Batalha entre prefeitura de SP e motos por aplicativo: pesquisa mostra que 73% das mulheres acham serviço alternativa à violência urbana

Em meio à guerra jurídica envolvendo o serviço que ofereciam a 99 e a Uber, mas que está impedido pela Justiça, a moto por aplicativo é percebida como uma alternativa para segurança das mulheres em seus percursos a pé, segundo pesquisa qualitativa Locomotiva a que o Metro teve acesso. Na cidade de São Paulo, são 73%.

Oito em cada 10 mulheres afirmam que considerariam utilizar moto por aplicativo para evitar passar a pé sozinha por ruas desertas ou por estarem com medo de esperarem muito tempo no ponto de ônibus.

São 76% que indicam que seria uma forma de evitar passar a pé sozinhas por ruas desertas e o mesmo percentual também concorda que seria uma forma de se evitar o medo de ficar muito tempo em um ponto de ônibus.

A pesquisa mostra que a imensa maioria das mulheres tem grande preocupação com a violência em seus deslocamentos na cidade de São Paulo. O percentual é de 96%.

Entre os medos apresentados, foram citados: sofrer algum tipo de importunação ou assédio sexual; sofrer assaltos; sofrer algum tipo de preconceito ou discriminação; e sofrer estupro.

A situação é mais delicada entre as mulheres de baixa renda. São 97% delas que têm medo de sofrer violência ao andar a pé pela capital. As entrevistas citaram o medo de: receber olhares e cantadas inconvenientes; sofrer assédio sexual; ser assaltada; sofrer algum tipo de discriminação ou preconceito; ser estuprada; acidentes de trânsito, entre outros.

A pesquisa aponta também que os deslocamentos das mulheres de baixa renda entrevistadas pela cidade são intensos: 65% saem de casa cinco vezes por semana ou mais.

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Quase metade das mulheres ouvidas costuma fazer deslocamentos durante a noite ou durante a madrugada. Elas se locomovem mais pela manhã e à tarde, mas quase metade delas sai à noite ou de madrugada, principalmente as mais jovens. São 48% em São Paulo.

O medo da violência aumenta mais porque muitos dos deslocamentos são feitos a pé. Os meios, durante todo o período do dia e da noite, são assim divididos: 79% de ônibus; 69% a pé; 44% em carro por aplicativo; 41% de trem ou metrô; 24% de carro particular; 9% o faziam por moto por aplicativo até a suspensão do serviço pela Justiça de São Paulo; 5% por serviços paralelos de mototáxi; 3% em moto particular; 3% de táxi; e 2% de bicicleta. Caminham mais de 20 minutos ao longo do dia 66%.

A pesquisa aponta ainda que 6 em cada 10 mulheres já desistiram de compromissos por insegurança e precisaram criar alternativas para enfrentar o seu medo nos trajetos. Entre as ouvidas, 63% já se atrasaram para chegar em algum lugar por ter de mudar de rota, enquanto 61% citaram também que desistiram de ir a algum lugar por insegurança de andar a pé.

Duas em cada 3 mulheres, ainda, já solicitaram a companhia de alguém em seus deslocamentos, enquanto 61% fingiram estar acompanhadas para não demonstrarem que caminhavam sozinhas.

A questão econômica também pesa. A maioria das mulheres de baixa renda já decidiu pegar algum transporte para evitar a insegurança de caminhar, mas metade também já deixou de fazê-lo por falta de dinheiro. Entre as citações da pesquisa qualitativa, 66% optaram por usar um transporte alternativo para ter mais segurança; 60% também citaram que pegaram um carro por aplicativo, por medo de ir a pé; e 55% das paulistanas de baixa renda quiseram pegar um carro por aplicativo por medo de ir a pé, mas não tinham dinheiro suficiente para pagar.

A Locomotiva fez 2.750 entrevistas com mulheres das classes C, D e E que se deslocam pelo menos uma vez por semana pela cidade. Todas com mais de 18 anos. O período de campo foi de 20 a 25 de janeiro. A margem de erro é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos.

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