7 ações sobem mais de 20% e 10 caem mais de 5%: os destaques do Ibovespa em janeiro

O Ibovespa terminou o primeiro mês de 2025 com um desempenho positivo, registrando a primeira alta desde agosto de 2024.

A reta final do mês foi de maior ânimo com alívio de alguns temores sobre o governo Donald Trump – ainda que muitas incertezas sigam sobre o começo do seu mandato – e queda dos juros futuros após reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). O comunicado do Copom da última quarta-feira foi considerado por boa parte do mercado dovish (brando) em relação à inflação, ao indicar alta de 100 pontos-base da taxa Selic em março, mas sem contratar novo aumento da mesma magnitude em maio.

Neste cenário, com o recuo do dólar de mais de 5% e queda dos juros futuros, ações de empresas que sofreram no ano passado, principalmente do setor de consumo e varejo, assim como construtoras. Sete ações que compõem o Ibovespa subiram mais de 20% em janeiro: CVC (CVCB3), Azul (AZUL4), Cogna (COGN3), Totvs (TOTS3), IRB (IRBR3), Assaí (ASAI3) e Cyrela (CYRE3).

Por outro lado, os frigoríficos, que foram destaque positivo em 2024, tiveram queda no primeiro mês de 2025. Apenas 10 ações caíram mais de 5% no mês: BRF (BRFS3), Raízen (RAIZ4), Automob (AMOB3), Auren (AURE3), Marfrig (MRFG3), Gerdau Metalúrgica (GOAU4), Vibra (VBBR3), Ambev (ABEV3), Cosan (CSAN3) e Gerdau (GGBR4).

Maiores altas

CVC (CVCB3): +42,75%

Ainda que as perspectivas para a empresa de turismo sejam desafiadoras, a CVC (CVCB3) registrou um forte avanço de seus ativos, com a queda do dólar e dos juros futuros ao longo do mês de janeiro gerando melhores perspectivas para a demanda para os pacotes da companhia. Cabe destacar ainda que as ações caíram cerca de 60% em 2024, fazendo com que a atratividade dos papéis aumentasse em momento de maior ânimo do mercado.

A CVC conta com receitas cíclicas – isto é, consegue vender melhor seus serviços quando os consumidores apresentam uma maior renda. Sendo uma empresa com margem de lucro muito comprimida, ela fica mais vulnerável à alta de juros, inflação e dólar.

Olhando para a projeção de resultado da empresa, contudo, as expectativas não são tão positivas. Após alguns trimestres de crescimento do Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) na base anual, o Santander espera que o 4T24 seja marcado por uma queda no indicador ano a ano, principalmente como resultado de maiores despesas de vendas, gerais e administrativas (SG&A) durante o trimestre, especialmente em marketing, após algumas campanhas sazonais, como a Black Friday. “Consequentemente, ainda esperamos que a CVC registre um prejuízo no 4T24”, avalia.

Ainda no radar micro da empresa, os acionistas da operadora de viagens aprovaram neste mês uma mudança no estatuto social da empresa que obrigará qualquer acionista ou grupo de acionistas com participação maior que 25% a lançar uma oferta pública de aquisição de todas as ações remanescentes. O mecanismo, conhecido no mercado como “poison pill”, foi aprovado pela maioria dos acionistas da CVC.

Azul (AZUL4): +29,94%

Além do cenário micro mais favorável com queda do dólar (o que beneficia a endividada aérea), o noticiário em si da companhia está movimentado. Nos primeiros dias de 2025, após muitos rumores ao longo dos últimos meses, a Azul e a Gol (GOLL4) informaram, por meio de fato relevante, que assinaram um memorando de entendimentos (MoU) não vinculante com o objetivo de explorar uma combinação de negócios das duas companhias aéreas no Brasil.

Na visão do BBI, o negócio pode criar um impacto positivo de R$ 1,90 por ação da AZUL4, provenientes de sinergias de receita e custo.

