Impactos da DeepSeek não devem atingir empresas brasileiras, mas abrem novas oportunidades segundo especialista

As notícias envolvendo o lançamento da DeepSeek, uma ferramenta de inteligência artificial desenvolvida por uma empresa chinesa de mesmo nome, pegaram o mundo da tecnologia de surpresa nos últimos dias. Causando impactos diretos nas gigantes da tecnologia do Vale do Silício, a ferramenta passou uma mensagem clara: é possível conquistar resultados expressivos sem a necessidade de investimentos bilionários. Para Vitor Elman, copresidente da Cappuccino e membro do Comitê de Inteligência Artificial da IAB Brasil, o alcance e potencial da ferramenta podem mostrar novos caminhos e oportunidades para empresas brasileiras do ramo.

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Em entrevista exclusiva ao Metro, Vitor revela que a conquista da DeepSeek representa uma nova perspectiva para o mercado de tecnologia. Além de provar que é possível inovar sem a necessidade de investimentos bilionários, a nova ferramenta de IA mostra que pensar em soluções diferentes para resolver problemas complexos e contornar dificuldades é um ponto determinante para conquistar sucesso nessa área.

“Sem ter acesso aos potentes chips da Nvidia, a empresa chinesa recorreu a uma outra inteligência: pensar diferente, enxergar outros ângulos. E assim conseguiu contornar essa dificuldade, criando um modelo que consegue atingir resultados tão bons ou melhores sem consumir tanta energia e recursos bilionários. Eles chegaram em um resultado que mostra que é possível fazer diferente, alcançar mais e ainda de uma forma mais sustentável. Isso mostra que a era que estamos vivendo é a do pensamento inovador para resolução de problemas, não era das respostas, mas a era das boas perguntas”, aponta o especialista.

Gigantes da tecnologia sentiram o impacto direto

Os anúncios realizados pela DeepSeek foram sentidos diretamente na bolsa de valores norte-americana. Ao demonstrar a possibilidade de conquistar grandes avanços no âmbito da inteligência artificial com um investimento significativamente inferior ao de outras empresas, a IA chinesa demonstrou fraquezas das concorrentes.

“Uma vez que a DeepSeek mostrou a possibilidade de fazer com $5M o que se fez com bilhões de dólares através de um modelo que dispensa os potentes e caríssimos chips da Nvidia, o mercado fica inseguro sobre o futuro do negócio”, explica Vitor.

No entanto, apesar de impactar diretamente no valor econômico das gigantes da tecnologia, o surgimento da ferramenta mostra um caminho de possibilidades variadas que descentralizam o poder de criação sobre as tecnologias de inteligência artificial. “Movimentos deste tipo mostram que o desenvolvimento da tecnologia não é uma exclusividade das big techs com investimentos bilionários. Isso, com certeza, abre espaço para novos players e opções de mercado”.

Empresas brasileiras não devem ser afetadas

Quando questionado sobre os impactos diretos para as empresas brasileiras do ramo da tecnologia, Vitor afirmou que as chances são poucas, visto que ainda não competimos diretamente no mercado de modelos de inteligência artificial avançados.

No entanto, ele ressalta que o movimento gerado pela DeepSeek pode ser um alerta para as empresas brasileiras de tecnologia: “Tudo isso passa uma mensagem de que temos condições de competir. O brasileiro tem uma criatividade reconhecida mundialmente e podemos usá-la para encontrar novos caminhos para problemas complexos”.

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