Petrobras fora da carteira de proventos? Veja o que fazer sem dividendos extraordinários

Petrobras

A Petrobras (PETR3;PETR4) anunciou o pagamento de R$ 14,2 bilhões em dividendos, mas frustrou a expectativa do mercado – que também aguardava o repasse de dividendos extraordinários. A retenção do recurso derrubou as ações da petroleira na abertura da sessão desta sexta-feira (8), entretanto não significa necessariamente o fim do mundo para quem investe com foco em renda.

Apesar do mau humor do mercado, Vicente Guimarães, da VG Research, ainda vê a empresa atrativa para quem adota uma estratégia voltada para dividendos – mesmo com a possibilidade de redução dos proventos da companhia.

Atualmente, as ações preferencias e ordinárias da Petrobras encabeçam a lista dos maiores retornos com dividendos da Bolsa, com taxas de até 29% em 2024, segundo dados levantados por Einar Rivero, da Elos Ayta Consultoria.

Empresa Ticker Dividend Yield – 2024 (%)
Petrobras PETR4 29,62
Petrobras PETR3 25,88
Siderúrgica Nacional CSNA3 17,5
CSN Mineração CMIN3 17,1
Banco do Brasil BBAS3 13,16
Gerdau GOAU4 12,26
CEMIG CMIG4 11,59
Bradesco BBDC3 11,45
Bradesco BBDC4 11,2
BB Seguridade BBSE3 10,32
Bradespar BRAP4 10,17
Transmissão Paulista TRPL4 9,58
Fonte: Elos Ayta Consultoria

“Com a queda do preço da ação, o dividend yield (taxa de retorno com dividendos) anualizado esperado para ação, segundo nossos cálculos, ultrapassa os 10%”, contextualiza Guimarães. “Apesar de frustrar as expectativas do mercado que aguardava dividendos extraordinários, o valor anunciado ontem representa um dividend yield de 3% considerando o preço da ação no início da sessão de hoje”, completa.

Na abertura da sessão desta sexta-feira (8), as ações da Petrobras chegaram a cair mais de 10%, cotada na casa dos R$ 36.

Gabriel Duarte, analista de ações na Ticker Research trabalha com a mesma previsão de retorno com dividendos e também mantém visão positiva para petroleira.

“Se nada muito drástico acontecer ao longo do ano, é possível que o dividendo seja até um pouco maior que o projetado pelo mercado, visto que a cotação despencou de maneira forte”, pondera. “Além disso, 9% ou 10% de dividend yield não deixa de ser um retorno atraente em dividendos”, chama a atenção.

Carlos Daltozo, head de renda variável da Eleven Financial, é mais cauteloso e alerta para o nível de endividamento da empresa, que se aproxima de US$ 65 bilhões, patamar estabelecido para o ano.

“Voltou a aumentar o nível de endividamento da companhia, chegando a U$ 62 bilhões, e isso pode reduzir ainda mais a distribuição de dividendos”, pontua. “E esse discurso de redução de dividendos ocorre desde a campanha eleitoral”, lembra.

Diante do cenário, Daltozo diz que sempre considerou inevitável a redução do volume de distribuição de dividendos da Petrobras – e, por isso, mantém recomendação neutra para o papel.

Uma certeza: a volatilidade

“Não descarto que a volatilidade será maior daqui pra frente por conta da dinâmica do petróleo, que pode oscilar tanto pra cima quanto pra baixo”, explica Duarte, da Ticker. “[A volatilidade também pode aumentar] por conta de possíveis intervenções políticas na empresa”, alerta o analista, que sugere paciência do investidor.

Guimarães, da VG Research, recomenda observar o momento como de oportunidade e aprendizado. “O investidor que tem foco em dividendos tem que parar de focar na movimentação dos preços e olhar apenas para o crescimento da renda”, orienta.  “O fato de o preço da ação cair deve ser visto como algo positivo, ou seja, a oportunidade de obter mais renda em dividendos por real investido”, finaliza.

Histórico de distribuição

De acordo com dados de Einar Rivero, da Elos Ayta Consultoria, a Petrobras foi a maior distribuidora de dividendos na América Latina e nos Estados Unidos nos últimos 3 anos. Em 2023, os repasses da Petrobras já apresentaram um recuo de 49,5%, totalizando R$ 98,1 milhões – contra R$ 194,6 de 2022.

“Mesmo com a redução, o montante seria suficiente para adquirir praticamente todas as ações da décima primeira maior empresa de capital aberto brasileira, a Eletrobras (ELET6), atualmente avaliada em R$ 98,9 bilhões”, pondera Rivero.

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