A aérea anunciou no apagar das luzes de janeiro que concluiu um longo processo de reestruturação de dívidas com credores financeiros, arrendadores de aeronaves e fabricantes de equipamentos, o que deve levar a uma forte redução de sua alavancagem.

A companhia afirmou em fato relevante ao mercado que a conclusão do processo após meses de negociações eliminou US$ 1,6 bilhão em dívidas da empresa e levantou US$ 525 milhões em capital adicional, além de reduzir o pagamento de juros R$ 800 milhões neste ano. A empresa afirmou ainda que a alavancagem deve recuar de 4,8 vezes para 3,4 vezes em relação ao nível do terceiro trimestre do ano passado.

No último dia do mês, a S&P Global Ratings elevou a nota de crédito em escala global da companhia para “CCC+” ante “SD” (default seletivo), conforme relatório nesta sexta-feira, poucos dias após rebaixar a classificação da companhia aérea.

“Nós reavaliamos o perfil de crédito da companhia aérea brasileira Azul após sua troca de dívida, renegociação de passivos de arrendamento e emissão de notas superprioritárias”, afirmou a agência.

Cogna (COGN3): +29,36%

O cenário macro de queda de juros e queda do dólar também afeta positivamente a empresa de educação Cogna, com endividamento relativo elevado e que também é dependente de um ambiente mais positivo para a economia.

Durante o mês, algumas casas também reiteraram a preferência pelos ativos, que também registrou forte queda em 2024, com baixa de quase 69% no ano passado.

O JPMorgan reiterou em meados do mês recomendação de compra para Cogna, inclusive preferindo o ativo COGN3 à Yduqs (YDUQ3). Ao analisar apenas a educação superior, a Kroton, da Cogna, está crescendo suas receitas mais rápido que a Yduqs, com 8% ano a ano contra alta respectiva de 6%, apontam os analistas. Além disso, o ciclo de cobrança de caixa parece mais ágil na Kroton, com os dias de contas a receber ex-PEP (empréstimos privados antigos não mais concedidos) sendo de 40, contra 94 na Yduqs.

O Bradesco BBI também ressaltou que a empresa é negociada a múltiplos interessantes, o que faz com que o ativo seja o favorito dos especialistas de todo o setor de educação.

Totvs (TOTS3): +27,33%

A Totvs também esteve entre as maiores altas do mês, com os investidores vendo as ações como atrativas e vendo resultados mais positivos.

A XP reiterou recomendação de compra para ações da Totvs em meados do mês, ainda que reduzindo o preço-alvo de R$ 39 para R$ 33, principalmente devido a um maior custo de capital. 

O time de análise justifica a recomendação com base no modelo de negócios e na estrutura de capital resilientes da empresa, no seu poder de precificação (com destaque para o repasse contratual da inflação) e nas perspectivas de crescimento robusto em todos os segmentos. Com relação à prévia para o 4T24, os analistas esperam que a Totvs apresente resultados sólidos, mantendo a tendência observada nos últimos resultados: crescimento robusto e resiliente no segmento de Gestão e sólida evolução em Business Performance.

O Goldman Sachs também ressalta que o tom das discussões sobre lucros deve ser definido pela melhoria das tendências para receita recorrente e margens no segmento de Gestão, à medida que as incompatibilidades do índice de inflação se revertem (a favor da Totvs) e também se beneficiando de bases de comparações fáceis ano a ano (com o 4T23 particularmente afetado por mudanças internas na divisão de software financeiro da Dimensa).

IRB (IRBR3): +24,62%

As ações do IRB tiveram fortes ganhos em meio à visão contínua de recuperação dos números da resseguradora.

No fim deste mês, o Citi elevou o preço-alvo do IRB de R$ 48 para R$ 59, bem como reiterou recomendação de compra. Para o banco, há um impulso positivo diante das tendências operacionais adequadas, além do vento favorável dos resultados financeiros impulsionados por taxas de juro mais elevadas.

