Trump tira EUA da OMS, perdoa 1,5 mil invasores do Capitólio e abandona Acordo de Paris

Registro de ataque ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021
Registro de ataque ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021 – Reprodução

Após ser empossado como presidente dos Estados Unidos, Donald Trump iniciou seu mandato assinando suas primeiras ordens executivas em um evento marcado por discursos polêmicos em Washington. Diante de seus apoiadores, o republicano atacou o governo anterior, liderado por Joe Biden e Kamala Harris, e anunciou a revogação de 78 leis e decretos adotados pelos democratas nos últimos quatro anos.

Saída da OMS

Na noite de hoje, Donald Trump anunciou o fim de qualquer envolvimento ou financiamento dos EUA à Organização Mundial da Saúde (OMS). A entidade, que tem sede em Genebra, foi central na luta contra a pandemia da covid-19 e é responsável pelo desenvolvimento de programas de combate a doenças pelo mundo.

“A OMS nos roubou. Isso não vai acontecer mais”, prometeu o republicano, ao assinar ordens executivas no Salão Oval.

Decisões iniciais: guinada ultraconservadora e desmonte de políticas ambientais

Trump sinalizou uma agenda ultraconservadora ao anunciar o desmonte de legislações ambientais, o encerramento de programas de promoção da igualdade racial e a saída dos EUA do Acordo de Paris. Além disso, o presidente indicou uma postura ainda mais rígida em relação à imigração. Essas medidas geraram a primeira reação crítica do governo brasileiro, com a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, condenando as decisões.

Anistia para invasores do Capitólio: promessa controversa

Uma das ações mais aguardadas de Trump foi relacionada aos envolvidos na invasão do Capitólio em 6 de janeiro de 2021. Durante o evento, ele afirmou: “Vou assinar perdões para muita gente”. A anistia, segundo ele, será destinada a indivíduos que não cometeram atos de violência, enquanto aqueles acusados de crimes graves poderão ter suas penas revisadas.

O perdão abrangeria 1.500 pessoas, o que cobre quase todos os que foram acusados formalmente pela Justiça. Durante a campanha, Trump referiu-se à data como o “dia do amor”, classificando os envolvidos como “patriotas”.

Impactos econômicos e ambientais: recuo em medidas sustentáveis

Trump também anunciou mudanças no setor de energia, incluindo o fim de restrições impostas pelo governo Biden para novas explorações de gás e petróleo. O Alasca foi apontado como foco central dessas novas iniciativas. Além disso, o presidente declarou a saída dos EUA do Acordo do Clima de Paris, classificando-o como um “roubo” e afirmando que a medida economizaria US$ 1 trilhão para o país.

O discurso gerou críticas internacionais, especialmente na ONU, que teme impactos negativos nas negociações da Conferência do Clima, marcada para ocorrer em Belém no final do ano.

Reação brasileira: alerta sobre retrocessos climáticos

Rompendo o tom diplomático tradicional, a ministra Marina Silva criticou as decisões de Trump. “Seus primeiros anúncios vão na contramão da defesa da transição energética, do combate às mudanças climáticas e da valorização de fontes renováveis na produção de energia”, declarou. Ela destacou que os EUA são o segundo maior emissor global de gases de efeito estufa, enfatizando os riscos globais das ações americanas.

Segundo Marina, as políticas anunciadas por Trump representam “o avesso da política guiada pelas evidências trazidas pela ciência e do bom senso imposto pela realidade dos eventos climáticos extremos que ocorrem, inclusive, em seu próprio país”.

Trump declarou emergência de segurança nacional, autorizando o envio de militares à fronteira com o México e o uso de amplos recursos financeiros para barrar a entrada de novos imigrantes. Dez decretos relacionados à imigração foram assinados, incluindo a retomada da construção do muro na fronteira e a reativação de programas que mantêm estrangeiros no México enquanto aguardam o processo de regularização.

O presidente também ordenou que o Departamento de Justiça e a Procuradoria Geral solicitem a pena de morte para imigrantes envolvidos em assassinatos de agentes federais. Permissões concedidas por Joe Biden a venezuelanos, haitianos, cubanos e afegãos serão revisadas, e a cidadania por nascimento será limitada, excluindo filhos de imigrantes ilegais e visitantes de curto prazo.

Ataque à diversidade e direitos sociais

Trump extinguiu programas de promoção de igualdade racial e proteção de direitos da comunidade LGBT. Sob os novos decretos, o governo reconhecerá apenas o sexo biológico, restringindo direitos de pessoas trans, incluindo acesso a proteção escolar. Termos como “não-binário” serão removidos de documentos oficiais.

Programas de diversidade nas agências governamentais e forças armadas foram encerrados, sendo substituídos por um sistema baseado exclusivamente em mérito. Além disso, o financiamento a organizações que promovem direitos sexuais e reprodutivos, incluindo o aborto, foi cortado.

Fim do termo “desinformação” e maior liberdade às redes sociais

Trump assinou ordens proibindo agências federais de colaborar com grupos de checagem de fatos ou iniciativas de combate à desinformação. O termo “desinformação” será tratado como uma ferramenta para justificar censura, e qualquer contrato relacionado a esse tipo de atividade será encerrado.

Política comercial e guerra tarifária

O governo Trump iniciará uma revisão global de tarifas aplicadas a produtos importados, mirando países como China, Índia, Brasil e até aliados como México, Canadá e União Europeia. O presidente anunciou a criação de uma agência responsável por gerenciar a arrecadação de tarifas, afirmando que “tarifas vão nos fazer ricos”.

Reforma administrativa e lealdade no governo

O novo governo também implementará um congelamento de contratações e regulamentos no setor público. Todos os funcionários deverão trabalhar presencialmente, e as futuras contratações dependerão de critérios de “lealdade” ao governo.

Repercussões e temores

Grupos de direitos humanos alertaram sobre os impactos das novas medidas. Segundo ativistas, as mudanças colocam em risco princípios constitucionais e direitos fundamentais de minorias e imigrantes. A oposição relembrou declarações de campanha de Trump, em que o presidente afirmou não hesitar em ser um “ditador por um dia”.

As consequências das novas políticas já começam a ser sentidas. Aplicativos de programas de imigração foram desativados, e rumores de deportações em cidades como Nova York e Chicago geraram apreensão entre estrangeiros.

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