‘Investidor de ações precisa pensar de forma global’, diz Leonardo Otero, da Arbor

Leonardo Otero, cofundador da Arbor Capital. Foto: InfoMoney

Para quem busca capturar as melhores oportunidades de investimentos, olhar somente para dentro de casa não é a recomendação. Pelo menos é essa a chave do sucesso da Arbor Capital, que tem um retorno acumulado de mais de 675% desde 2014. Durante o Onde Investir 2025, Leonardo Otero, fundador da gestora, compartilhou sua experiência e as estratégias de investimento no primeiro episódio do ano do programa Stock Pickers.

Num bate-papo com Lucas Collazo e Henrique Esteter, o gestor explicou a razão do pioneirismo ao investir em ativos no exterior. “Todo investidor de ações precisa pensar de forma global e buscar as melhores oportunidades”, alerta Otero. 

Segundo ele, um dos principais destinos de alocação, por ser um ambiente favorável para negócios, continua a ser os Estados Unidos, mesmo diante de possíveis mudanças no cenário político, como o retorno de Donald Trump à presidência.  

“Uma das principais virtudes de investir internacionalmente é poder escolher ambientes estruturados. Os EUA reúnem características pró-negócios, atraem talentos globais e possuem uma economia dinâmica, entregando em média 10% de retorno ao ano”, destacou. 

Em relação ao retorno de Trump, Otero ressaltou que o otimismo entre empresários norte-americanos reflete a percepção de um governo mais alinhado à iniciativa privada. Inclusive, a tecnologia deve seguir sendo o motor dessa economia, impulsionada pela inteligência artificial e pelos semicondutores.  

O papel das gigantes da tecnologia  

Ainda durante o bate-papo com Lucas Collazo e Henrique Esteter, o fundador da Arbor Capital destaca que o mercado americano, especialmente o índice S&P 500, tem sido impulsionado pelas chamadas “Magnificent Seven” — as sete gigantes da tecnologia. 

Embora estas empresas apresentem múltiplos elevados, Otero defendeu que o desempenho financeiro justifica os altos valores. “A lucratividade média dessas empresas é de 20%, o que as coloca em um nível superior a setores como varejo e commodities. O retorno sobre capital investido (ROIC) dessas companhias é um indicador claro de sua eficiência”, comentou.  

No portfólio da Arbor, empresas como Microsoft, TSMC, Visa e Google são destaques. Otero destacou a importância de investir globalmente. “Hoje, 60% das receitas das big techs vêm de fora dos EUA, o que reforça a necessidade de pensar de forma global.”   

Ainda entre as principais apostas da Arbor, está a TSMC, maior fabricante mundial de chips de alta performance. “Com um market cap superior a US$ 1 trilhão, e investimentos anuais de US$ 40 bilhões, a companhia é a espinha dorsal da inteligência artificial e dos semicondutores”, afirmou Otero.  

Outra ação no portfólio da gestora, e considerada por ela um dos melhores negócios do mundo, é a Visa. “É uma empresa que possui margens altíssimas, é indexada ao consumo das famílias e mantém um crescimento constante de 10% ao ano. Mesmo com a ascensão das fintechs, a Visa se mostrou resiliente e continua a dominar o mercado de pagamentos”, concluiu.  

Geopolítica mundial e oportunidades no Brasil  

E como o olhar de quem investe em ações deve ser global, Otero ainda compartilhou a sua visão sobre os riscos geopolíticos, como o conflito envolvendo a Rússia e a Ucrânia, bem como as tensões entre China e Taiwan. Ele afirmou que a Arbor adota uma abordagem diversificada para mitigar possíveis impactos.

Para se ter uma ideia, após capturar bons resultados na China entre 2017 e 2021, a gestora abriu mão da posição no país. Hoje, 80% do portfólio está concentrado nos EUA, 10% em Taiwan, e outros 10%, no Brasil.  

Falando no Brasil, Otero frisa que o cenário é desafiador. Apesar de os ativos estarem descontados, ele acredita que o mercado brasileiro tem dificuldade em oferecer oportunidades de longo prazo devido à baixa geração de lucros. 

“O Brasil tem momentos de grande pessimismo, mas, ainda assim, há exceções, como PetroRio, que se beneficia de receitas em dólar e está blindada contra problemas domésticos. Essa é uma das companhias brasileiras que temos”, explicou. 

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