Para o banco, a recuperação da rentabilidade provavelmente seguirá, prevendo que o IRB reporte lucro líquido de R$ 97 milhões (queda de 16% na comparação trimestral, mas alta 157% ano a ano). “O terceiro trimestre foi impactado por um ganho extraordinário relacionado à venda de um terreno, contribuindo com R$ 37 milhões no resultado final”, aponta o Citi.

O IRB também divulgou recentemente os números mensais de novembro, registrando um lucro líquido de R$ 65 milhões no período. Segundo projeções do JPMorgan, o resultado leva o ritmo de execução do 4T24 para R$ 134 milhões, superando em 18% os R$ 114 milhões estimados pelo banco e em 32% os R$ 101 milhões do consenso da Bloomberg.

Confira as altas do Ibovespa no mês de janeiro:

Ticker da Ação Preço (R$) Variação no mês (%)
CVCB3 1,97 42,75
AZUL4 4,6 29,94
COGN3 1,41 29,36
TOTS3 34,06 27,33
IRBR3 52,9 24,62
ASAI3 6,74 21,42
CYRE3 20,4 20,35
YDUQ3 10,25 19,88
BRKM5 13,81 19,26
AZZA3 34,15 15,45
PETZ3 4,69 15,23
MGLU3 7,46 14,77
BBAS3 27,68 14,52
CRFB3 6,19 14
LREN3 13,65 12,62
POMO4 8,3 12,47
ENEV3 11,8 12,06
VIVA3 21,43 11,32
VIVT3 51,87 10,9
PSSA3 39,98 10,47
CCRO3 11,23 10,42
EQTL3 30,15 10,36
ITUB4 33,81 10,09
RDOR3 27,95 9,95
B3SA3 11,19 8,96
CPFE3 34,38 8,83
HAPV3 2,42 8,52
MULT3 22,4 8,06
ITSA4 9,53 7,93
TIMS3 15,61 7,8
BBDC4 12,09 7,08
SBSP3 94,57 6,86
EMBR3 59,96 6,71
CMIN3 5,46 6,66
BBSE3 38,54 6,52
ISAE4 23,8 6,47
MRVE3 5,64 6,21
CPLE6 9,7 6,01
BBDC3 11,02 5,96
ELET3 36,16 5,95
PCAR3 2,7 5,88
PETR3 41,65 5,68
ALOS3 19 5,44
CXSE3 14,68 5,3
ELET6 39,83 5,26
WEGE3 55,43 5,04
UGPA3 16,54 4,16
PETR4 37,69 4,14
EGIE3 36,93 4,03
USIM5 5,51 3,57
RAIL3 18,4 3,14
CSNA3 9,05 2,14
PRIO3 40,99 2,09
VAMO3 4,84 1,89
LWSA3 3,36 1,2
HYPE3 18,28 1,05
SUZB3 62,37 0,96
BRAP4 16,65 0,42
STBP3 13,18 0,38

Maiores baixas

BRF (BRFS3, -13,68%), Marfrig (MRFG3, -6,69%)e Minerva (BEEF3, -4,91%)

Dentre as baixas do mês, o setor de frigoríficos se destaca. A queda aconteceu de forma mais acentuada no dia 21 de janeiro, com o anúncio de casos de gripe aviária na Geórgia (EUA). O estado decidiu suspender temporariamente atividades relacionadas à avicultura. O impacto mais direto foi sentido, em primeiro momento, pela BRF (BRFS3), que atual com maior força no segmento.

A Marfrig (MRFG3) também sofreu impacto pela grande fatia que detém na companhia. Na ocasião, BRFS3 perdeu 6,61% enquanto a MRFG3 caiu 4,04%. A JBS (JBSS3) também teve queda, com -1,84%. Nos últimos dias do mês, as companhias também sofreram impacto na quinta-feira (30), devido à falas do presidente Lula sobre necessidade de compreensão, junto aos produtores, da alta de preços de alimentos, em especial da picanha.

