A Bolsa pode subir (mais) mesmo com a Selic a 13,25%? Saiba onde investir em ações

Painel de cotações

O Ibovespa avança mais de 2% no pregão desta quinta-feira (30), o primeiro após o anúncio de elevação da Selic para 13,25% ao ano, notícia ruim para os ativos da renda variável. O mercado reage a falas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mas o movimento mostra que é possível ter ganhos na Bolsa mesmo com os juros básicos nas alturas.

É o que defende Max Bohm, estrategista de ações da Nomos. Ele argumenta que é a parte longa da curva de juros que faz preço nas ações. “Podemos ver a Selic subindo, mas os juros longos fechando, o que pode fazer com que a Bolsa suba mesmo com os juros indo na direção dos 15%”. 

Ele e outros especialistas ouvidos pelo InfoMoney deixam claro que a alta da Selic impacta negativamente o Ibovespa, já que o custo de crédito das empresas aumenta, o consumo diminui e há migração de investimentos para a renda fixa.

Porém, lembram que o aperto monetário até uma Selic de pelo menos 15% já estava precificado. “O cenário de curto prazo ainda é bastante desafiador, mas enxergamos alguns ativos com potencial de ganho expressivo no longo prazo”, diz Gustavo Harada, gestor de renda variável da Blackbird.

Leia também: Pós-fixados e títulos de inflação são alternativas na renda fixa com Selic a 13,25%

Bohm ainda argumenta que a Bolsa “está leve, barata, e isso pode atrair fluxo a qualquer momento, não à toa vimos o Ibovespa sair de 118 mil pontos para 124 mil pontos simplesmente pela melhora no ambiente externo”. No nível atual, “qualquer melhora marginal no ambiente macroeconômico” pode impulsionar as cotações, diz o estrategista. 

Onde investir na Bolsa?

Para aproveitar os preços baixos, os analistas indicam setores considerados defensivos e empresas já consolidadas no mercado. Ações de setores sensíveis a juros e dependentes de consumo aquecido, como varejo e construtoras, ficam em segundo plano agora que o foco está em mitigar riscos investindo em empresas com forte geração de caixa mesmo com a Selic alta. 

Entre esses setores defensivos, as indicações destacam bancos, elétricas, seguradoras, empresas de saneamento, commodities, telecomunicações e algumas exportadoras. Setores e empresas consolidadas, com potencial para ganho de market share, facilidade de repasse de preços, baixa alavancagem e bons pagamentos de dividendos, continuam atraentes”, segundo Leonardo Monoli, diretor de gestão da Azimut Brasil Wealth Management.

Para ele, Petrobras (PETR4), Equatorial (EQTL3), Itaú (ITUB4), BTG Pactual (BPAC11), JBS (JBSS3) e Suzano (SUZB3) “apresentam relação risco-retorno interessante” atualmente. 

No setor de seguros, elogiado pela resiliência, BB Seguridade (BBSE3) e Caixa Seguridade (CXSE3) “são as principais escolhas, considerando o modelo de negócios diversificado, melhora nos resultados do agronegócio e crescimento no lucro pelo aumento da Selic”, segundo Gianluca Di Matina, especialista em investimentos da Hike Capital. 

Di Matina defende que é o momento ideal para investir em pagadoras de dividendos, concentradas nos setores defensivos indicados pelos especialistas. “É comum que o investidor se depare com boas empresas com retornos com dividendos muito altos, já que os preços ficaram para trás; o acúmulo de dividendos deve ser a estratégia inicial”. 

Leia também: Que ações pagam dividendos acima do CDI com Selic a 13,25% e quanto R$ 50 mil rendem?

Vale a pena investir agora?

Sim, mas os resultados podem demorar. É o que argumenta Sidney Lima, analista da Ouro Preto Investimentos: “agora, o investidor de ações deve considerar a perspectiva de longo prazo; embora o cenário atual possa parecer volátil devido às altas da Selic, ações são investimentos para quem tem capacidade de esperar pela recuperação econômica e ajustes nos preços dos ativos”. 

É justamente o preço atrativo da Bolsa que faz Monica Araújo, estrategista de alocação da InvestSmart, afirmar que a Bolsa tem, atualmente, “um bom ponto de entrada para investidores de longo prazo”. Para ela, é preciso estar disposto a permanecer com alocação em ações por pelo menos três anos para colher bons frutos. 

Avaliando o valor das ações como “atrativo”, Bohm, da Nomos, conclui que “o momento de investir em Bolsa é agora”.

The post A Bolsa pode subir (mais) mesmo com a Selic a 13,25%? Saiba onde investir em ações appeared first on InfoMoney.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.