Guerra comercial de Trump é ‘a mais estúpida da história’, diz Wall Street Journal

Donald Trump. Foto: Divulgação

Em um editorial publicado neste domingo, o Wall Street Journal criticou duramente as novas tarifas comerciais impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, classificando-as como “a guerra comercial mais estúpida da história”.

O jornal destacou a incoerência da decisão de aplicar tarifas de 25% sobre Canadá e México, enquanto impôs apenas 10% à China, principal rival econômico dos EUA. Segundo a publicação, essa estratégia desigual lembra uma velha piada: “Ser inimigo dos Estados Unidos é perigoso, mas ser amigo pode ser fatal.”

O editorial, repercutido pelo site chinês Guancha, argumentou que as tarifas prejudicam setores fundamentais da economia americana, como a indústria automobilística e a agricultura, além de minarem a credibilidade internacional do país. O jornal alertou que essa política pode dificultar futuras negociações comerciais, pois aliados poderão questionar a confiabilidade dos EUA.

A publicação também contestou as justificativas da Casa Branca. A secretária de imprensa, Karoline Leavitt, afirmou que as tarifas se justificam pelo envolvimento de Canadá e México no tráfico de drogas para os EUA. O Wall Street Journal, no entanto, ressaltou que esse problema persiste há décadas e não será resolvido com tarifas, pois a demanda americana continua alta.

O jornal ainda apontou que as medidas de Trump podem gerar retaliações. O México, em 2009, impôs tarifas sobre produtos agrícolas americanos em resposta a uma disputa sobre transporte rodoviário e, em 2018, taxou aço, carne suína e bourbon após decisões protecionistas do governo Trump.

Donald Trump. Foto: Divulgação

O Canadá também prometeu reagir. O primeiro-ministro Justin Trudeau afirmou que seu país responderá proporcionalmente, mesmo com uma economia menor, e alertou que os consumidores americanos sentirão os efeitos, com alta nos preços de produtos importados.

O Wall Street Journal destacou ainda os riscos para a integração econômica da América do Norte, especialmente na indústria automotiva. O setor depende de cadeias de suprimentos que interligam Canadá, México e EUA. Em 2024, o México representou 42% das importações americanas de peças automotivas, enquanto o Canadá contribuiu com 13%. A produção de veículos exige componentes que atravessam as fronteiras várias vezes, garantindo eficiência e menores custos.

Além disso, as tarifas podem impactar a agricultura. O México fornece 90% dos abacates consumidos nos EUA e exporta diversas frutas e vegetais. Com as restrições à imigração dificultando a mão de obra no setor agrícola americano, muitos produtores já transferiram parte de suas operações para o México.

O editorial concluiu que, se as tarifas forem mantidas, essa pode se tornar uma das guerras comerciais mais prejudiciais da história, trazendo danos tanto para os EUA quanto para seus vizinhos. O jornal sugeriu que Trump pode recuar caso obtenha concessões simbólicas, mas, se a disputa se prolongar, as consequências serão severas para todos.

Enquanto isso, a comunidade internacional observa com preocupação. A China já se manifestou, afirmando que guerras comerciais não têm vencedores e que as medidas unilaterais dos EUA violam as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC). Outros países temem que as ações de Trump possam desencadear uma escalada global, prejudicando a economia mundial.

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