Raízen (RAIZ4, -12,04%)

No caso da Raízen (RAIZ4), a prévia operacional trouxe dados abaixo do esperado por analistas. Para o Itaú BBA, a produtividade da cana-de-açúcar e a conversão de açúcar foram impactadas negatividade tanto por déficits hídricos e incêndios florestais. O BBI também interpretou os números como negativos.

A divulgação, que aconteceu em 20 de janeiro, foi responsável por garantir forte desvalorização do papel na sessão. RAIZ4 caiu 5,39%, a R$ 1,93. Só no último pregão o papel perdeu 3,06%.

Automob (AMOB3): -8,82%

A Automob (AMOB3), que compõem o Ibovespa em razão da separação da Simpar (SIMH3), oscila fortemente desde o início das negociações, em 16 de dezembro. Como os papéis tem valor baixo, uma mera negociação de centavos pode fazer com que o papel já oscile fortemente. Apesar de nenhum evento específico ter impactado a empresa, os papéis figuraram entre as maiores baixas do mês.

Auren (AURE3): -7,53%

A Auren (AURE3) apresenta queda de mais de 35% nos últimos doze meses. Parte do desempenho negativo vem da reação à fusão com a AES e o aumento da dívida líquida que veio no processo. A empresa vem se recuperando, no entanto, com dois fatores: o impacto causado pela geração de energia hidrelétrica.

Apesar disso, analistas consideram que, com a fusão, a Auren se tornou uma das maiores geradoras de energia no Brasil, o que pode, no médio prazo, significar redução do endividamento.

Além disso, a companhia pode ser beneficiada por novas regras de leilão para junho da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) para contratar mais potência para o sistema elétrico brasileiro. As regras foram divulgadas nos primeiros dias de janeiro.

A XP identifica Copel (CPLE6), Auren (AURE3) e Eletrobras (ELET3ELET6) como as principais beneficiárias das novas regras, devido à definição de um único produto hidrelétrico para 2030, que permite a ampliação de capacidade hídrica.

Ambev (ABEV3): -5,45%

A Ambev (ABEV3) reagiu negativamente aos dados de produção de bebida no Brasil, que foram divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os números mostram enfraquecimento na produção, o que poderia vir a ser um problema para Ambev em especial no segmento de Cerveja Brasil. Em relatório da XP, analistas destacaram que o enfraquecimento dos números também poderia causar riscos de baixa de dígitos simples nas estimativas de crescimento para o segmento.

Apesar da visão mais cautelosa, a corretora destacou que a principal preocupação era com os números de 2025 e não com os resultados do 4T24, que devem ser apresentados em 26 de fevereiro de 2025. De qualquer maneira, os papéis vem oscilando durante o mês, em altas e quedas tímidas, com saldo negativo ao fim de janeiro.

Confira as baixas do Ibovespa no mês de janeiro:

Ticker da ação Preço (R$) Variação mensal (%)
BRFS3 21,89 -13,68
RAIZ4 1,9 -12,04
AMOB3 0,31 -8,82
AURE3 8,11 -7,53
MRFG3 15,89 -6,69
GOAU4 9,57 -6,63
VBBR3 16,86 -5,49
ABEV3 11,1 -5,45
CSAN3 7,74 -5,15
GGBR4 17,22 -5,07
BEEF3 4,84 -4,91
BRAV3 22,43 -4,63
RENT3 30,87 -4,13
RADL3 21,29 -3,23
SMTO3 22,69 -2,45
JBSS3 35,44 -2,37
RECV3 15,87 -2,1
FLRY3 11,84 -1,91
CMIG4 10,96 -1,35
NTCO3 12,62 -1,1
SLCE3 17,36 -0,8
VALE3 54,17 -0,7

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