Renda fixa com Selic a 13,25%: Pós-fixados e títulos de inflação são alternativas

Aumentar a exposição à renda fixa pode ser a primeira coisa que vem à mente dos investidores que viram o Banco Central elevar a taxa básica de juros para 13,25% ao ano nesta quarta-feira (29). O cenário para investimentos no Tesouro Direto, debêntures e outros instrumentos se tornou mais vantajoso para quem quer seu dinheiro rendendo, mas ainda há riscos para considerar. 

No Tesouro Direto, os pós-fixados são os queridinhos, já que ainda há incerteza sobre a trajetória da Selic. Como os juros podem subir além dos 15% projetados recentemente pelo mercado, analistas adotam cautela nas recomendações. 

No crédito privado, “a recente abertura de spreads pode representar uma oportunidade para investidores dispostos a aceitar risco maior em troca de retornos mais elevados”, segundo Rafael Bellas, coordenador de produtos da InvestSmart.

Renda fixa pública 

Com os juros básicos em alta, a escolha óbvia na renda fixa é o Tesouro Selic, que passa a render 13,25% mais uma pequena taxa prefixada de 0,04% no vencimento em 2027 ou 0,1% em 2029. Mesmo em tempos de Selic mais baixa, o título já é recomendado para investidores conservadores ou mesmo arrojados, para a reserva de emergência ou oportunidade. 

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Mas, para Ricardo Nunes, CIO de crédito da Paramis Capital, o Tesouro Selic é a principal escolha entre os títulos públicos porque não há certeza “se o pior já passou para ativos prefixados e indexados à inflação”. O receio é com uma abertura ainda maior das taxas do Tesouro IPCA+ e Tesouro Prefixado, ainda que hoje paguem até IPCA + 7,85% e 15,32% ao ano, respectivamente. 

Porém, IPCA + 7% ao ano é um “investimento quase imbatível”, segundo Rafael Wynalda, especialista em renda fixa do Inter. As NTN-Bs são “atraentes para proteger o capital contra a inflação”, mas “podem apresentar volatilidade maior em relação às LFTs (Tesouro Selic)”, alerta Bellas, da InvestSmart. 

Crédito privado

O prêmio dos títulos de crédito privado em relação aos títulos públicos (spreads) foi diminuindo ao longo de 2024 até dezembro, quando voltaram a subir e devolveram boa parte da compressão anterior. A correção nos prêmios faz debêntures e outros instrumentos de crédito privado voltarem a valer a pena, segundo Nunes. Mas ainda é preciso muita seletividade. 

Com os juros mais altos encarecendo o crédito e dificultando a rolagem de dívida das empresas, a Paramis opta pela exposição a setores mais defensivos, com debêntures de empresas ligadas à infraestrutura entre os preferidos. “Tendem a ter contratos com receita regulada, em geral reajustada pela inflação, sendo, portanto, mais previsíveis, além de captar com taxas mais baixas por conta da lei 12.431 (que prevê incentivos fiscais às companhias)”, justifica Ricardo Nunes. 

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Já a Hike Capital prefere papéis emitidos por empresas de logística e transporte, como a Simpar e suas controladas (Movida, Vamos, JSL). “O setor continuará crescendo de forma acelerada e resiliente e as empresas do ramo estão extremamente saudáveis e lucrativas”, diz Gianluca Di Matina, especialista em investimentos da casa. A gestora prefere papéis indexados ao CDI, já que “títulos atrelados ao IPCA terão retorno significativamente inferior”.

Além das debêntures, Hike, Paramis e Ouro Preto Investimentos, ouvidos pelo InfoMoney, elogiam os FIDCs (Fundos de Investimento em Direito Creditório) como alternativas interessantes para o momento. Não há tantas opções de fundos abertos ao investidor de varejo, mas é possível encontrar alguns FIDCs abertos ao público geral ou investir em fundos de crédito que compram cotas dos fundos de recebíveis. 

“Os FIDCs oferecem uma exposição segura a diferentes vertentes econômicas com liquidez e retornos potencialmente mais elevados, fazendo deles uma escolha robusta para diversificação de portfólio em cenários de maior taxa de juros”, diz Sidney Lima, analista da Ouro Preto. 

Nunes diz que eles “remuneram bem e são protegidos contra cenários adversos, desde que tenham sido desenhados com uma estrutura bem amarrada em termos de subordinação mínima e gatilhos que aceleram o vencimento das cotas mais sêniores em cenário de inadimplência mais alta na carteira”. 

Não à toa, os fundos de recebíveis foram um dos destaques do crédito privado em 2024 e ultrapassaram os fundos de ações em patrimônio líquido após alta de 32,6% no ano. O volume investido pode pessoas físicas nos FIDCs cresceu 115,9% no ano passado na comparação com 2023. 

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