Quais os possíveis desdobramentos do Mais Médicos 3 para as empresas listadas?

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O Goldman Sachs comentou os possíveis desdobramentos do Mais Médicos 3 (MM3), programa para levar médicos para regiões prioritárias e de difícil acesso, cuja fase eliminatória de resultados preliminares está prevista para ser divulgada nesta sexta-feira (31) pelo Ministério da Educação (MEC).

Analistas do banco americano lembram que essa primeira fase do processo é apenas eliminatória, sem oferecer muitas pistas sobre o resultado final. Diferentemente da segunda fase (agendada para 28 de março de 2025), quando serão divulgadas as notas e o ranking das instituições.

Eles disseram ver riscos limitados de canibalização das vagas do MM3 devido às liminares recentemente aprovadas, já que a sobreposição geográfica parece pequena até o momento. No entanto, a incerteza persiste, pois ainda há liminares relevantes pendentes de análise.

Já o cenário de fusões e aquisições no setor de faculdades de medicina pode ganhar força no curto prazo, diante da recente aprovação de novas vagas por liminar e do que parece ser um ambiente de valorização menos exigente.

Resultados preliminares

O Goldman avalia que os resultados preliminares de janeiro do MM3, apesar de eliminatórios, não devem trazer impactos imediatos, pois o regulador apenas divulgará quais instituições são elegíveis (do ponto de vista financeiro e econômico) para seguir na disputa com suas propostas.

Os analistas do Goldman acreditam que todas as empresas sob a cobertura do banco devem passar nesta etapa, dada sua vasta experiência e histórico positivo em leilões anteriores do Mais Médicos.

“Mas a segunda fase, em março, trará maior visibilidade sobre os desdobramentos do MM3”, pontuam. Nesse momento, analistas esperam mais clareza sobre a posição de cada empresa no ranking.

No MM2, os resultados preliminares da segunda fase foram praticamente idênticos ao resultado final (previsto para maio de 2025), sugerindo que os dados de 28 de março serão um bom indicativo do desfecho final.

Considerando o período de processamento dos resultados e o tempo necessário para a construção da infraestrutura, o Goldman prevê que as primeiras turmas de medicina do MM3 só comecem no primeiro trimestre de 2027 (1T27).

Assim, o programa MM3 não deve impactar receitas ou a dinâmica de oferta e preços no setor no curto prazo.

Considerando a regra de 5 leitos hospitalares do SUS por vaga, a análise mostra que a maioria das regiões de saúde incluídas no MM3 não foi significativamente afetada por liminares desde meados de 2024:

Das 116 regiões de saúde, 107 não foram impactadas. Destas, 88 nunca tiveram liminares aprovadas e 19 tiveram, mas ainda comportariam as vagas do MM3.

Além disso, empresas do setor indicaram que evitaram disputar regiões com alto grau de judicialização, reforçando a visão de baixo impacto nesse aspecto.

Por outro lado, se todas as aprovações de escolas médicas via liminar fossem excluídas do MM3 (quase 4 mil vagas nos últimos seis meses, segundo cálculos), o programa poderia sofrer forte canibalização. No entanto, este não é o cenário-base do Goldman.

Ainda que um evento extremo como esse seja pouco provável, dada a preocupação das autoridades em aumentar a densidade médica no país (buscando atingir a média da OCDE de 3,73 médicos por mil habitantes), o Goldman disse não ter previsão sobre possíveis desdobramentos regulatórios ou judiciais.

Judicialização

Embora não tenha acesso ao racional por trás de cada decisão do MEC, o Itaú BBA considera essencial monitorar a quantidade e a localização dos pedidos, bem como as instituições e os grupos educacionais responsáveis por cada solicitação.

Nesse contexto, embora muitas empresas tenham tido seus pedidos negados, o BBA acredita que elas continuarão buscando aprovação por meio de ações judiciais.

Analistas do BBA lembram que foram divulgadas duas decisões nesta semana. Ambos os pedidos analisados foram aprovados, concedendo 120 novas vagas de medicina para instituições localizadas nos estados de Roraima e Bahia. Nenhum dos pedidos aprovados pertencia a empresas listadas na bolsa.

Ânima (ANIM3)

O Goldman Sachs comenta que as empresas não divulgaram o número de vagas ou processos que submeteram ao MM3, dada a relevância estratégica, mas devem maximizar o valor presente líquido (VPL) de seus projetos escolhendo as regiões de saúde com maior probabilidade de concessão de vagas (ou seja, regiões próximas onde já operam), já que as vagas de medicina são limitadas a 60 por solicitação.

A equipe de análise do banco prevê que cada empresa mantenha sua participação de mercado atual (6% para Ânima, 11% para Afya e 2% para Cogna, conforme dados de 2024). Diante disso, o banco vê um viés positivo para a Ânima, com potencial de criação de valor de R$ 332 milhões, ou 39% do valor de mercado (considerando R$ 12 milhões de VPL por vaga de medicina).

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