Airbus mira primeiras vendas na América Latina para linha A220, após ano mais lento

Ainda diante de dificuldades para emplacar as vendas da sua linha A220 na América Latina, a Airbus espera que os primeiros negócios envolvendo essa família de aeronaves ocorra em breve na América Latina. Em meio a uma reestruturação no mercado de companhias aéreas no Brasil, a avaliação é de que a família mais recente da fabricante possa ser vista como um complemento às frotas.

“Estamos muito interessados em continuar negociando o A220”, diz o presidente da Airbus para América Latina e Caribe, Arturo Barreira, em entrevista ao InfoMoney. “É uma aeronave que acreditamos encaixar perfeitamente no Brasil e na América Latina para rotas mais curtas.”

Os A220 são uma linha de jatos comerciais menores para voos de média distância e se configuram numa das apostas da companhia para os próximos anos. A aeronave foi desenvolvida pela canadense Bombardier com o nome C Series, mas a Airbus assumiu o projeto em 2017 enquanto a desenvolvedora enfrentava problemas de produção.

Barreira relembra que a família A320 foi foi parte do processo de consolidação de aéreas como a fusão entre LAN e TAM para formar a Latam e Avianca e TACA nas operações da Colômbia e América Central. A linha, no entanto, é composta por aeronaves maiores, de 140 a 170 assentos.

O executivo prefere não se prolongar em comentários sobre o acordo de fusão entre Azul e Gol, mas avalia os movimentos no mercado brasileiro — o que envolve a saída da Latam do seu Chapter 11, similar à recuperação judicial nos Estados Unidos, e a entrada da Gol (GOLL4) com o mesmo pedido — “está fazendo as três aéreas mais fortes, o que é positivo para nós”.

Arturo Barreira, presidente da Airbus para América Latina e Caribe. (Foto: Divulgação/Airbus)

A avaliação do presidente é de que o padrão do A220, que comporta de 100 a 120 passageiros em sua menor versão, tem espaço para complementar as frotas em um espaço intermediário entre aviões regionais e aeronaves de corredor único com maior capacidade.

Por enquanto, no entanto, nenhum negócio foi fechado pelas principais operadoras brasileiras, como Latam, Gol e Azul (AZUL4). Recentemente, o CEO da Latam, Jerome Cardier, admitiu que a empresa estuda incluir aeronaves no perfil do A220 à frota, embora a opção da Airbus não esteja sozinha.

A brasileira Embraer (EMBR3) é uma das principais concorrentes da Airbus no segmento, com a sua família de jatos E2. “A frota menor pode vir da Embraer, pode vir da Airbus. Mas não existe nenhuma confirmação de nenhum número de aeronaves. O que existe é uma companhia comprometida em manter crescimento”, disse Cardier em agosto de 2024.

Expansão na América Latina

Ambas as companhias enfrentaram um ano mais lento em pedidos para suas versões de jatos de média distância. Barreira, no entanto, segue otimista quanto ao aumento do tráfego aéreo na América Latina pelos próximos anos. As projeções são de que esse volume dobre em 10 anos e que a quantidade de viagens per capita passe dos atuais 0,4 para 1 nós próximos 20 anos.

“Essa aeronave menor tem sido extremamente bem-sucedida em mercados mais maduros, como Estados Unidos, Canada e Europa, mas vemos que a expansão vai para mercados menos maduros como a América Latina”, diz Barreira. A expectativa da companhia europeia é fabricar 14 aeronaves A220 por mês até 2026.

De 2023 para 2024, no entanto, o saldo entre encomendas e cancelamentos para a família A220 ficou negativo em 9 aeronaves. Em 2023, ele foi positivo em 134. O número de entregas aumentou, de 68 para 75. Ao todo, a Airbus entregou 766 aviões e recebeu 878 encomendas no último ano.

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