil.

“Ao considerar o último preço da Vale e a curva atual do CDI, vemos um potencial de valorização de 15% a ser desbloqueado pela venda. Além disso, de um ponto de vista qualitativo, também esperamos que a desinvestimento ajude a simplificar o foco da Cosan”, avalia o banco.

O Goldman Sachs também avaliou que as notícias de hoje seriam bem recebidas pelo mercado, embora não devessem ser uma surpresa completa para os investidores.

“Como lembrete, a nova gestão da Cosan havia reconhecido recentemente que a venda da participação da Cosan na Vale poderia ser uma possibilidade para ajudar a holding a reduzir seu nível atual de endividamento para níveis mais adequados (especialmente considerando o atual ambiente macroeconômico desafiador)”, aponta a equipe do banco, que possui recomendação neutra para CSAN3.

Já para a Vale, com muitas das questões micro sendo abordadas recentemente (incluindo o acordo final do acidente da Samarco, renovação da concessão ferroviária, mudanças na CEO e na alta liderança, melhorias operacionais e entrega de projetos), os investidores têm se concentrado recentemente nas potenciais vendas da participação da Cosan como uma fonte de pressão sobre as ações.

“Com o preço das ações da Vale caindo 35% nos últimos 12 meses e atingindo mínimas de 8 anos, as notícias de hoje, se se concretizarem, poderiam reduzir essa pressão sobre as ações”, destacou o banco em relatório antes da abertura. O Goldman tem recomendação de compra para os ativos da mineradora.

A XP considera as ações da Vale como um ativo líquido (quase equivalente a caixa). Isso significa, na opinião da casa, que a venda dessas ações não altera materialmente a capacidade da Cosan de cumprir suas obrigações de dívida atuais.

Por outro lado, a venda tem o benefício de reduzir o custo de carregamento dessa posição, uma vez que o dividend yield (rendimento de dividendo, ou dividendo sobre o valor da ação) da Vale, entre 7% e 8%, é menor do que o custo da dívida (15%+ no ambiente atual de aumento das taxas de juros). “Por esse motivo, consideramos esse movimento positivo. Em uma nota separada, a Cosan ainda detém um call spread equivalente a 1,43% do capital da Vale, que acreditamos que seja desfeito no futuro”, aponta a XP.

As corretoras que mais compraram ações no leilão foram as do Itaú, com 31 milhões, a do próprio JP Morgan, que coordenou a venda e comprou 132 milhões, e a do Goldman Sachs comprou 7,9 milhões. O lote do JP foi vendido rapidamente, em cerca de 20 minutos, mas com parte das ordens ao preço de abertura do papel.

(com Reuters e Estadão Conteúdo)

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